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Sirius... volte.

Sirius acorda abruptamente, encharcado de suor frio, segurando sua camiseta com uma das mãos enquanto respira com dificuldade. Outra porra de sonho... ele pensa, balançando a cabeça e afastando o cabelo rebelde do rosto. Seu olhar vagueia pela sala até travar no relógio.

São 4 da manhã, o que significa que Sirius conseguiu dormir por duas horas inteiras, um novo recorde pessoal. Ele xinga internamente, ele se sente uma bagunça. Ele sabe que lidou muito mal com a situação com Severus; ele viu isso na maneira como Severus reagiu, na maneira como seu olhar baixou e seu corpo pareceu desmoronar. Ele está plenamente consciente de que machucou o homem, mesmo que Severus nunca admitisse isso abertamente. Sirius sabe melhor agora; ele sabe que Severus se importa e deveria muito bem ter ficado com ele.

Mas, ao mesmo tempo, Sirius se sentiu magoado por mais uma informação escondida dele, especialmente uma que colocava Harry em perigo potencial. Merlin, ele disse ao garoto que não precisava se preocupar, e agora acontece que é claro que ele precisa se preocupar. O destino ou qualquer outra força cósmica parecia decidido a negar àquele jovem de dezessete anos uma vida adolescente normal.

Sirius pega seu maço de cigarros, acendendo um com um movimento dos dedos. A sala ganha vida brevemente enquanto a chama lança sombras dançantes nas paredes. Ele não poderia se importar menos com o quão desequilibrado ele deve parecer agora, fumando às quatro da manhã em seu quarto solitário.

Levantando-se, ele se aproxima da janela, abrindo-a para deixar a garoa acariciar seu rosto enquanto se senta no parapeito. Pelo menos, enquanto o garoto estiver na escola, ele estará seguro. E assim que eles forem para Londres, Sirius não vai perder Harry de vista.

O que mais preocupa Sirius, apesar de tudo, é Severus. O homem havia dito com tanta calma que era o principal alvo daqueles desgraçados, mesmo sem piscar. O que é pior, isso nem surpreende Sirius. Severus sempre se coloca em último lugar, pouco se importando com seu próprio bem-estar, assim como fez durante a guerra. Sirius não suporta pensar em como isso terminou.

Ele está sendo excessivamente paranóico? Parecia, mais uma vez, que Severus não tinha escrúpulos quanto à perspectiva de enfrentar a morte novamente. A ideia enche Sirius de uma sensação avassaladora de pavor.

Não me sinto tão perdido como antes, desde então...

Ele disse isso quando Sirius perguntou a ele. Ele quis dizer que não se sentia tão perdido, já que eles estavam meio que juntos? Sirius esperava que sim. Ele queria ajudar Severus tanto quanto pudesse; ele precisava protegê-lo, ou Padfoot enlouqueceria dentro dele.

Ele se pergunta se Severus ainda estaria acordado, embora duvide muito disso. Por um momento fugaz, ele fica tentado a acordá-lo, a envolver seu corpo em torno de Severus e nunca mais deixá-lo ir. Mas ele sabe que não deveria. Ele entende que tomou a decisão de se afastar e deixar Severus durante a noite, e deve cumpri-la.

Porém, Sirius percebe que é hora de confrontar a verdade, de ter uma conversa aberta e honesta com Severus. Ele não consegue continuar fugindo de seus sentimentos, não consegue continuar escondendo-os. Por isso ele resolve que amanhã, depois do baile, levará Severus para seu quarto e finalmente confessará.

Com um suspiro determinado, Sirius apaga o cigarro e fecha a janela. A sala retorna ao seu estado mal iluminado, mas há uma nova determinação nele. Ele enfrentará a manhã, e tudo o que ela trouxer, com um senso de propósito mais claro.

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Apesar de suas resoluções noturnas, quando a manhã finalmente chega, Sirius acorda de mau humor. Ele mal dormiu e teve uma discussão acalorada com Severus no dia anterior (bem, você poderia considerar isso uma discussão, certo?). O castelo está fervilhando de alunos superexcitados, suas risadas e nervosismo por causa do baile e do último dia de aula antes das férias enchendo o ar.

Dança da Vida  ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora