~Melissa~
"Sobre o que?" - mandei a mensagem de volta.
" Tudo. Tem algumas coisas que você precisa saber."
"Preciso saber sobre o que?"
"Sobre o Gabriel. Vai poder se encontrar comigo ou não?"
"Não", eu queria responder. Não, eu não posso me encontrar com você, Renato.
Mas o que ele queria me contar sobre Gabriel? Será que ele estava bem? Será que tinha acontecido algo?
Mandei uma mensagem tentando ser o mais seca e direta possível.
"Você pode dar uma passada daqui de casa amanhã, se quiser. Só não demora porque eu tenho compromisso"
"Que horas?"
"Umas 14:00, depois da escola"
"Ok, beijo"
Não respondi e deixei o celular de lado. Mas que merda ele queria falar comigo?
Pensei em desmarcar e apenas fazer isso depois que Gabriel já tivesse voltado de sua viagem, mas como eu poderia ficar uma semana sem saber o que ele queria me dizer? E se fosse urgente?
Decidi que iria ser uma conversa rápida. Ele viria aqui, falaria o que tinha para falar e iria embora.
O motivo de eu escolher a minha casa era porque era um território familiar. Eu não tinha segurança, e nem vontade, de me encontrar com ele em algum lugar público e certamente não em sua casa.
- Boa noite, mãe! - gritei já com a cabeça no travesseiro depois de colocar o meu celular para carregar.
- Boa noite! - ela gritou de volta.
Apaguei a luz e me virei de lado. Eu havia ligado a TV, então o quarto estava à penumbra. Me agarrei à blusa de Gabriel e senti seu cheiro. Zaad. Eu adorava aquele cheiro.
Me enrosquei nela e fechei os olhos, me lembrando de todos os beijos que ele havia me dado. E de como foi quando nos conhecemos...
- Hey, você poderia...
Parei assim que ele levantou a cabeça e olhou para mim. Seus olhos azuis esverdeados penetraram no fundo da minha alma e por um momento, quase me esqueci o que ia dizer.
Continua, idiota
- ... me mostrar onde é a sala 15A?
- E por que eu faria isso? - ele deu de ombros, olhando novamente para o chão.
Cara, colabora, estou atrasada!
Respirei fundo.
A paciência nunca foi o meu forte e eu duvidava que algum dia conseguiria mudar isso.
- Porque é meu primeiro dia, estou atrasada, não conheço ninguém, te pedi com educação e você está aí sem fazer nada. Pode, por favor, fazer isso? - eu disse tudo de uma vez, sendo mais rústica do que eu esperava.
Ele me olhou novamente, deu um mini, micro, minúsculo sorriso e...
Não, ele tentou sorrir e indicou com a cabeça para algo atrás de mim. Me virei e vi. Era uma porta. 15A.
- Obrigada - eu disse e ele novamente deu de ombros.
Aqueles olhos azuis sempre me tiravam do chão. Por quê? Apesar de querer saber a resposta, não deu tempo para pensar. Adormeci pouco tempo depois com um sorriso no rosto.
Acordei na segunda de manhã com o meu despertador tocando. A blusa de Gabriel estava em cima de mim. Eu estava segurando ela com a mão direita, como se tivesse feito isso à noite toda. Esfreguei os olhos, fui até o banheiro, dei um jeito no rosto, voltei para o quarto, arrumei minha cama, me troquei e vesti o moletom de Gabriel por cima da roupa que havia colocado. Estava um pouco frio, por estarmos em junho e o cheiro dele ainda estava na blusa. Era uma forma de pensar que ele estava sempre perto de mim.
A luz de notificação do meu celular piscava. Gabriel havia mandado mensagem a uma da manhã.
"Acabei de chegar. Está tudo bem. Te ligo depois, beijo"
"Tudo bem, beijos e boa sorte" mandei.
Depois, esperei o meu pai me buscar e me levar para a escola. Conversei com as meninas, prestei atenção nas aulas, não dei bola para Renato, fiz as atividades e os exercícios e li todos os textos pedidos pelos professores.
O tempo passou rápido demais. Quando percebi, já era hora de ir para casa.
Almocei rapidamente, escovei os meus dentes e quando deu 14 horas em ponto, alguém já estava tocando a campainha.
Renato.
- Hey... - ele disse e me deu um beijo no rosto.
Eu me afastei.
- Oi... - falei e fechei a porta da sala atrás de mim. - Pode sentar, fica a vontade.
Ele se sentou no sofá e eu me sentei no outro, menor.
- Pode falar. - falei.
- O compromisso que você tem depois é com o bad boy? - ele perguntou, rindo.
- Com Gabriel? Não. Ele está viajando. Então, o que queria falar sobre ele?
Eu estava na defensiva. E me arrependi instantaneamente de falar que Gabriel estava viajando. Se eu pudesse desfazer, diria que sim, e que logo ele estaria chegando aqui em casa.
Renato se ajeitou no sofá, passou as mãos nos cabelos, suspirou e me olhou.
- Bom, Mel... eu só queria te dizer que eu nem sei como começar essa conversa. Você é uma garota de ouro, eu adorei te conhecer, te achei incrível e é justamente por me importar com você que eu decidi vir te contar algumas coisas. Está na cara que você é diferente e você tem um futuro brilhante pela frente, mas ficar andando por aí com Gabriel pode mudar isso. - ele disse olhando em meus olhos.
- Por que acha isso? - perguntei, franzindo o cenho.
- Porque você tem um coração enorme. Além disso, você é esforçada, dedicada, vai alcançar tudo o que desejar. Eu sei disso. E Gabriel é completamente diferente de você nesse quesito.
- O que sabe dele? - perguntei, séria e já sem muita paciência.
Eu não estava gostando do rumo daquela conversa. Ainda não havia entendido o que ele tinha vindo fazer aqui.
- Como assim? - ele perguntou?
- O que sabe dele para poder afirmar que ele é diferente de mim? Que eu posso mudar se andar com ele? - Cruzei os braços - Ou que meu futuro pode tomar outro caminho por conta dele?
- Você não vai querer saber. - ele olhou para o teto.
- Ah, vou sim. Pode falar. Afinal, foi para isso que veio aqui, não veio? Para me contar.
O resto da paciência que tinha me sobrado já estava prestes a se esvair e eu sabia que ele tinha percebido isso.
Então, Renato suspirou novamente, me olhou e começou a falar.
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Vou deixar vocês curiosas muahahahahsahshshshshahahahah n me matem
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Os Opostos se Atraem? - Livro 1
Teen FictionO que faria se você conhecesse um garoto de aparência estonteante, discreto, que se refugia na música, porém, que é completamente o seu oposto, meio mal educado, egoísta e só se importa consigo mesmo? O que faria se você se aproximasse demais desse...