82

30 7 0
                                    

Abril chega antes que Severus possa compreender completamente a noção de que Sirius pode já estar vivendo em tempo emprestado, como ele temia meses atrás. O sangue de unicórnio parece estar mantendo os episódios sob controle por enquanto, e Sirius se comporta como sempre e parece estar com uma saúde surpreendentemente boa.

McGonagall implora para que eles façam uma pausa, para se concentrarem em si mesmos e em sua recuperação, mas eles teimosamente recusaram. Severus não suporta a ideia de ter apenas o problema de Sirius pela frente, sabendo que isso o deixará louco; Sirius, por outro lado, argumenta com a diretora que ele não ficará enjaulado, descansando e apodrecendo. Ele quer viver sua vida até o último minuto, e isso inclui trabalhar e não se estressar com o relógio que faz cócegas sobre sua cabeça.

Após essa conversa, eles não falam mais sobre o assunto, um entendimento silencioso caindo entre eles. Inicialmente, eles exploram teorias e pesquisas juntos, mas logo fica claro que o assunto apenas lança uma tristeza sobre ambos, não oferecendo resultados tangíveis ou construtivos. Severus se vê sobrecarregado pela falta de resultados e sobrecarregado pela preocupação, enquanto Sirius, assombrado por James e seu encontro do outro lado, não consegue tirar as palavras ameaçadoras de seu amigo de sua mente.

Conforme o tempo passa, o tópico desaparece das discussões, e Severus mantém suas teorias e pesquisas principalmente para si mesmo. Sabendo da impaciência de Sirius com poções e sua falta de entusiasmo pelas Artes das Trevas, Severus reconhece que, se alguém pode descobrir algo, é ele mesmo.

Severus está bem ciente de que ainda há tempo e, mesmo que apenas por uma questão de autopreservação, ele inicialmente se abstém de insistir incessantemente no assunto — embora isso prove ser de curta duração. Severus não é de deixar pensamentos adormecidos; sua mente analítica fica cada vez mais frustrada, coçando por resolução. Ele sente uma necessidade urgente de identificar o elemento que falta, de compreender precisamente onde o processo deu errado.

Acima de tudo, ele se preocupa. Como não poderia? Saber que eventualmente o dano à alma de Sirius ressurgirá pesa sobre ele, e o peito de Severus se contrai a cada dia, sua mente captando comportamentos sutis, imaginando se o processo está começando de novo... Uma pausa ligeiramente prolongada na fala de Sirius, uma dor de cabeça repentina, uma fadiga perceptível após um longo dia... Ele sabe que não pode continuar assim, neste estado de vigilância, e mais do que nunca, ele percebe a urgência de encontrar uma solução o mais rápido possível.

Ele passa muito tempo pesquisando, tentando recriar a poção inicial, e logo chega à conclusão de que não houve erro no processo, pelo menos que ele possa observar. Ele acha que ainda está esquecendo de algo, e logo, frasco após frasco da mesma mistura pútrida se acumula em seu escritório, tudo preservado por um feitiço de estase. Ainda é sua única pista, e o preocupa que esteja esquecendo de algo. Relutantemente, ele até pensa em buscar a opinião de Slughorn, apesar de sua aversão à ideia.

Há também a questão de Helga, uma questão que ele ainda não encontrou tempo para discutir com Sirius. Parece que a mulher, possivelmente por ordem de McGonagall, parou de fofocar e, com o passar dos dias, Severus se vê gradualmente perdendo a inclinação de falar sobre isso com Sirius. Enquanto Helga mantiver distância, ele considera isso uma fonte desnecessária de estresse para sua amante. Por enquanto, ele decide discretamente ficar de olho nela.

Então, no final, Severus faz o que sempre faz, o que aprendeu a fazer durante toda a vida: ele compartimentaliza. Ele cuidadosamente segrega e oculta esses pensamentos, guardando-os na pequena parte do cérebro onde sabe que não podem machucá-lo. É a única maneira de lidar com isso, tentar viver com uma normalidade com Sirius que ele anseia depois de tanta merda acontecendo ao redor deles.

Dança da Vida  ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora