Capítulo 45

2.4K 190 101
                                    

~Melissa~

Quando o relógio deu 19:45, ouvi uma buzina leve na porta de casa. Eu já estava pronta havia 15 minutos, e esperava meu pai na sala.

- Tchau, Mãe! - gritei.

- Tchau! E juízo! Se eu ficar sabendo de alguma coisa, você vai ver! - ela riu

- Ok! - rolei os olhos e fechei a porta atrás de mim. - Oi, pai. - entrei no carro.

- Oi, Mel. E o seu namoradinho novo? - ele riu.

- Ficou doido, pai? Não tenho namorado.

- Me engana, que eu gosto - deu partida assim que dei o endereço para ele.

Quando Renato me entregou o pequeno papel hoje na escola, fiquei enciumada. Eu ja havia visto aquele nome de rua antes, em algum lugar. Só não me lembrava de onde.

Senti vontade de pular para fora do carro por conta das memórias que atingiram minha mente como um míssil depois que meu pai estacionou na frente da casa onde seria a festa.

Não... Aqui não... por favor, aqui não.

Engoli em seco. Minha boca secou, minha cabeça começou a doer e minhas mãos, agora frias, não conseguiam se erguer para alcançar a maçaneta do carro e abrir a porta.

  - Está tudo bem, Melissa? - meu pai perguntou.

  - S-sim, eu...

Eu precisava pensar. Abri a bolsa, tentando controlar a tremendeira das mãos, afastei o pijama que estava enroladinho ali, peguei o meu batom, desci o espelho e fingi retocar minha boca enquanto tentava organizar a cabeça.

Seria uma boa ideia? Era exatamente a mesma casa dos meus pesadelos, a mesma casa que me tirou a liberdade. A casa que me assombrava havia meses. Seria uma boa ideia entrar nessa casa?

Eu poderia dizer que estava passando mal e pedir para ele me levar para casa, mas, meu pai era muito preocupado, e provavelmente iria desviar do caminho e me levar para um hospital, fora as explicações que eu teria que dar para minha mãe, meus amigos...

Eu poderia entrar e chamar um Uber de volta para casa, poderia pensar em qualquer coisa para não ficar muito tempo por ali e dar o mínimo de explicações possível.

- Tchau... Pai. - falei baixo.

Guardei o batom, peguei minhas coisas e desci.

- Tchau. Qualquer coisa me liga.

- Okay.

Ajeitei a roupa, respirei fundo e toquei a campainha enquanto meu pai virava o carro e ia embora. Em menos de 5 segundos, o portão se abriu.

Exatamente como naquela vez.

Respirei fundo novamente e entrei.

O meu coração estava saltando pela boca e eu sentia que a qualquer momento, minhas pernas simplesmente parariam de funcionar e eu cairia no chão.

Olhei ao redor. A casa à esquerda, rodeada pelo gramado. A quadra de futebol ao fundo, árvores dos lados. Exatamente como naquela vez. A música estava alta, e eu não queria entrar de uma vez, mas dei um pulo para a frente quando o portão se fechou atrás de mim.

Havia casais se beijando do lado de fora, como antes. Entre as árvores também tinha alguns, jovens de uns 20 anos sentados em roda no gramado, perto da casa, bem no limite de até onde a iluminação das lamparinas presas em suportes na parede chegava.

Andei devagar até a entrada da casa, tentando nãodar atenção para a ânsia que estava sentindo. Como imaginei, a música vinha exatamente de onde pensei que viesse. Do andar debaixo.

Os Opostos se Atraem? - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora