— O que aconteceu?
— Minha mãe só sabe me tratar como uma criança! Qual é o problema de eu ficar aqui?! Qual é o problema de você ir me buscar lá em casa, de dirigir?
Me afastei dele e fui até a cama, irritada. Ele veio até mim.
— Calma. Ela vai sair do seu pé quando vir que você chegou inteira em casa.
— Você não a conhece. Eu vou ouvir sermão por uma semana.
— Deixa ela. Ela não tem com o que se preocupar. Afinal, não aconteceu nada aqui, certo, Melissa? — ele perguntou, com os lábios próximos à minha orelha, me fazendo arrepiar.
Filho da puta.
— Certo.
Meu celular tocou.
Pai.
— Me dá o celular.
Eu o olhei surpresa.
— Me dá o celular, Melissa.
Sem pensar, entreguei a ele e Gabriel atendeu a ligação, colocando no viva-voz.
— Alô?
— Quem é?
— Aqui é o Gabriel, Melissa está no banheiro, deixou o celular comigo — Gabriel falou com uma voz jovial e calma, depois sorriu, me olhando.
— Olá, Gabriel, meu nome é Carlos, sou o pai da Melissa. É na sua casa que ela está, certo?
— Sim, ela veio aprender uma música no violão, eu me dispus a ensinar. Ela aprende bem rápido.
Tapei a boca com as mãos para abafar a risada. O som de um acidente de trânsito era melhor do que eu tocando qualquer coisa.
— A mãe dela me ligou agora. Pode avisar que eu não posso ir buscá-la? Estou em uma reunião agora. Se não for incômodo, ia te pedir para levá-la de volta para casa.
Sorri.
— Claro, não é incômodo nenhum. Eu a levo.
— Muito obrigado. Apenas lembre-a de não comentar nada com mãe dela. Vamos deixar isso entre nós.
— Sim senhor.
— Obrigado, Gabriel. Até mais.
Gabriel desligou o telefone e me olhou com uma expressão de triunfo.
— Você não existe. Obrigada. E ele é doido se acha que vou falar com minha mãe sobre isso.
— Então, posso te levar, ou quer esperar até que seu pai saia da reunião e venha te buscar? — ele ergueu uma sobrancelha.
— Preciso responder?
Minutos depois, novamente estávamos na moto. Segurei em sua cintura e o observei pelo espelho. A viseira preta estava fechada, mas eu sabia que ele estava me olhando. Gabriel soltou uma risada abafada e deu partida.
Essa viagem foi mais rápida do que a primeira, afinal, ele correu mais
Parecia que voávamos pelas ruas. Sempre que eu ria, ele aumentava a velocidade e me fazia dar gritinhos de surpresa. Por reflexo, me agarrei a ele quando ele empinou a moto e o motor rugiu.— Gabriel, eu vou cair! — gritei, rindo
— Eu não vou deixar — ele disse e acelerou com a moto ainda empinada.
Meus braços doíam com a força que eu fazia me segurando em sua cintura, mas não posso negar, eu estava amando aquela adrenalina.
Andamos quase um quarteirão com a moto empinada e ela voltou a posição normal bem na hora em que paramos em frente à minha casa.
Desci usando seu ombro como apoio e entreguei o capacete a ele. Gabriel também tirou o seu capacete e o apoiou no guidom
— Obrigada por hoje. Por tudo — eu falei.
— De nada. Espero que possamos repetir a aula.
— Iremos. Bem, eu vou indo — sorri tímida, mas antes que pudesse me virar, ele me chama:
— Hey, espera. Tem uma coisa aí.
— O quê? No meu rosto?
— Sim. Vem aqui.
Me aproximei dele, minha barriga encostando em sua perna esquerda, que estava dobrada e apoiada no pedal.
— Mais perto — ele disse, num sussurro.
Dei mais um passo, praticamente ficando colada a ele. Meu coração batia forte como nunca antes e eu tive medo que ele pudesse simplesmente sair pela minha garganta.
— Onde está?— perguntei, encarando seu olhar intenso.
Eu tinha chegado tão perto que conseguia ver meu próprio reflexo em seus olhos. Minha imagem gravada em suaz íris oceânicas, como se ele visse só a mim 24 horas por dia. Apenas eu.
Ele ergueu a mão devagar em direção ao meu rosto e tocou minha bochecha suavemente antes de responder:
— Aqui.
E me beijou.
Senti minha alma dar várias voltas por entre as estrelas e quis me beliscar para ter certeza de que aquilo estava realmente acontecendo.
Sua boca era quente e tinha o tamanho perfeito para se encaixar à minha logo de primeira. Sua língua brincava com a minha e ele deu leves mordiscadas em meu lábio inferior.
A mão que estava em meu rosto foi para minha nuca, enquanto a outra permaneceu firme em minha cintura. Subi minhas mãos para os seus cabelos e os puxei de leve, sentindo um sorriso se formar contra a minha boca.
Devagar, nos afastamos e ele sorriu, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Meus lábios involuntariamente se curvaram também em um sorriso.
— Eu queria fazer isso há muito tempo.
— Há quanto tempo exatamente?
— Desde que te vi a primeira vez.
Então, éramos dois.
— Boa sorte com sua mãe — ele falou e me deu um selinho sorrindo.
— Obrigada. Falando nisso, só por curiosidade, você é à prova de balas?
— Depende — ele colocou o capacete — Se for para eu poder te beijar de novo, sim.
Sorri boba.
— Tchau, Melissa.
— Tchau...
E com um ronco alto da moto, ele se foi.
===================================
FINALMENTEEEEEEEEEEEEE TEVE O BEIJOOOO
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Opostos se Atraem? - Livro 1
Teen FictionO que faria se você conhecesse um garoto de aparência estonteante, discreto, que se refugia na música, porém, que é completamente o seu oposto, meio mal educado, egoísta e só se importa consigo mesmo? O que faria se você se aproximasse demais desse...