Com as lágrimas ainda rolando, me levantei do chão devagar e fui até meu quarto, cambaleando.
A primeira coisa que fiz foi jogar o moletom de Gabriel para longe de mim. Me deitei na cama, olhando para o teto, ainda não acreditando no que havia acabado de acontecer. Como se tudo fosse apenas um filme do qual eu participasse. Era tudo surreal. Eu me recusava a acreditar que Gabriel havia feito tudo aquilo.
Mas ele não era o Gabriel que conheci, lembrei a mim mesma. Conheci um Gabriel mal-humorado, depois conheci seu lado preocupado, fofo, carinhoso e amoroso. Por fim, conheci o lado que eu menos fazia questão de conhecer. Mas o que me fazia pensar que ele nao poderia ter feito tudo aquilo era o que já havia acontecido entre nós dois. Eu ja o irritei tantas vezes, se ele fosse alguém do tipo que Renato disse, ele provavelmente já teria tentado me agredir várias e várias vezes, e não me ajudado. Não teria se preocupado comigo, não teria perdido tanto tempo comigo, cuidando de mim...
Coloquei meus fones e apertei em uma playlist aleatória. Péssima ideia. Inconsolable, do Backstreet Boys começou a tocar alto o suficiente para me fazer cair em lágrimas de novo.
Eu realmente já havia pensado que havia chance de Gabriel ficar comigo, de desenvolvermos alguma coisa. Pelo menos, era uma possibilidade que andava passando pela minha cabeça ultimamente. Mas isso era quando eu pensei que o conhecesse.
Fechei os olhos
"I try to sleep, yeah
But the clock is stuck on thoughts of you and me"Mas eu sabia que não conseguiria dormir. Nem se quisesse. A cena do nosso primeiro beijo me veio à mente e eu sabia que quanto mais eu ficasse deitada olhando para qualquer canto do quarto, mais eu pensaria nele, mais eu reviveria tudo.
Mas eu não ligava, pois eu fazia questão de manter a memória de um Gabriel sorridente e convencido, que me fazia rir e que me mostrava um milhão de músicas que eu passei a adorar. Pelo menos, essa parte de Gabriel eu sabia que era real.
Aliás, não, não sabia. Mas eu preferia acreditar que sim do que me machucar ainda mais, pensando que posso ter vivido uma mentira durante esses mais de 3 meses e me apaixonando por uma pessoa que sequer existia.
Meu celular apitou, fazendo a música abaixar o volume por um segundo. Alguém havia me mandado mensagem.
Gabriel.
"Hey, Mel... Minha mãe adorou me ver. Quero te trazer aqui algum dia para conhecê-la. Ela disse que tem algo diferente em mim desde a última vez que me viu. Você notou alguma diferença? Ela disse que pode ser paixão hahaha será? Me liga mais à noite? Beijos"
Enquanto eu lia a mensagem, a música ainda tocava ao fundo.
"I climb the walls, yeah
I can see the edge,
But I can't take the fall, no
I've memorized the number
So why can't I make the call?"Eu não conseguiria ligar para ele. Não hoje. Talvez nunca mais.
"I wish that I could find the words to say..."
Pouco tempo depois, meu celular apitou de novo, fazendo o meu coração pular.
Para o meu alivio, não era Gabriel, era Carol."Oie. Por que não foi na escola hoje à tarde Mel? Eu só te vi de manhã. Está tudo bem?"
"Oie. Tudo sim. Dormi mal na noite passada e decidi faltar à tarde para descansar."
"Que coincidência, Gabriel também faltou. Hahaha espero que não estejam fazendo coisas erradas, hein. Melhoras para você, gata."
"Obg, Carol. 💙. Bjs"
"Bjs ❤"
Na realidade, eu havia me esquecido da merda da escola na parte da tarde. Tantas coisas aconteceram no fim de semana e hoje, que eu nem pensei em mais nada.
Nunca me lembraria da escola enquanto estivesse presa no dilema, tentando entender se Gabriel era meu protetor ou uma ameaça.
Doía pensar assim, mas o que mais eu poderia fazer? Fingir que nada aconteceu? Isso era impossível. Eu já tinha quase admitido a mim mesma que amava aquele idiota com todas as minhas forças, mas agora... Tudo o que sobrou foram lembranças.
Mais um apito do meu celular. Aquilo já estava me irritando. Dessa vez, era Renato.
"Mel, você está bem? Quando saí, você parecia meio... Sem chão... Eu não devia ter contado tudo aquilo, me desculpe. Só achei que você deveria saber. Por favor, me responda. Quero saber se está tudo bem com você. Se quiser, podemos sair na sexta para você esfriar a cabeça. Já que fui eu quem causou esse caos em sua mente, nada mais justo do que ajudá-la a se livrar dele. Estarei aqui para o que precisar."
De repente, algo me ocorreu.
Gabriel nunca quis que eu chegasse perto de Renato por odiá-lo. Segundo Carol, o motivo desse ódio todo foi porque Renato estava interessado apenas no corpo da irmã de Gabriel, mas... E se Gabriel não quisesse que eu me aproximasse de Renato simplesmente por saber que ele poderia me contar tudo isso quando tivesse a chance?
Era isso. Gabriel preparou bem o terreno para que eu não me aproximasse de Renato, dessa forma, ele nunca teria uma brecha para me contar e me alertar sobre tudo o que Gabriel havia feito, sobre o seu passado, sobre a pessoa que ele realmente era.
Esperto, admito. E quase havia dado certo.
No fim das contas, talvez Renato fosse mesmo somente uma pessoa que queria o meu bem e era esse tipo de pessoa que eu deveria manter perto.
"Oi... estou tentando lidar com tudo da melhor forma. Eu só não esperava que você fosse me contar tudo aquilo, preciso de um tempo para me acostumar com a ideia.
E sim, aceito sair com você na sexta."
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HAHAHAHAHAHAAH fodeo
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Os Opostos se Atraem? - Livro 1
Teen FictionO que faria se você conhecesse um garoto de aparência estonteante, discreto, que se refugia na música, porém, que é completamente o seu oposto, meio mal educado, egoísta e só se importa consigo mesmo? O que faria se você se aproximasse demais desse...