Achei extremamente esquisito ele ter deixado a tarefa de inglês dentro de um caderno que não era de matérias da escola. Eu só o via usando esse caderno para desenhar ou escrever alguma coisa.
Foi quando estava com o caderno em mãos que eu percebi onde já o havia visto: no primeiro dia de aula.
E agora tudo fazia ainda menos sentido.
Ele não fazia sentido.
Meu pai me buscou na escola e eu fui para a casa da minha mãe, onde tomei banho, arrumei meu quarto e me sentei à escrivaninha para fazer me livrar logo dessa tarefa de inglês e de algumas tarefas que estavam atrasadas, antes de me concentrar nos estudos.
O meu problema não era fazer a tarefa em si e a minha fluência no idioma inglês estava aí para provar isso. Omeu problema era me concentrar, que era algo que eu não conseguia fazer por muito tempo, então preferia gastar minhas poucas horas de foco estudando para o vestibular e não escrevendo textos em inglês
Confesso que eu estava ansiosa para ver o que ele tanto fazia naquele caderno desde o começo das aulas, então o abri com cuidado para não perder nada.
Nas primeiras páginas não havia nada demais, apenas algumas anotações aleatórias e rabiscos. Mas no final, meu coração deu um pulo. As últimas páginas que outrora foram brancas estavam repletas de desenhos feitos a lápis, alguns à caneta azul e preta, sempre com traços rebeldes e finos formando rostos aleatórios.
Passei mais algumas páginas e me deparei com um que era apenas as mãos de alguém, havia uma boca em outra página, olhos em outra e o esboço de um corpo mais à frente. Depois de mais algumas páginas, vi algo que me assustou.
O meu rosto estava ali, juntamente com todos os detalhes dele, formando uma expressão séria: a testa um pouco franzida, elaborando uma cara de dúvida.
O que meu rosto fazia ali? O que eu fazia ali? Voltei algumas páginas e observei melhor as mãos e os olhos que estavam desenhados nas folhas anteriores.
Eram minhas mãos, meus olhos, minha boca, meus detalhes.
Conforme eu ia passando as páginas, notei certas diferenças noa traços em meu rosto. Os lábios passaram a ser mais rachados, meus olhos não tinham mais brilho, olheiras apareceram embaixo deles e as maçãs do meu rosto ficaram mais evidentes.
Ele havia registrado as mudanças pelas quais meus corpo passou nesse tempo.
Analisando as datas, percebi que ele fez um desenho a cada 4 dias, mais ou menos, retratando o modo como mudei e me destruí por fora, com detalhes.
Eu percebia que ele estava me observando e a cada desenho, eu me deteriorava mais. Era assim que ele estava me vendo? Era assim que eu estava ficando?
Sim.
E eu estava com medo de piorar a cada dia mais e não saber como estaria no final.
Foi como se um buraco tivesse se aberto em meu estômago. Eu nunca reparei que era assim que as pessoas, que ele, me viam, afinal, eu me olhava no espelho, mas é muito mais fácil enganar a vista para as mudanças que estavam acontecendo dia após dia acompanhando diariamente.
Nos desenhos, isso era diferente. A mudança materializada ali me atingiu como um soco e por um momento, eu não reconhecia mais quem eu era.
Com os olhos molhados, virei mais uma página, pronta para ver a evoluçãoda minha deterioração, mas não havia um desenho.
Havia um poema.
Inocência:
A beleza de uma alma infantil,
Que sem maldade é pura e gentil,
Toca minha alma de poeta vil,
E faz-me amar, amor que nunca se viu.
A frieza em mim sua alma baniu
E trouxe a mim o único amor que a minha já sentiu.
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Gente, para quem quiser saber a origem desse poema (que eu não copiei de lugar algum e nem escrevi) me mandem uma mensagem aqui ou nos comentários que eu respondo, ok?
Besitos.
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Os Opostos se Atraem? - Livro 1
Teen FictionO que faria se você conhecesse um garoto de aparência estonteante, discreto, que se refugia na música, porém, que é completamente o seu oposto, meio mal educado, egoísta e só se importa consigo mesmo? O que faria se você se aproximasse demais desse...