Capítulo 44

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Na quarta, minha mãe me chamou para ir à escola. Eu acabei indo, mesmo sem vontade nenhuma. Assim que meu pai me deixou nos portões, um arrependimento imenso me invadiu. Eu devia ter ficado em casa.

Andei pelos corredores até a sala. Pensando bem, tentar me concentrar nas aulas pode ser uma boa ideia. Principalmente para o curso que quero fazer. Medicina. Talvez eu não passe, por ter viajado nos primeiros 4 meses de aula, mas vou tentar.

Olhei para o fundo da sala, para o lugar onde Gabriel devia estar. Vazio. E ninguém atreveu a sentar-se nele. Carol logo entrou e se sentou ao meu lado, alegre, como sempre. Ela deixou o material na cadeira e se ajoelhou perto de mim.

- Oi Mel. - ela disse.

- Oi, Carol. - tentei sorrir.

- Olha... Eu não sei se é impressão, mas, percebi que você está diferente. E... Se quiser conversar, pode contar comigo, ok?

Eu suspirei.

- O que você faria se... Gostasse de uma pessoa. Imaginasse que essa pessoa era tudo o que você queria, mas aí do nada, você descobre coisas sobre essa pessoa que você simplesmente não pode acreditar ser verdade...?

- Bom... - ela pensou um pouco antes de falar - Se eu não tivesse descoberto por essa pessoa em si, e sim por outros, procuraria saber se é verdade. Se realmente existe a possibilidade de ter acontecido.

Assenti, comprimindo os lábios. Ela era mais sensata do que eu.

- Se precisar de ajuda, estou aqui. - ela disse.

- Tá tão na cara assim?

- Sim. Desde março você está assim. Distante. E estamos quase em julho, Mel. Tanto eu, como as meninas sabemos que há algo errado.

- Eu vou tentar focar mais depois das férias. Só temos mais algumas semanas de aula e eu pego firme depois. - falei. - Mas... Tem algumas matérias que realmente eu não entendo - sorri fraco - Me ajuda?

- Lógico! Deixa eu adivinhar. Física e Geometria analítica.

- Exatamente. - falei e soltamos uma risadinha.

A aula se seguiu normalmente. Eu respirei fundo, fiz um coque no cabelo e foquei nas aulas. Em todas as 6. Almocei com as meninas na escola para ficarmos na aula da tarde que teria. Anotei os deveres que o professor de história que eu tanto amo ~sintam a ironia~ passou. E de novo aquele projeto de foca deu 3 folhas de tarefas no livro. Ele realmente pensa que amamos a aula dele e que estamos super felizes para ler sobre a revolução russa.

Idiota.

Eu havia deixado o celular em casa para não correr o risco de ter surpresas desagradáveis. Olhei ao redor e vi que Renato havia faltado, tanto na parte da manhã, quanto na da tarde.

Quando cheguei em casa, fiz o inevitável: desbloqueei o celular e vi que havia mais mensagens de Gabriel. Algumas perguntando se estava tudo bem, o que estava acontecendo, pedindo explicações. Isso se seguiu na quinta também, que, aliás, foi o dia em que encontrei Renato na escola.

- Quanto tempo - ele falou me abraçando

- É.. - falei sorrindo, devolvendo o abraço - Uma semana quase.

Renato usava uma blusa azul, uma jeans preta, tênis da Adidas, e tudo só realçava seus cabelos castanhos e olhos azuis. Eu não podia negar, ele era lindo.

- Tudo certo para amanhã? - ele perguntou.

Amanhã? O que tinha amanhã?

Ah, sim.

- Sim. Tudo sim. Pra onde vamos? - perguntei.

- Bom... Vai ter uma festa amanhã na casa de um amigo. Vamos comigo?

Eu congelei. Uma festa? Não. De forma alguma, não.

- Renato... Festas não são muito o meu forte, não podemos ir para outro lugar?- falei devagar.

- Ah, vamos. Não é aquelas festas malucas de adolescentes que você já deve ter ido. Vai ser diferente. Vamos?

- Eu vou pensar, ok? Te falo amanhã.

- Tudo bem.

E o "amanhã" chegou.

Eu tremia da cabeça aos pés com a possibilidade de ir em uma festa sozinha de novo. Por isso, chamei Carol e Marcelo para irem junto conosco e dessa forma, me senti bem mais aliviada, principalmente porque Carol me convidou para dormir na casa dela depois da festa.

Como já estava tudo combinado, avisei minha mãe que iria para uma festa com o pessoal às 20:00 e que ia dormir na casa de Carol depois, então ela não precisava ficar preocupada com horário.

Só espero que dê tudo certo.

~Gabriel~

- Filho, o que está fazendo? - minha mãe entrou no quarto devagar e perguntou, ao me ver colocando a última peça de roupa na mala.

Num geral, ela evitava se levantar da cama ou do sofá. Andava pouquíssimos passos por dia, mas, ultimamente, ela tem se sentido melhor, motivo pelo qual passou boa parte do dia em pé, se sentando apenas quando se sentia cansada. Querendo ou não, era um avanço e eu estava feliz por isso.

- Mãe, a senhora se importa se eu voltar para casa hoje? Melissa não responde minhas mensagens desde segunda e hoje ja é sexta. Estou com medo de ter acontecido alguma coisa com ela, estou preocupado.

- Ah, filho. Tudo bem. - ela sorriu - Desde que volte logo para me ver, porque minha saudade de você não passa tão fácil.

- Sim, eu prometo - Fechei o zíper da mala e a abracei. - Que horas são?

- 19:00 hrs. Se você sair agora, consegue chegar às 21:00 lá.

- Sim, acho que dá tempo. Obrigado por tudo, mãe.

- Não há de que.

- Tchau, tia! - gritei.

- Tchau, amor! - ela gritou de volta. E minha mãe riu. Ela sempre achou engraçado nossa relação aos berros.

Dei um beijo em minha mãe e entrei no carro. O relógio marcava 19:05. Se a estrada estiver aberta, em duas horas eu chego na casa de Melissa e descobriria o que estava acontecendo de uma vez por todas.

Os Opostos se Atraem? - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora