Capítulo 20

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Meu coração ainda batia acelerado quando fechei a porta da sala e me encostei nela com uma das mãos tapando o sorriso no rosto. Comecei a rir sozinha, balançando a cabeça de um lado para o outro, ainda não acreditando no que havia acontecido. Fazia tempo que eu não ria sozinha assim, afinal, eu não tinha tido muitos motivos para fazer isso ultimamente.

Mas agora eu tinha.

Gabriel era meu motivo.

Tomei outro banho e coloquei uma roupa confortável para ficar em casa. Já estava escurecendo, então fiz o que precisava da escola e tirei algumas horas para estudar.

Acabei me lembrando de que fazia muito tempo que eu não assistia nenhuma série e tinham várias que estavam paradas. Me divertir não era algo que eu tinha feito nos últimos tempos...

Mas e se eu fizesse isso hoje?

Uma sensação quentinha tomou conta do meu estômago e eu sorri, feliz, quando percebi que eu estava com vontade de fazer as coisas. Eu queria me divertir.

Prendi o cabelo, fui até a cozinha e preparei um balde de pipoca para levar para o quarto. Me acomodei na cama e liguei o notebook, passando os olhos pelos canais de streaming, escolhendo uma série para voltar a assistir.

Como era gostosa a sensação de estar fazendo alguma coisa por mim.

Depois de alguns episódios de Supernatural, meu celular apitou ao meu lado. Era uma mensagem da minha mãe.

"Réu na delegacia. Volto às 23h"

Ótimo, eu não receberia sermão hoje. Essa hora, eu já estaria dormindo há muito tempo.

Me lembrei que precisava preparar alguma coisa para o jantar, mas decidi me trocar e ir até a rua de cima, onde havia um mercado, para comprar alguma coisa já pronta. Eu precisava me apressar se quisesse pegar o lugar aberto, já que ele fechava por volta das 20h30.

Coloquei os fones, peguei meu cartão e saí apressada. Comprei uma lasanha de microondas na sessão de congelados, decidindo que isso seria o suficiente por hoje.

Paguei, dei play novamente na música, pausada para poder conversar com a moça do caixa e saí do mercado a passos apressados para chegar logo em casa.

Ao atravessar a rua, ouvi algo parecido com uma buzina, mas "Stitches", do Shawn Mendes não me deixou ter certeza se esse som era do mundo real ou algo dentro da música que eu não tinha percebido ainda.

Virei o rosto em tempo para perceber algo duro bater em meu braço e um cara de moto passar raspando por mim, fazendo com que eu caísse no chão e meu fone e celular voarem pelos ares.

Ouvi suspiros de espanto de algumas pessoas ao redor, que pararam para ver o que tinha acontecido. O dono da moto rapidamente parou um pouco mais à frente e veio correndo para me ajudar a levantar, ainda usando o capacete.

— Me perdoe! Eu não a vi! Está tudo bem?

Ele levantou a viseira e eu pude perceber que os seus olhos eram azuis.

— Sim, está.... Mais ou menos. Ai! —  gritei quando ele pegou no meu braço.

Olhei e vi que o moletom que eu usava estava rasgado onde o guidom da moto havia batido com força e algumas gotas de sangue pingavam do meu cotovelo

Ele tirou o capacete, deixando os cabelos castanhos à mostra, e analisou a ferida.

— Me desculpe. Eu me distraí, quase não deu para desviar. Eu buzinei para temtar avisar, mas você não ouviu.

— Na verdade, ouvi. — recuperei meu celular e meu fone de ouvido, caídos a alguns metros de mim — Mas não sabia se era real ou algum detalhe da música que eu não havia percebido.

Ele riu.

— Você está bem?

— Tirando o rasgo que meu braço vai ter, mãos esfoladas e a batida no joelho, acho que sim.

O olhei mais atentamente e vi que eu já o conhecia de algum lugar.

Mas de onde?

— Você entrou esse ano na escola, certo? — ele perguntou — Eu te conheço.

Ótimo, não estou louca

— Sim, entrei. Já devo ter te visto lá. Estava mesmo me perguntando de onde eu te conhecia.

— Provavelmente ouviu falar de mim. Tenho uma certa fama de brigão lá. —  deu de ombros

— Ah, não. Chega de brigas para o meu lado — eu sorri.

— Como é seu nome? — ele perguntou.

— Melissa. E o seu?

— Prazer, Renato —  apertou minha mão — Você está bem mesmo, moça? Não quer ir para um hospital? Eu posso te levar.

Eu já havia escutado esse nome em algum lugar.

— Não precisa, obrigada. E você machucou?

Eu estava tão preocupada com o moletom, que acabei nem perguntando se o garoto estava bem.

Ele me olhou nos olhos e sorriu. Só então pude reparar nele. Olhos azuis, cabelo castanho, estatura alta, ombros mais largos do que o quadril, tênis esportivo, jeans azul e camiseta polo.

— Sim e não. Quando fui parar a moto, senti um tranco no ombro. Parei muito rápido e segurei de mal jeito para não cair. Acho que não desloquei em nada, mas está doendo um pouco.

— Provavelmente porque o músculo esticou. Uma compressa de água quente e massagem devem resolver.

— E o que faço quando não tenho essa bolsa de água em casa?

— Eu moro aqui perto, posso te ajudar se quiser.

Minha mãe não estava em casa, eu tinha uma bolsa de água lá. Esse garoto é legal e eu tenho como ajudá-lo, apesar de ele ter quase me atropelado.

Renato não tinha cara de quem faria algo comigo, muito pelo contrário. Eu tinha receio de alguma coisa acontecer, claro, mas Gabriel estava certo, eu precisava começar a superar esse medo e tirá-lo de mim.

Então, estava decidido. Eu iria ajudá-lo. Iria levá-lo para minha casa.





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Os Opostos se Atraem? - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora