Capítulo 7

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Saímos da sala com o material em mãos, mochila nas costas e fomos percorrendo os corredores até a sala da diretora, que, claro, eu não sabia onde era, mas Gabriel parecia saber de cor, como se já tivesse feito aquele caminho várias vezes.

Eu não duvidava.

Quando chegamos, a observei.

Ela era uma mulher alta e magra, mas de quadril largo. Beirava os 50 anos e tinha cabelos bem curtos. Um óculos retangular pendia na ponta de seu nariz e ela usava um blazer e sapatos sociais. Seu nome era Adelaide e ela já estava sabendo do que tinha acontecido, o professor deve ter dado um jeito de avisar de antemão, e apenas nos disse para segurar a língua quando algo não nos agradasse. Também não se esqueceu de realçar que uso de celular na sala é proibido — rolei os olhos.

Aparentemente, o fumo estava sendo menor do que o que eu previ, será que ela estava de bom humor hoje? Ou era assim sempre?

— Sabe que pode levar uma suspensão por isso, certo? — ela perguntou a Gabriel.

Ele apenas assentiu, então a diretora me olhou. Por que ela está me olhando?

— Mas eu não vou fazer isso, Gabriel, sabe por que? Porque eu acredito em você. Sei que pode mudar. Você tem um histórico de notas exemplar, só peca nos comportamentos. 

— Eu sei que a senhora me ama — ele deu um pequeno sorriso.

— Talvez seja porque você passa mais tempo na minha sala do que na sua própria casa. Mas não pense que esse seu sorriso encantador vai livrá-lo de problemas. Estou pegando leva com você dessa vez, mas se houver uma próxima, você vai tomar uma suspensão.

Nenhum de nós dois respondeu.

— Bom, voltem para a sala e entrem nas duas últimas aulas. Até mais.

Nos levantamos, saímos da sala dela. Na minha cabeça, milhares de pensamento por segundo corriam soltos.

Sempre fui muito correta e nunca imaginei que iria parar na sala da diretora algum dia na minha vida, muito menos no primeiro mês de aula.

Aliás, pensava que se algum dia esse dia chegasse, seria uma catástrofe enorme e eu ficaria desesperada e com medo do meu futuro acadêmico. Mas, por incrível que pareça eu não estava ligando se havia estado na sala da diretora. Eu estava com o pensamento fixo em Gabriel e em como ele havia desafiado o professor por minha causa.

Percorremos mais alguns corredores juntos, mas parei quando ele estava indo em direção à saída. Meu coração tropeçou. Ele estava indo embora?

 Apressei o passo e o alcancei.

 — Ei

Ele se virou.

— Obrigada por hoje na sala... 

Ele deu de ombros, voltando a caminhar.

— Que seja.

— Aonde vai? — perguntei andando ao seu lado.

Ele rolou os olhos.

— Embora. Por quê?

— Temos mais duas aulas antes das 16:30.

— Eu sei. E dai? Eu não preciso disso aqui, eu não preciso desse lugar cheio de pessoas que acham que podem mandar em minha vida. E uma delas aparentemente é você! — ele aumentou o tom de voz e saiu andando.

Eu parei. Por que ele estava me tratando assim? Seu humor havia mudado da água para o vinho e ele decidia descontar em mim? Não mesmo. No mesmo instante, o meu sangue ferveu.

Os Opostos se Atraem? - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora