17

211 37 0
                                    

Os dois homens se encaram, com a respiração presa, os olhares se travando. Severus finalmente suspira, inclinando a cabeça enquanto contempla. O primeiro instinto é perguntar a Black o que diabos ele está fazendo ali, por que está sempre perto dele. Mas então clica; claro, o idiota estaria aqui. Ambos perderam seus amigos mais próximos naquela noite, e pelo menos uma sensação de alívio toma conta dele por Lupin não o estar acompanhando.

É uma visão estranha, dois bruxos parados em silêncio no meio de um pequeno cemitério trouxa ao amanhecer. Dois homens com tanta história, dois homens que apesar de tudo começam a trilhar um caminho que nenhum dos dois imaginava que seguiriam. Ao perceber, Severus finalmente relaxa, deixando a tensão escapar de seu corpo.

Mas é claro que é Black quem quebra o silêncio.

“Severus,” ele arrisca, dando alguns passos hesitantes à frente. Apertado em suas mãos, Severus pensa por um momento que é uma escolha estranha partir para Potter.

"Black," Snape murmura, então, após uma breve pausa, dá um passo para o lado, oferecendo a Black espaço para se aproximar da lápide.

Enquanto Sirius caminha ao lado dele, ele hesita momentaneamente. "Você precisa…?" ele pergunta com cautela.

Severus entende imediatamente, balançando a cabeça. “Não há necessidade, por favor, vá em frente”, diz ele. Ele já prestou seus respeitos e não tem mais nada a dizer.

Sirius acena com a cabeça, uma incerteza fugaz aparecendo em suas feições. "Você vai esperar?" ele sussurra.

Severus pondera brevemente, então acena com um leve empurrão. “Sim, não tenha pressa”, ele finalmente responde.

Black consegue dar um sorriso contido, continuando sua jornada em direção à lápide. Severus observa seu progresso, exalando suavemente. A habitual agilidade em seus passos e comportamento autoconfiante de Sirius parecem estranhamente ausentes, e por alguma razão dói em Severus ver isso. Ele não quer bisbilhotar, então mantém uma distância respeitosa enquanto observa Black colocando o buquê ao lado daquele que ele deixou antes.

Infelizmente, Black não é do tipo que esconde suas emoções ou cala a voz, então Severus ainda é capaz de ouvir o que o homem está dizendo e morde o lábio. Ele deveria esperar no portão? Não, seria estranho partir agora.

“Ei, Jamie…” ele ouve Black dizer, e quase consegue ver o sorriso em seu rosto. “Já faz um tempo... Porra, dezessete anos. Eu sei, deveria ter vindo mais cedo, mas a vida me deu uma merda. Espero que você não se importe"

Severus fecha os olhos e cruza os braços, seus pés traçando padrões nas folhas frescas sob seus pés. Black está falando com o túmulo exatamente como se Potter ainda estivesse na frente dele, e não enterrado dois metros abaixo da terra.

“Espero que você esteja bem, cara, tendo uma ótima vida após a morte com Lily… vocês dois merecem. Porra, há momentos em que eu gostaria de estar ao seu lado...” Sirius acrescenta com uma risada, fazendo Severus reprimir qualquer suspiro audível.

Então, um som arrastado chega aos seus ouvidos. Seus olhos se abrem, revelando Black agora ajoelhado diante do túmulo, as palmas das mãos contra a pedra, a testa pressionada contra a superfície fria. “Sinto muito, sinto muito...” o homem continua repetindo, e nesse ponto Severus percebe que Black começou a chorar. “Eu cuidarei de Harry... Ele se tornou um ótimo rapaz; vocês dois ficariam muito orgulhosos"

Um gosto amargo sobe na garganta de Snape, e ele se vira, incapaz de testemunhar por mais tempo. Maldito seja, ele não tinha sido tão dominado pelas emoções quando estava sozinho, mas observar a dor crua na voz de Black agora o atormentava. Porra. Foda-se, foda-se e mil vezes foda-se.

Dança da Vida  ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora