Capítulo 170 - Decisão

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Segunda-feira, 17 de Junho de 2024

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Segunda-feira, 17 de Junho de 2024

O jogo do último sábado marcou a estreia da Seleção na Eurocopa contra a Croácia. A Espanha ganhou, e posso dizer que apesar de tudo o que está acontecendo, eu consegui esquecer por um breve momento. Decidi levar os gêmeos para o jogo e foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado.

Ver o Pedri feliz, realizando seu sonho de estar jogando com a Seleção depois de uma temporada tão conturbada, fez com que meu coração acalmasse e lembrasse que independente do que esteja acontecendo, eu ainda tenho a minha família, e isso, nem ninguém, muito menos o Marvin, pode tirar de mim.

Por um breve momento, no meio daquela multidão, com os gêmeos em meus braços e Pedri em campo, tudo parecia se encaixar. O barulho ensurdecedor do estádio, as cores vibrantes, os gritos de comemoração... Foi como um respiro em meio ao caos que minha mente vinha enfrentando. Ver Pedri realizando seu sonho, depois de tanta luta, me deu uma sensação de paz que eu não sentia há dias. Tudo parecia mais claro. Minha família estava ali, intacta, e, por mais que Marvin ainda assombrasse meus pensamentos, ele não podia roubar isso de mim.

Mas agora, de volta à realidade, aquela tranquilidade fugaz se dissipava. O que eu deveria fazer? Enfrentar Marvin significaria abrir feridas que eu havia tentado costurar por tanto tempo. As palavras de Maya ecoavam na minha mente: "Você é mais forte do que pensa, Mia." Mas será que essa força era suficiente para encarar um passado tão sombrio?

Parte de mim sabia que, se eu decidisse vê-lo, não seria apenas por mim. Seria pelos gêmeos, por Pedri, pela vida que eu estava tentando construir. Eu não queria mais viver com o fantasma de Marvin rondando cada escolha, cada passo que eu dava. Mas havia medo. Um medo visceral, que me dizia que uma simples conversa com ele poderia destruir o pouco de paz que eu tinha conquistado.

E se eu não fosse? Se eu simplesmente ignorasse a situação e deixasse Marvin lá, em uma prisão, onde ele não poderia me alcançar? Seria o caminho mais fácil, com certeza. Mas será que isso me daria o fechamento que eu tanto precisava? Ou ficaria para sempre me perguntando se eu deveria ter enfrentado ele, ter dito tudo o que ficou preso em mim por tanto tempo? A dor, o medo, a raiva... Tudo isso ainda me consumia, mesmo que eu tentasse esconder. Eu sabia que, se eu não lidasse com isso agora, o fantasma de Marvin continuaria me assombrando, um peso silencioso que eu carregaria para sempre.

Olhei para os gêmeos, dormindo serenamente nos berços ao lado. Eles eram minha força, minha razão para continuar lutando. Tudo o que eu fazia agora era por eles. E por Pedri. Eu não podia deixar Marvin estragar isso, não podia permitir que ele voltasse a ter poder sobre minha vida. Mas, ao mesmo tempo, o simples pensamento de vê-lo, de olhar nos olhos de quem quase destruiu tudo, me paralisava.

O dia 19 de novembro sempre foi uma data carregada de escuridão para mim. É impossível esquecê-la, e toda vez que ela se aproxima, sinto o peso acumulado de todas as coisas terríveis que aconteceram nesse dia ao longo dos anos. O primeiro acontecimento foi em 2021, quando quase morremos pelas mãos de Marvin — ou melhor, Martin, como ele era conhecido antes de seu transtorno dissociativo de identidade se manifestar de forma tão evidente e destrutiva. Ele sempre teve algo de peculiar, uma estranheza que era difícil de definir. Era formado em astronomia, mas sua obsessão não se limitava ao estudo das estrelas. Martin se envolveu profundamente em teorias que misturavam astrologia, astronomia e uma fixação doentia pelos elementos da Terra.

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