Capítulo 25

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Lágrimas começaram a cair dos meus olhos em direção à cama rapidamente. Ele havia escrito aquilo para mim, juntamente com o buquê, que provavelmente havia comprado para se desculpar pelo que havia falado na escola.

Um sentimento de culpa me invadiu e junto com ele, a preocupação e o medo de nós nunca mais nos acertarmos.

E por esses sentimentos que eu percebi que eu não só gostava de Gabriel, mas muito mais que isso.

Eu estava me sentindo um lixo. O que eu poderia fazer para isso passar?

Eu não podia ser hipócrita e pensar que eu não havia feito nada errado. Eu bati nele. Nada justificava a violência, então eu também errei. E talvez tenha errado novamente ao não mandar Renato embora no segundo em que o vi aqui pela segunda vez.

Parte de mim duvidava que ele havia se aproximado de mim na escola sem querer para devolver a compressa. Ele conhece Gabriel melhor do que eu, será que não havia nenhuma chance de ele ter feito de propósito?

Se tinha, eu caí igual um patinho.

Enxuguei as lágrimas e peguei meu diário. Três meses sem escrever. Abri em uma página em branco e deixei que meus sentimentos saíssem. Eu não podia mais guardá-los para mim.

"Como culpar o vento pela desordem feita, se fui eu quem esqueci as janelas abertas? 

Já aconteceu a vida mudar todos os seus planos de cabeça para baixo? Fazer você perceber que nada vai acontecer da forma que você quer? Que coisas, pessoas que você nunca imaginou irão fazer parte da sua vida, e aquelas que você nunca imaginou sem, simplesmente evaporaram...

Não, né? Nem eu. Eu sempre achei que a vida ia seguir o rumo que eu destinasse a ela. Que coisas iriam acontecer na hora que eu quisesse. Não é bem assim.

De tanto quebrar a cara, aprendi uma lição. Nada acontece por acaso. Ou pelo menos, é o que tento acreditar. Eu tento sempre pensar pelo lado positivo, mesmo estando no fundo do poço. Prefiro acreditar que algo de bom vai sair dali."

Fechei o caderno e o joguei na escrivaninha enquanto me levantava da cama e pegava meu celular.

Por alguma ironia maluca, eu e Gabriel havíamos vivido inúmeras coisas nesse tempo, mas nós nunca havíamos trocado número de telefone, nunca tínhamos conversado sem ser na escola ou algum outro lugar, sempre pessoalmente.

Vasculhei meu celular e vi que Gabriel estava no grupo da sala do WhatsApp, então foi fácil achar o número dele, ainda pensando como era possível não termos trocado nenhuma mensagem nesses meses todos.

Ligo ou não ligo?

Foda-se.

Liguei.

Um toque.

Dois toques.

Três...

Quatro...

Cinco...

Seis...

No sétimo toque, desliguei, frustrada. Liguei de novo, mas o resultado não mudou.

Eu já estava querendo desistir de tentar falar com ele, afinal, ou ele não queria me atender ou estava fazendo alguma merda por aí.

Paeei de respirar imediatamente quando minha intuição começou a gritar comigo, alta e barulhenta em minha cabeça.

Gabriel usava drogas, bebia e não estava nem aí para nada quando ficava nervoso. Ele virava outra pessoa. E hoje ele tinha mais de um motivo para estar nervoso.

Muito nervoso.

Ele poderia se destruir.

Eu tinha certeza de que ele estava fazendo alguma idiotice e eu precisava ir para a casa dele agora! Mas como? Eu não tenho carteira de motorista, o carro nem está em casa e já são quase 23h, é perigoso demais eu chamar um uber ou ir andando a essa hora.

A ideia que se passou pela minha cabeça era maluca. Mas era minha única opção. Minha mãe chegaria do escritório às 23h00, acho. Se eu estivesse "dormindo" ela não me daria sermão e iria direto para a cama dormir, deixando a chave do carro na mesa.

Era a minha única saída. Eu ia me culpar para sempre se ele fizesse algo contra si próprio, precisava saber se ele estava bem.

Apaguei todas as luzes da casa, troquei de roupa, colocando um jeans, tênis e camiseta e me joguei debaixo das cobertas com o fone de ouvido e o brilho do celular no mínimo, enquanto realizava várias chamadas para Gabriel, que não eram atendidas.

Ouvi o portão se abrir e imediatamente fechei os olhos com a cabeça escondida embaixo da coberta, tapando os fones e o celular. Como eu já esperava, minha mãe entrou no meu quarto devagar, mas segundos depois, saiu, fechando a porta.

Continuei ligando e a cada caixa postal eu ficava mais preocupada. Uma hora depois dessa tortura, finalmente percebi que minha mãe havia ido dormir. Esperei mais uns 15 minutos e me levantei da cama, abri a porta do quarto e a fechei novamente quando saí.

Assim que peguei a chave do carro em cima da mesa, percebi o que estava fazendo.

Eu não sabia dirigir.

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OPAAAAAAA

Os Opostos se Atraem? - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora