61

83 23 1
                                    

Sirius observa Severus desaparecer com o coração pesado, sua ansiedade se intensificando no momento em que o homem desaparece no ar junto com Monstro. Ele solta um suspiro trêmulo e cai de volta na cama, pegando seus cigarros e acendendo outro. Que pessoa saudável ele está se tornando, mas na ausência de outros confortos, o tabaco é um consolo menor.

Mas ele se sente abalado, abalado como não se sentia há anos. A dor de Severus deixou uma ferida em seu peito, que ele só será capaz de curar quando o homem estiver de volta à segurança de Hogwarts, onde poderá ficar de guarda e garantir que nada aconteça com ele.

Merlin, caramba, um cruzamento de dementadores e letifolds. Sirius não consegue pensar em pior cenário do que esse, se é isso que está acontecendo. Ele pragueja repetidas vezes, a nicotina não consegue acalmar o que parece ser o início de um ataque de pânico.

Enquanto Severus ainda estava na sala, ele sentiu isso no momento em que os nomes da criatura saíram de seus lábios, mas forçou seus sentimentos de lado até ficar sozinho. Severus já tem o suficiente para lidar sem lidar com seu próprio trauma de Azkaban, e ele não poderia sobrecarregá-lo com isso agora.

O cigarro escorrega de seus dedos trêmulos e cai no chão com um leve chiado. Sirius se levanta com dificuldade, suas pernas instáveis enquanto ele caminha para o banheiro, seu peito arfando rapidamente. Ele chega à pia com um aperto desesperado, olhando para seu próprio reflexo com uma mistura de medo e descrença. O rosto que o encara está mais pálido do que ele jamais viu, seus olhos fundos e vazios. Uma secura se espalha por sua boca e um arrepio percorre sua espinha enquanto o mundo parece se confundir ao seu redor.

“C-Merda…” ele engasga, mal conseguindo abrir a torneira e jogar água fria no rosto repetidamente. Então ele ouve um sussurro fraco, mas inconfundível.

Sírius…

Ele se vira rapidamente, com os olhos arregalados, mas é tarde demais. O mundo começa a desaparecer, sua visão se estreita e ele sente que está caindo. Ele ouve o baque suave quando seu corpo atinge o chão do banheiro, mas não há dor, apenas uma dormência avassaladora.

Desesperado para gritar, ele tenta abrir a boca, mas seus músculos não respondem. Ele fica deitado no chão frio de ladrilhos, indefeso, com o olhar fixo no teto enquanto sua consciência se esvai, deixando-o nas garras de uma escuridão desconhecida.

___

"… ALMOFADAS!” uma voz exclama, mas Sirius está cansado demais para abrir os olhos.

Ele conhece a voz? Ele pensa que sim, mas tudo o que consegue ouvir é um zumbido incessante nos ouvidos. Ele consegue soltar um grunhido, mas seu corpo parece chumbo, recusando-se a obedecer aos seus comandos.

“… encontrei ele assim, Minerva… a chave de portal.”

Sirius conhece a voz, ele a conhece, mas sua mente está muito confusa, muito desorientada para compreender toda a conversa. Há movimento ao seu redor e ele tem a sensação de ser carregado, como se seu corpo estivesse agindo de forma independente.

Então, a escuridão desce mais uma vez e ele se rende a ela. Ele vê flashes fragmentados diante de seus olhos fechados – o Véu, a neblina e, finalmente, um mundo cinza banhado por uma luz desconfortável e ofuscante. Ainda deitado no chão, ele pisca algumas vezes, tentando se levantar e entender o que está ao seu redor, mas suas pernas parecem pesadas.

Ele dá alguns passos instáveis para frente... mas não há para onde ir, ele não consegue ver, não consegue sentir nada. Ele tenta gritar, mas nenhum som sai de sua garganta.

De repente, um barulho quebra o silêncio e um par de mãos familiares agarra seus ombros.

“… Pads, você deve ir. Você não pode ficar aqui,” Sirius ouve, o zumbido em seus ouvidos persiste mesmo neste mundo estranho. Ele se pergunta se finalmente morreu. Ele tem que fazer isso, porque está dolorosamente consciente da voz e das mãos que o seguram.

Dança da Vida  ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora