~Melissa~
Entrei em casa depois de toda aquela cena. Eu não sabia o que havia acontecido, só não queria que ele estivesse bravo pelo motivo que eu pensava que estaria.
Falei um "oi" para a minha mãe e fui tomar banho. Ao voltar, vi que o moletom de Gabriel estava em cima da minha cama. Fazia uns meses que eles estava aqui em casa, e nem eu nem Gabriel nos lembramos dele.
Coloquei uma calça legging e o moletom dele. Estava frio em agosto, e eu esperava que o calor chegasse logo em outubro, dali a dois meses.
Antes de dormir, pensei se mandava ou não mensagem para Gabriel, e decidi que não mandaria. Ele não podia simplesmente ter estragado nossa tarde maravilhosa por um motivo abstrato. Não era certo.
Como nenhum de nós dois dormíamos sem mandar boa noite, eu sabia que cedo ou tarde ele mandaria. Já eram 22:49 e eu estava morrendo de sono e preocupação pela prova de amanha, que por sinal, eu nem havia estudado para a tal.
Meu olhos começaram a pesar e eu acabei adormecendo sem a mensagem chegar.
~Gabriel~
Eu estava apagado. Sabia bem o motivo: exaustão causada pela adrenalina repentina. Senti meu corpo sobre algo duro, mas nem tanto. Uma luz forte acima da cabeça provavelmente, e sentia que minhas coisas não estavam mais comigo.
Abri os olhos.
E tudo só me fez lembrar do que aconteceu noite passada.
Eu não fazia ideia das horas que eram, nem do dia, mas sabia duas coisas. 1) eu não estava em casa. 2) precisava falar com Melissa.
Eu estava em uma especie de sala. Era pequena, mas era arrumada. Meu celular, carteira, colar e documentos não estavam comigo. Onde caralhos eles foram parar? Me levantei devagar da pequena maca e, meio tonto, fiquei de pé. Os nós dos meus dedos estavam machucados demais e minha cabeça doía.
Me apoiei na cadeira que havia lá e as cenas de ontem começaram a repassar lentamente em minha cabeça. O cara estava lá, fui até ele e o arrebentei. Agora estava morto, assim como minha irmã. Denominadores comuns falam por si.
Havia uma porta do lado esquerdo, que tentei abrir. Trancada. Minutos depois alguem a destranca e entra.
Um guarda.
- A bela adormecida já acordou?
- O que eu tô fazendo aqui? - perguntei.
- Isso aqui é uma cadeia. Caso não saiba, inventada para prender caras como você.
- Como é? - me aproximei do cara, que tirou um cassetete do cinto.
- Abaixa a bola. - ele disse - Acha que sai por aí brigando e mata um cara e vai ficar solto? Não mesmo, cara.
- Mas, eu preciso avisar..
- O jornal já foi avisado. Quem quer que precise saber saberá hoje de manhã.
- Que horas são?
- 05:07
- Porra... Eu tenho direito a uma ultima ligação!
- Assim que estiver com a roupa de detento e dentro da sua cela. Você está bem ferrado, mocinho. Teve testemunhas oculares da merda que fez.
- Fiz porque precisava fazer. O cara matou minha irmã. Não merecia viver.
- Se sente melhor agora que o matou? Acha que você merece viver?
- Talvez não para as duas perguntas, mas ele estando morto já é o bastante para que eu morra em paz. - dei de ombros.
- Toma - ele me deu umas roupas cor de laranja - Vai no banheiro - apontou - e veste isso. Vou te levar para a cela em 15 minutos.
Rolei os olhos. Eu não estava em boas condições de retrucar.
O barulho metálico do cadeado sendo fechado ecoou em meus ouvidos e me fez despertar. Minha ficha caiu.
Eu estava na cadeia.
Preso.
Me sentei em uma espécie de cama que havia e a primeira coisa que me veio na cabeça enquanto o sol nascia foi Melissa.
~Melissa~
Quando acordei para ir para a escola, vi que meu despertador não havia tocado. Meu deus! Era só de sexta-feira que ele tinha que fazer isso, e quase nuca fazia! Acabei de perder mais um dia de aula!
Eram 10:50!
Agora não posso fazer nada. O que adianta?
Me levantei bufando e tomei café. Na mesa da sala de jantar estava os jornais do dia, de diferentes marcas. Eu, geralmente, não os olho. Não costumo ver notícias. Mas a xícara que estava em minha mão quase caiu ao ver o rosto de Gabriel que estava na capa e o texto que estava ao lado.
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Os Opostos se Atraem? - Livro 1
Teen FictionO que faria se você conhecesse um garoto de aparência estonteante, discreto, que se refugia na música, porém, que é completamente o seu oposto, meio mal educado, egoísta e só se importa consigo mesmo? O que faria se você se aproximasse demais desse...