Capítulo 22

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Eu não sabia o que fazer. Meu estômago estava revirando.

Tinha acabado de fazer amizade com o garoto que Gabriel mais odiava no mundo. Se ele sonhar que Renato veio aqui, estamos os dois mortos. E eu não podia esquecer da minha mãe, pois a situação era igual: se ela sonhasse que eu trouxe um garoto aqui, ela vai ter um treco.

Eu falei que ele podia levar a compressa.

Falei para me devolver na escola.

Deus. Eu estava ferrada.

Mas, afinal, nada de inapropriado tinha acontecido, certo? Eu somente o ajudei, não é possível que isso fosse se tornar um problema.

Me forçando a parar de pensar nisso, assisti mais alguns episódios da série que estava vendo enquanto jantava e acabei dormindo momentos depois, para não ouvir sermão de como eu não podia subir na garupa de "qualquer um", que estava marcado para começar às 23 horas em ponto.

No dia seguinte, falei oi para as meninas assim que cheguei na escola, mas disse a elas que voltaria dali a pouco para ficar com elas e Carol me disse que algo para me contar.

— Pode ser daqui a pouco? — perguntei.

— Claro!

Sorri e saí, indo para o outro lado da escola, pertp da outra biblioteca. Curiosamente, eu já tinha decorado o caminho.

Como sempre, ele estava ali, sentado no chão com as costas na parede, os olhos fechados, fones no ouvido, batucando na perna.

Me sentei ao seu lado e tirei um dos fones de sua orelha, colocando em meu ouvido, o que o fez abrir os olhos.

 — Hey.

Ele sorriu fraco e sem me encarar completamente. Havia algo errado com seus olhos, eu percebi logo de cara.

Ele os fechou novamente e encostou a cabeça na parede, em silencio.

Algo se agitou em mim e minha intuição gritou que tinha alguma coisa errada. Por que ele está desse jeito.

 — Gabriel, abre os olhos.

— Melissa...

— Abre os olhos.

Ele o fez e eu vi o que não queria.

Ele tinha um contorno vermelho em volta das iris, e não era de quem havia chorado.

— Gabriel, você usou de novo?

— Talvez.

— Talvez?

— Só um pouquinho...

— De quê?

— Não vou te falar, você vai tirar de mim.

— Claro que vou! Você tem que parar com isso. Isso ainda vai te matar, cacete!

— Eu sei — ele suspirou — Hey, já reparou que o professor de história é careca?

O que aquilo tinha a ver?

— Não muda de assunto! — peguei o seu rosto, o fazendo olhar para mim.

— Não mudei de assunto — ele disse simplesmente.

Ele não havia prestado atenção em uma palavra do que eu havia falado.

— O que acha de matarmos aula hoje o dia todo?

— Ficou louco?

— Claro que não, por quê?

— Olha o que está falando!

— Nada demais.

Não precisava de muito para saber que ele havia fumado maconha antes de ir para a escola. E não tinha sido pouco. Mas por quê?

Os Opostos se Atraem? - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora