Pov'Meredith.
- próximo item, lance inicial de 400 mil dólares... Um lindo Impala azul....
As plaquinhas começaram a subir, eu não tinha grana para comprar um carro daqueles, mas meu trabalho era achar esses itens para quem poderia pagar, eu gostava do meu trabalho, estava sempre cercada de gente rica, ia em festas maravilhosas, conheciam gente interessante e ainda era paga para isso, com um pouco de sorte acabaria conhecendo a pessoa certa, no caso o homem certo, tudo que eu precisava era a oportunidade perfeita para garantir minha vida.
Levantei minha plaquinha colocando mais 30 mil no lance que já estava em 510 mil. Meu cliente queria aquele carro, e não tinha problemas com o valor a ser pago, pena que o cara era velho e feio, eu não gostava particularmente de homens mais velhos, não TÃO meu limite era cinquenta, talvez cinquenta e cinco dependendo do cuidado consigo e todos os dentes na boca, e com uma aparência minimamente aceitável, na verdade meu principal pré requisito era que ele pagasse a conta toda sem achar que tá te fazendo um favor, odiava homens que se achavam alguma coisa só porque pagavam a conta do pior restaurante da cidade.
Levantei minha placa outra vez, e mais duas, o cara a minha direita levantou a sua outra vez, comecei a me afastar de lado até estar perto o suficiente, não conseguia ver bem o rosto dele, mas parecia bonito, tentei manter meus ouvidos bem abertos para não perder os lances.
- poderia parar de dar lances? - pedi educadamente, já funcionou algumas vezes, estávamos apenas nos dois levantando as plaquinhas, o lance já estava em 690 mil.
- sinto muito, mas não - ele me encarou, era bonito, na verdade "bonito" era quase uma ofensa.
- 700 mil? - ouvimos o leiloeiro.
- 700 mil - o cara levantou sua plaquinha.
- 720 mil?
Levantei a minha.
- eu preciso desse carro - falei seria.
- eu também.... É meu aniversário - ele me encarou pela primeira vez, o cara era tipo um deus grego usando um terno caro, alto, ombros largos, mesmo com toda aquelas roupas dava pra notar seus músculos, barba bem arrumada, cabelo crescido, mas não parecia desleixo, era só seu corte, olhos verdes com "bolsinhas inchadas" embaixo de cada um, seu rosto era coberto por sardas, o que só deixava ele ainda mais bonito, perdi a concentração por um segundo quando ele falou, e foi o suficiente para perder o próximo lance.
- vendido ao nosso amigo.
- que? - eu voltei a realidade - puta que pariu.
- boca suja - ele estava rindo.
- não, não.... Olha eu preciso desse carro - estava quase implorando, o dinheiro da comissão iria pagar minhas costas do mês todo, e eu precisava pagar elas.
- sinto muito, você perdeu o lance.
- eu imploro.
- não mesmo... Sabe a quanto tempo eu procuro um desses?
- eu sei, o cara que quer ele está a procura a mais de um ano... Eu estou, e esse carro vai pagar minhas contas.
- como assim?
- eu só... - suspirei, odiava me fazer de vítima, odiava me sentir exposta, mas com um pai alcoólatra e uma irmã entrando na adolescência, não estava podendo me dar ao luxo de perder dinheiro - eu não tenho dinheiro pra pagar... Mas o cara que tem vai me pagar uma comissão muito boa, uma que vai pagar minhas contas, entendeu?
- tá falando que você não é uma patricinha cheia da grana?
Pelo seu olhar pareceu que ele realmente achou isso. Queria ter tido essa sorte.
