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Severus praticamente corre pelo corredor, evitando por pouco colidir com alguns alunos no caminho. Seu coração parece um peso de chumbo, sobrecarregado não apenas pela conversa iminente com McGonagall, mas também pelo complexo emaranhado de emoções que foram despertadas entre ele e Sirius.

Ao chegar ao corredor do lado de fora do escritório do diretor, ele para abruptamente, com a respiração entrecortada. Encostado em uma das paredes, ele fecha os olhos, colocando a mão sobre o peito e agarrando a própria capa. Por que aquele idiota não conseguia entender que o estava afastando para protegê-lo? Por que ele não conseguia ver que estava sofrendo cada vez que o rejeitava?

Ele solta outro suspiro, depois inspira profundamente pelo nariz e se concentra em ocluir sua mente, enterrando à força suas emoções por enquanto. Ele sabe que precisa ter a cabeça limpa para falar com McGonagall; ele não pode se dar ao luxo de parecer a bagunça sentimental que é no momento.

Depois de ouvir a informação de Malfoy, ele pretendia ir para a floresta sozinho, caçando aqueles bastardos e resolvendo o problema com suas próprias mãos. Mas agora, ele revelou mais uma vez suas vulnerabilidades a Sirius, e teve que envolvê-lo mais uma vez. Porra, ele tinha esquecido como o amor poderia enfraquecer a determinação de alguém. Depois de uma última inspiração profunda de ar, ele endireita os ombros e sobe a escada em espiral mais uma vez.

Minerva está sentada à mesa; a decoração da sala mudou desde que ela assumiu o cargo de diretora, e Severus fica muito feliz com isso. Ele tem lembranças ruins o suficiente, sem se lembrar do homem que matou toda vez que visita aquele escritório.

"Severus," ela começa abruptamente, deixando sua pena de lado. “Peço desculpas por convocar você tão de repente, mas…”

"Está tudo bem," Severus admite, dando um passo à frente até ficar diante da mesa dela. “Suponho que você queria falar sobre o artigo sobre o Profeta Diário”, afirma ele, com os dentes cerrados.

"Infelizmente, sim," Minerva responde, seus olhos olhando para ele com uma pena que enoja Severus profundamente. “Isso não vai agradar aos pais, infelizmente. A situação já era bastante desafiadora antes, e agora com sua visita a Azkaban e a cobertura de Rita Skeeter…” ela diz com total desdém. “Devemos resolver esta situação, Severus, antes que o Ministério tome medidas.”

Severus morde o próprio lábio. “Eu entendo”, ele murmura, sua expressão resignada.

“Com as férias de Natal se aproximando, acredito que será seguro para você permanecer aqui até então”, continua Minerva, remexendo em seus papéis até recuperar uma carta, que entrega a Severus. “Isso chegou na semana passada. Por favor, leia"

Severus pega o pergaminho e lê rapidamente seu conteúdo, com a boca ligeiramente aberta. “Uma posição em Durmstrang?” ele murmura incrédulo.

“Você consideraria isso? Isso tiraria você dos holofotes imediatos por um tempo”, explica Minerva e mesmo que ela consiga manter uma atitude calma, Severus pode ver algo em sua expressão.

“Esta é a sua maneira sutil de se livrar de mim, diretora?” Severus não consegue reprimir um sorriso de escárnio, seu mecanismo de defesa entra em ação quando confrontado com situações desafiadoras.

“Severus,” ela responde, um pouco escandalizada, sua voz ficando mais alta. “Eu esperava que agora você me reconhecesse como um aliado. Estou apenas sugerindo isso como um meio de proteger você.”

Severus abaixa o pergaminho, sentindo uma pontada de desconforto e culpa ao ver a expressão no rosto de Minerva. Ele engole em seco antes de assentir lentamente. “Há assuntos que devo tratar aqui”, admite, depois decide revelar pelo menos parte da informação. Afinal, se ele já contou a Black, não há razão para não compartilhar com ela também.

Assim que ele termina de explicar, Minerva contempla suas palavras por um momento, os dedos entrelaçados na mesa. “Então, você e Black estão planejando se aventurar na floresta para caçar esses caçadores furtivos e Comensais da Morte sozinhos? Você compreende totalmente o perigo nisso? Eu poderia acompanhá-lo, e talvez até mesmo Flitwick e Lupin..."

“Não,” Severus afirma resolutamente. “Como você propõe explicar o desaparecimento de metade do pessoal de Hogwarts em uma caçada na Floresta Negra? Quanto menos pessoas envolvidas, melhor. Irei com Black apenas para observá-los, vou convencê-lo a não agir. Obteremos informações suficientes e então... talvez possamos compartilhar as informações com o Ministério.”

Minerva parece deliberar por um longo momento, seu cansaço é evidente nas linhas repentinas gravadas em seu rosto. “Não posso acreditar que estou concedendo permissão a vocês dois para isso”, ela comenta com cautela.

“Acredite em mim, é o único jeito agora,” Severus diz com firmeza.

"Confio no seu julgamento, Severus, mas devo admitir que não gosto de nada disso", ela retruca, lançando um olhar observador para Severus.

Um silêncio se segue antes de Severus inclinar ligeiramente a cabeça. "Mais alguma coisa?"

Minerva parece sair de sua contemplação, reajustando-se rapidamente em sua cadeira. "Não... Apenas Severus, você está bem?" ela pergunta, seu tom cuidadosamente medido.

Tudo bem por dentro, ele pensa sombriamente, mas apenas oferece um aceno brusco. “Estou bem”, ele diz secamente. “Vou fornecer atualizações em breve, diretora”, acrescenta ele enquanto se vira para partir.

Os olhos de Minerva permanecem fixos nele até chegar à porta. “Severus, por favor, leve Durmstrang em consideração...”

"Eu irei," Severus interrompe, sua mão apoiada na maçaneta. Com um aceno final, ele sai da sala.

Conforme Severus caminha pelo corredor, uma sensação de calma começa a envolvê-lo, mas ao mesmo tempo ele se sente mais vazio do que antes. Ele esperava uma discussão como essa, era natural que os pais não quisessem um Comensal da Morte como ele ensinando seus filhos. Ele ficou surpreso por isso não ter acontecido antes, ou se aconteceu, por que Minerva nunca fez nada a respeito. É por isso que ele não previu o comportamento compreensivo de Minerva ou sua oferta de transferi-lo para outra instituição. Se ele pensasse bem, era um plano brilhante.

A ideia de partir, de começar de novo em Durmstrang, é ao mesmo tempo tentadora e assustadora. Ele poderia escapar dos olhos críticos da sociedade bruxa britânica, dos sussurros e olhares que o seguiam por toda parte. Ele poderia encontrar consolo em um lugar que tivesse uma história menos contaminada, onde pudesse se concentrar em seu trabalho sem as constantes lembranças de seu passado.

E quanto a Sírius? A voz em sua cabeça o lembra, passando furtivamente por sua mente obstruída e atingindo-o no peito como um martelo. Sair do país significaria deixar Black para trás. E ele não tinha certeza se estava pronto para isso.

Ele para em um corredor deserto, encostado na fria parede de pedra, com a mente em tumulto. O tempo permanece do seu lado. McGonagall afirmou que os acontecimentos não acontecerão até depois do Natal e, independentemente disso, ele ainda precisava ir para a floresta em busca de respostas, em busca dos Comensais da Morte… ao lado de Sirius. Talvez aquela viagem dissipasse algumas de suas dúvidas, ou talvez as confundisse. Por enquanto, Severus fecha os olhos e respira fundo.

Dança da Vida  ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora