Capítulo 1

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Eu sempre tentei ser pontual em todos os compromissos da minha vida. Mas, aparentemente, isso era uma coisa que beirava o impossível.

Primeiro dia de aula no terceiro ano do ensino médio e já estava atrasada. Um ótimo jeito de começar o período letivo em uma nova escola.

Meus pais eram separados desde os meus 7 anos e eu havia dormido na casa do meu pai essa noite. Ele tem, digamos, um certo problema em ser pontual, então, fiz uma nota mental para dormir na casa da minha mãe na noite dos meus primeiros dias de aula para sempre até o fim da minha vida.

- Pai! - gritei - Vamos! - desci as escadas, peguei qualquer coisa que estava em cima da mesa de café da manhã, posta há uma hora, e me encostei no batente da porta, chamando de novo:

— Pai!

— Pronto! - ele disse, chegando até onde eu estava. - Quanto tempo temos?

— 5 minutos!

A sorte era que Ribeirão Preto, apesar de ser muito movimentada, não tinha tanto trânsito no trajeto da casa do meu pai até a minha nova escola, caso contrário, eu teria atrasado ainda mais.

(...)

— Tchau!

Bati a porta do carro e entrei correndo no prédio que estava praticamente vazio, o que me fazia chegar em duas conclusões: 1) todos já estavam em sala; 2) estou ferrada logo no primeiro dia.

E para acrescentar: Não conheço ninguém, muito menos esse lugar, e não sei onde fica a minha sala.

A ideia de mudar de escola havia sido do meu pai. A minha antiga escola não estava se saindo muito bem nos últimos anos em razão da saída de inúmeros professores bons, que eram os pilares do lugar. Então, meu pai sugeriu a mudança e eu e minha mãe acabamos concordando, afinal, eu prestaria vestibular esse ano e precisava estudar em um lugar que me desse a mínima base para alcançar a nota de corte.

Dobrei alguns corredores do imenso prédio, vendo se em algum deles havia alguma porta com o número 15A, ou alguma indicação de onde quer que isso ficasse, mas, como sou a pessoa mais sortuda do mundo em horários impróprios, a única coisa que consegui encontrar foi um banheiro.

Virei mais um corredor dando passos apressados e vi uma pessoa encostada na parede oposta. Era um garoto. Ele usava jeans preto, blusa branca com com o nome de uma banda de rock que eu conhecia: Pearl Jam escrito em letras brancas, jaqueta preta e botas pretas.

Seus cabelos meio bagunçados eram de um tom de loiro escuro, e ele encarava o chão com os braços cruzados

Aproximei-me dando graças aos céus por ter encontrado alguém.  Minha esperança era perguntar onde ficava a sala e tentar minimizar, ao menos um pouco, o estrago por ter chegado atrasada.

— Ei, você poderia...

Parei assim que ele levantou a cabeça e olhou para mim. Seus olhos azuis em tom escuro penetraram no fundo da minha alma e  por um momento, quase me esqueci o que ia dizer.

Eu nunca havia visto olhos dessa cor em toda a minha vida. Claro, já vi olhos azuis, era familiarizada com olhos verdes por conta da minha família por parte de mãe, mas esse tom escuro de azul eu nunca tinha visto.

Continua, sua grande idiota.

— ... me mostrar onde é a sala 15A?

— E por que eu faria isso? — ele deu de ombros, olhando novamente para o chão.

Cara, colabora, estou atrasada!

Respirei fundo.

A paciência nunca foi o meu forte e eu duvidava que algum dia conseguiria mudar isso, mas eu estava me esforçando.

Os Opostos se Atraem? - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora