- Sim, filha. Algum problema? - minha mãe perguntou.
- N-Não... É só... Hoje? - falei.
- Sim. Hoje. Ele já está aqui mesmo. - ela deu de ombros.
- Com licença, dona Sônia, - interveio Gabriel - Por mim, tudo bem. Mas a senhora se importa se eu for em casa tomar um banho primeiro?
Gabriel sendo educado? Chamando de senhora? Qual foi a do "a senhora se importa?". Gabriel era "foda-se" para tudo!
Escondi um sorriso quando percebi que ele tinha tido um pouco de dificuldade para formar a frase sem gaguejar muito.
- Claro que não! Fique a vontade, querido - ela sorriu - Posso chamar seu pai, Melissa?
- Pera aí, o que é isso? - falei - Vocês dois estão planejando o quê?
- Não estamos planejando nada - minha mãe riu - Eu e seu pai só queremos conhecer melhor esse seu namorado que faz você ficar boba!
Pronto, bastou aquilo para que eu ficasse vermelha da cabeça aos pés em poucos segundos.
- Ele não é meu namorado. - falei.
Me arrependi no mesmo instante por ter falado aquilo. Gabriel olhou para o chão e brincou com as próprias mãos, claramente desconfortável. O que era aquilo, ele estava chateado?
- Bom... - disse minha mão ao ver o clima - O que me diz, Gabriel? Te vejo mais tarde?
Ele demorou um pouco para responder.
- Se não for incômodo. Eu aceito. - ele forçou um sorriso.
- Ótimo - ela disse - Vá tomar o seu banho enquanto arrumo as coisas aqui. Nos encontramos às 19h30?
- Claro. - ele disse. - Bom... então... tchau - ele estava sem graça, qualquer um perceberia - Até daqui a pouco.
Ele se despediu da minha mãe e me deu um beijo no rosto. Estranho.
- Mãe, eu vou... - falei e saí porta afora, logo atrás dele.
Quando estávamos na calçada, eu perguntei:
- Aconteceu alguma coisa?
- Por quê? - ele abriu a porta do carro, mas não entrou nele, apenas se virou para mim.
- Lá dentro... você... - não continuei.
- Ah... é isso. Bom, eu não sou seu namorado, certo? - ele entrou no carro e ligou o motor.
- Espera - abri a porta do motorista, para impedi-lo de sair se quisesse. - Foi isso?
- Isso? O que nós dois temos não é nada? - ele perguntou indignado - Qual o problema da sua mãe dizer que sou o seu namorado?
- Não, não é isso. Nós temos alguma coisa. Só não é um namoro, ainda, Gabriel. Podemos rever isso depois. - eu falei - E se não quiser ficar para jantar, posso falar alguma coisa para minha mãe. Se...
- Não, eu quero ficar, sim. Então... "não é um namoro, ainda"? - ele abriu um pequeno sorriso.
- Idiota - eu ri.
- Olha, vou indo. Juro que volto. - ele se aproximou - Fica linda pra mim, tá? - falou em meu ouvido e mordeu o lóbulo da minha orelha de leve.
Senti as minhas bochechas ruborizarem e ele me puxo para um beijo.
- Tenho uma surpresa pra você hoje. - ele disse baixo.
- Me fala! Odeio ficar curiosa!
- Não! - ele riu. - Tchau - me deu um selinho.
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Os Opostos se Atraem? - Livro 1
Fiksi RemajaO que faria se você conhecesse um garoto de aparência estonteante, discreto, que se refugia na música, porém, que é completamente o seu oposto, meio mal educado, egoísta e só se importa consigo mesmo? O que faria se você se aproximasse demais desse...