67

77 17 3
                                    

Na noite em que Severus chorou nos braços de Sirius, na mesma noite em que jurou que seria a última vez, ele realmente acreditou que sua vida havia acabado. O desespero por perder Sirius se apoderou dele nos dias seguintes, fazendo-o lançar olhares cautelosos para o homem sempre que ele estava por perto, como se antecipasse sua morte iminente.

Mas, ao que parece, a vida dele não acabou, nem a de Sirius. Logo, Severus se vê mais uma vez enredado na rotina de suas aulas, passando as noites com Sirius e vasculhando pilhas de livros em busca de uma explicação e solução para seu problema.

Eles não falam sobre isso - a possibilidade de Sirius estar vivendo com tempo emprestado é muito crua, muito dolorosa para Severus confrontar, pelo menos enquanto ainda há uma chance de impedi-lo. Tem que haver uma maneira; essa é a conclusão que Severus chega. Ele decide não pensar se isso é uma realidade ou não enquanto eles prosseguem com suas vidas.

Mas pelo menos ajuda que Sirius continue a se comportar como sempre. Mesmo durante aquelas semanas iniciais, sempre que o homem pega Severus com uma pitada de melancolia em seu olhar, ele prontamente intervém para provocá-lo, fazê-lo rir ou cobri-lo com tanto carinho que Severus facilmente esquece seus pensamentos sombrios e começa a ligar para ele. vira-lata, banal e idiota todas as vezes.

Sirius não se importa, no entanto. Ele conhece Severus muito bem, entendendo que não há malícia em suas palavras, e Severus pode ver no brilho dos olhos de Sirius o quanto ele gosta das brincadeiras deles.

Antes que ele perceba, um mês se passou, a neve lá fora derreteu, deixando apenas um frio persistente. E com a mudança das estações vêm as transformações na vida de Severus.

A primeira mudança ocorre logo após o incidente anterior, quando Sirius pergunta se ele deseja dividir os aposentos dentro do castelo. Severus concorda, mesmo que ele faça uma ou duas piadas sobre “não permitir derramamento de pulgas em seus aposentos”, o que provoca um beicinho prolongado de Sirius que ele acha secretamente adorável.

Mas quando eles finalmente dão esse passo, Severus fica surpreso com a facilidade com que ele se adapta a dividir o espaço com Sirius. Eles optam por seu quarto - uma escolha que se mostra sábia, dada sua amplitude, calor e aconchego geral em comparação com a fria masmorra de Severus. Eles realocam seus livros e plantas, e logo a sala se torna uma mistura perfeita de suas personalidades - um lugar onde Severus espera retornar todas as noites.

Severus ainda mantém seu escritório para trabalhar, embora aos poucos limite seu uso às consultas estudantis, à medida que descobre o apelo de dar notas e ler na companhia de Sirius. Suas noites lentamente se transformam em uma rotina: eles sentam, conversam, lêem e dormem abraçados. É comum e familiar, mas, com o tempo, traz de volta uma sensação de esperança à vida de Severus. Sirius parece ser o mesmo, e ele só espera que sua pesquisa conclua em breve uma maneira de curá-lo.

A segunda mudança vem com um pouco mais de tempo. Conforme as semanas passam e sua pesquisa fornece resultados ruins, ele começa a ficar frustrado a ponto de aceitar a ajuda de Lupin e do trio. No começo, ele fica cético — o que eles poderiam encontrar que ele não encontrou? Mas passando mais tempo com eles, ele começa a ver que talvez os tenha julgado com muita severidade. Especialmente Granger.

A garota parece ter gostado dele, e Severus não consegue, nem que a vida o leve, entender o porquê. Ele sempre foi nada menos que horrível com ela, ainda mais do que com Potter. No entanto, lá está ela, falando suavemente com ele, tratando-o com uma reverência que ele sabe que não merece. Juntos, eles leem em um ritmo que surpreende o resto do grupo, e Granger consistentemente joga ideias para Severus. Inicialmente, ele responde com comentários cáusticos e revirar os olhos. No entanto, parece que a garota endureceu contra seu sarcasmo, suportando e persistindo. Eventualmente, suas ideias não o fazem mais estremecer, e ele começa a considerá-las, até mesmo fazendo dela uma participante de suas teorias.

Dança da Vida  ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora