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       POV Freen


Pego a primeira coisa que vejo do meu quarto e arremesso com força no espelho, o mesmo apenas trinca, então percebi que tinha arremessado um caderno de anotações, suspiro frustrada. Nem para quebrar um espelho eu presto, vou para o closet onde tem as minhas roupas, eu já tinha me vestido para esse jantar, estou usando um vestido básico e de cor creme. Me agacho em frente a uma gaveta e a abro, vendo a minha coleção de laços de cabeça, suspiro, lembro-me quando usava todos os dias e fazia coleções. Sinto um gosto amargo na boca, Seng tinha me pedido para parar de usar isso porque achava infantil.

Imediatamente me afasto daquela gaveta, não suportando as lembranças, saio do meu quarto sem olhar para trás e desço as escadas para o andar de baixo. Foi uma loucura hoje quando o meu pai jogou o jornal na mesa no café da manha, meus pais piraram quando souberam que eu quase me suicidei. Tivemos uma longa conversa, onde eu tentei amenizar o clima, o que foi em vão, mas seguimos em frente. Agora estou aqui na sala encarando os meus pais.

- Você está linda, mana – Maya sorriu elegantemente para mim.

- Você também, princesinha – agito seus cabelos só para ouvir seu resmungo – Papai, a janta está pronta?

- Sim, só falta a Rebecca chegar – ele respondeu se acomodando no sofá.

- O que acha de abrirmos um vinho? – minha mãe sugeriu.

- Nem pensar , Ninel – meu pai prontamente negou – Freen não pode tomar por conta dos remédios fortes.

- Ei, pode parando – protesto – Vocês não podem parar de beber só por minha causa, eu vou ficar bem com o meu suco natural.

- Não filha, você vai ficar com vontade – minha mãe disse parecendo arrependida por ter pensado no vinho.

- Não vou ficar com vontade, me acostumei com essa vida...infeliz – completei bem baixinho no final só para eu ouvir.

- Acho que ela chegou, olha o barulho de carro – minha irmã chama por nossa atenção.

- Abra a porta, querida – meu pai pede a mim, vou até a porta e abro vendo um lindo carro parado em frente de casa – Céus, esse carro é magnifico.

Vi minha mãe revirando os olhos sabendo que se deixar, o meu pai fica falando o dia inteiro sobre carros. Maya prontamente ficou tímida e se encolheu nos braços de mamãe, fiquei em pé a espera de Rebecca, que saia sem pressa alguma do carro. Ela andou despreocupadamente em minha direção, um sorriso brincava em seus lábios. Rebecca está usando uma calça preta apertada, uma blusa xadrez preta e branca, e coturnos nos pés.

- Boa noite – ela agachou levemente a cabeça para aplicar um beijo em minha bochecha e depois olhou para meus pais – Olá.

- Seja bem vinda, Rebecca – minha mãe desejou amigavelmente.

- Obrigada, senhora Chankimha.

- Sem formalidades – minha mãe riu – Me chame apenas de Ninel.

- Certo – a morena acenou – Como você está, Freen?

- Estou bem e você? – retribuo a pergunta, achei fofo a sua preocupação.

- Estou muito bem, obrigada – rimos de nossa conversa boba – E essa gatinha ai? Estou vendo uma linda princesa.

- De um oi para a Rebecca, filha – meu pai instiga minha irmã.

- Oi Rebecca – Maya cora furiosamente.

- Hey coisinha fofa – Rebecca se agacha em sua frente e beija sua testa – Você é muito linda.

- Obrigada, seus olhos são tão verdinhos – timidamente, levou as suas mãos para o rosto da morena – Sua pele é macia.

- A sua é mais –  disse divertida.

- Ei Armstrong – meu pai a chama – Seu carro é muito lindo.

- Gostou do meu Impala? – ela sorriu abertamente – Amo aquele carro de paixão.

- É clássico!

- Carros clássicos são meu ponto fraco –  riu baixinho.

- Vamos logo jantar – minha mãe nos chama, sabia que ela ficou entediada pela conversa.

Prontamente a Rebecca a seguiu, assim que chegamos na cozinha, papai tratou de colocar tudo na mesa e finalmente nos sentamos. Meu pai fez camarão na moranga, o que está realmente muito bom e estou me deliciando, um fato sobre mim, amo comer. Maya teve algumas dificuldades com a comida, porém a ajudei cortando em pedaços pequenos, reparei que a Rebecca me olhava. Ergo o meu olhar para encontrar com o seu, a mesma morde o lábio e abaixa a cabeça. Eu estou louca ou ela fez uma cara de...safada?

- O que está achando da comida? – minha mãe perguntou para a convidada.

- Uma delicia – Rebecca ergueu novamente os olhares – Vocês estão de parabéns.

- Quis caprichar em forma de agradecimento – meu pai largou os talheres – Freen nesses últimos meses passou por um momento difícil e isso é preocupante, já tentamos psicólogos...

- Pai! – o repreendo.

- O quê? Estou sendo sincero –  deu um rápido olhar para mim, mas voltou para a Rebecca – Freen desistiu no primeiro mês de ir para o psicólogo, não a forçamos, porém ela necessita voltar.

- Não, eu não preciso – nego ficando enjoada daquela conversa – Eu estou bem.

- Você não está querida – minha mãe me olhou com ternura.

- Estou sim, aquilo só foi uma recaída.

- Quanto tempo vai demorar para você ter outra? – meu pai me lançou um olhar sério – Você não está bem e precisa de tratamentos.

- Vai fazer o quê? Me internar? – cuspo as palavras.

- De jeito nenhum!

- Parem de brigar – minha irmã pede fazendo carinha triste.

- Gente, eu acho que esse não é momento para se falar nisso – Rebecca se intrometeu – Freen não me deve satisfação nada, não precisam me contar isso, e outra, eu apenas a salvei, ela não tem obrigação.

- Obrigada – sussurro só para ela ouvir.

- Certo – meu pai apenas acenou.

- Me desculpa se eu fui rude, eu só não queria que ficasse um clima ruim entre vocês –  suplicou por desculpas – Vocês são famílias e não deveriam brigar dessa forma.

Meus pais pareceram concordar com a cowgirl, suspirei sentindo o meu estômago cheio, aquela conversa acabou com o meu jantar. Todos ficaram em silêncio, mas não por muito tempo, já que a minha mãe resolveu puxar assunto com a morena, minha irmã ficou mais tranquila ao saber que não brigávamos mais. Depois do jantar, vi Rebecca olhando para o seu celular.

- Algum compromisso? – indaguei preocupada.

- Não, só conferi as horas –  levantou sua cabeça para me olhar.

- Quer fazer algo?

- Ahn...pode ser –  sorriu presunçosa – O que quer fazer?

- Que tal vermos algum filme? – sugiro – No meu quarto tem uma enorme TV.

- Apoio –  balançou a cabeça – Que tal terror?

- Mas nem a pau – arregalo os olhos – Tenho medo.

- Comédia?

- Gostaria de um romance, porém não rola – faço careta, romance é muito sentimental para mim e eu poderia ter uma crise – Uma comédia pode ser?

- Comédia é bem vinda – ela riu.

- Eu também quero – minha irmã logo se animou.





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O primeiro passo para se curar de uma depressão, é aceitar ajuda, e Freen precisa aceitar, será que Becky vai ajudar!? 

Tell Me You Love Me { FreenBecky }Onde histórias criam vida. Descubra agora