Capítulo 56

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~Melissa~

  - Gabriel, tá falando sério? - eu perguntei rindo enquanto ele praticamente me arrastava para a praça perto da sua casa, levando um skate na mão e o meu braço na outra.

  - Não, eu estou sendo irônico - ele falou com ironia e eu parei de andar, com cara de brava. - Ah, para de graça. Vem.

Rolei os olhos  e o segui enquanto atravessávamos a última rua que faltava para chegarmos na tal praça.

  - Pra quê você quer que eu aprenda? - perguntei.

  - Por dois motivos - ele suspirou ao colocar o skate no chão, perto de um dos bancos e me  olhar - Porque quero que você ande comigo na rua, e porque é legal.

  - Você é um péssimo mentiroso.

  - Só quando eu quero.

  - Fala o motivo.

  - Quero passar mais tempo com você - ele riu

  - Ah, tá. Sei.

  - Ok, e também porque vai ser engraçado te ver tentando se equilibrar em cima do skate. - ele riu.

  Eu sabia que tinha algo a mais.

  - Nossa, vai ser super legal sim, viu. - ironizei. - Vou cair de cara no chão!  

  - Sim, vai - ele disse - AI! - falou logo após eu ter lhe dado um tapa. - Caralho, qual foi?

  - Porra, Gabriel!  Vai ficar de graça? - cruzei os braços.

  Ele rolou os olhos.

  - Bom, a única regra disso é que tem que ter equilíbrio. - ele falou, colocando um pé no skate.

  - Nossa, sério?

Ele pegou minha mão e me ajudou a subir na coisa, mas ele estava prendendo-o com seu pé, e quando o soltou, o resultado só podia ser eu no chão.

Claro que ele começou a rir da minha cara, o que mais ele iria fazer?

  - Vem - ele me ajudou a levantar, quase se contorcendo de rir.

  - Se eu me quebrar toda, a culpa é sua! - eu falei rindo alto.

  - Minha? Você que é atrapalhada e a culpa é minha? - ele se fingiu de indignado.

  - Quem está me fazendo subir numa tábua com rodas? Não é o Bozo.

  - Tá de TPM hoje, é?

  - Minha TPM tem nome e sobrenome  - o encarei.

Ele começou a rir e me deu a mão novamente. Eu subi no skate, ele continuou me segurando até que eu me equilibrasse.

  - Não pensa! Dá o impulso! - falou e me soltou.

Eu fiz o que ele disse, e consegui andar em cima do skate por uns 10 metros. Quando o mesmo estava perdendo a velocidade, dei um pulo e saí dele, caindo direto nos braços de Gabriel, que tinha vindo correndo para me acompanhar.

  - Consegui! - eu gritei e alguns casais de idosos que passavam por ali me olharam como se eu fosse louca - Você viu? Eu consegui!

  - Eu vi! - ele gargalhou - Você parecia até gente.

  - Ah, dá um tempo!

Eu ri e ameacei sair de seus braços, mas ele foi mais rápido. Se abaixou, me pegou pelas pernas, me colocando em um dos seus ombros, de cabeça pra baixo.

  - Gabriel, eu vou cair! Me solta! - me agarrei na parte de trás de sua blusa com toda a força de 3 grilos que eu tinha.

  - É só não se mexer igual a uma maluca que você não cai!

O chão estava a quase 2 metros de mim. Se eu caísse, seria um estrago enorme.

Gabriel começou a andar comigo daquele jeito, e eu não sabia se ria ou se gritava. Resolvi ficar com a segunda opção quando vi que ele estava subindo no skate. Nessa hora, eu comecei a gritar de verdade. Como ele  teria equilíbrio numa tábua com rodas, carregando uma pessoa em apenas um dos lados do corpo?

Mas ele conseguiu.

Em meio aos gritos e as risadas, ele deslizava comigo pela praça. Éramos apenas dois adolescentes rindo e brincando bem ali, em público. E todos que passavam, achavam que éramos loucos.

Mas não, estávamos apenas felizes.

Felizes demais. E vivos.

Naquele momento, eu senti como se todos os meus problemas tivessem simplesmente sumido, e tinha a sensação de que mais nenhum surgiria por um bom tempo.

Mal sabia eu que estava completamente enganada.

Os Opostos se Atraem? - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora