Dança da Vida ( TRADUÇÃO )

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Enquanto Sirius observa Snape sair de seu quarto naquela noite, ele não dorme imediatamente. Embora tenha aulas no dia seguinte, ele se vê às voltas com muitos pensamentos. Não, o sono terá que esperar. Então ele fica ali por um momento antes de ir para o chuveiro, saboreando como a água quente acalma seu corpo dolorido. A noite foi longa e, embora ele reconheça que seu corpo mal curado deveria descansar, ele não consegue fazê-lo. Em vez disso, ele bebe alguns frascos de wiggenweld e convoca um elfo para tomar um café.

Depois de segurar uma caneca fumegante em uma das mãos e um cigarro na outra, ele se senta no assento de pedra ao lado da janela de seu quarto. Esse é o seu ponto de pensamento, sempre foi, mesmo quando era estudante. Ele abre a janela para permitir a entrada de ar fresco no quarto, sentindo uma leve pontada de tristeza com a perspectiva do cheiro remanescente de Snape ser dissipado. Ah bem.

O olhar de Sirius se concentra na lua e na vista serena do terreno, permitindo que sua mente divague. Ele está satisfeito por finalmente ter aliviado um pouco da tensão que vinha experimentando com Snape, embora agora se sinta sobrecarregado. Ele nunca teria imaginado que o homem estaria tão disposto a isso; droga, ele nem tinha pensado que isso poderia acontecer depois da reação de Snape no corredor. Quando o deixou lá, Sirius não previu o reaparecimento do homem, mas uma vaga esperança o fez usar o mapa do Maroto, e ele sabe que seus olhos devem ter se arregalado quando a marca de Snape se moveu na direção de seu escritório. E então, quando o viu assim — faminto e esperando na frente de sua porta — Sirius quase perdeu o controle.

Porque, porra, já fazia muito tempo para ele, e mesmo que o contato com outra pessoa ainda parecesse uma sensação avassaladora, ele ansiava por isso, ele precisava disso. Ele pensou que Snape seria tímido e reservado no início – e ele era, mas parecia que essas características estavam confinadas ao reino da intimidade, não ao espaço entre os lençóis. E Sirius estava bem com isso, pelo menos no momento. Eles estavam se divertindo; ele vislumbrou ainda outra faceta do homem. No entanto, ele não conseguia evitar a percepção de que quanto mais próximo ele ficava, mais desejava de Snape. Uma coisa era inequívoca, algo que ele nunca imaginou que aconteceria: ele se via incapaz de se controlar perto dele ultimamente. Sirius quer pensar que é porque passou quase duas décadas sem tocar em outra pessoa. Ele tenta não pensar que nunca experimentou tais sentimentos com ninguém em sua vizinhança.

Sirius dá uma tragada profunda no cigarro e exala noite adentro. Ele tem plena consciência de que está trilhando um caminho traiçoeiro e sabe que provavelmente não deveria estar fazendo isso. No entanto, parece que cada vez que ele está na presença de Snape, todo o resto desaparece, e ele continua mergulhando mais fundo com nada mais do que um olhar daqueles olhos. Caramba.

Depois de tomar um gole de café, ele coloca a caneca no chão e esfrega o rosto com a mão. Apesar dos acontecimentos daquela noite, uma sensação de desconforto persiste, e não apenas devido às suas emoções confusas. Sentir o cheiro de Greyback na floresta causou um arrepio na espinha. Ele acreditava que após a vitória na guerra, as preocupações com os Comensais da Morte e criaturas como aquela fera se dissipariam. Ele realmente pensava assim, mas a vida parece determinada a provar que ele estava errado.

Ele sabe que o lobisomem não conseguirá se infiltrar em Hogwarts. O castelo está mais seguro do que nunca, graças aos esforços vigilantes de McGonagall, e por isso ele está grato. Por mais que desprezasse Azkaban, ele ficou extremamente chateado quando soube que Kingsley havia banido os dementadores. Mesmo que tivesse sofrido por causa deles, ele conhecia o tipo de feras que viviam dentro daquelas paredes. Ele sabia que para lutar contra monstros, às vezes é necessário usar monstros. E ele estava certo.

Ele geme. Kingsley e sua misericórdia. Ele se pergunta por que não houve nenhuma informação sobre o jailbreak, se é que realmente ocorreu. Ele poderia ter imaginado o cheiro? Mas não, não poderia ser. Eles devem estar com medo de causar pânico, e Sirius não pode culpá-los por isso. A guerra terminou há menos de um ano, as pessoas ainda estão tentando reconstruir suas vidas destruídas, e ter Comensais da Morte à solta inevitavelmente provocaria histeria em massa. Ainda assim, Sirius se pergunta. Quando ele questionou Snape na floresta, o homem parecia cauteloso, deixando Sirius com a suspeita de que o homem sabia de alguma coisa. Ele não sabe como se sente sobre isso também.