Capítulo 9

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~Melissa~

Mas que merda é essa?

Ouvi alguém perguntar. Eu estava fraca demais para ter percebido que tinha alguém se aproximando e, àquela altura, nem me importei mais, entretanto, o meu cérebro mandou o comando para que meus olhos se abrissem porque reconheceu aquela voz.

Era como se eu estivesse vendo um anjo.

Gabriel estava próximo a nós, com as pernas separadas, braços ao lado do corpo tenso, pronto para o ataque. Suas mãos se fecharam em punho e ele travou o maxilar com força o suficiente para quebrar todos os dentes.

Ele era uma tempestade, pronto para alastrar com tudo à sua frente. Ele era o caos, e a fúria em sua voz era evidente.

 — O que quer aqui, Marques? — o cara rosnou.

— Que merda você está fazendo com ela, Souza? — ele perguntou entredentes, suas voz saiu como um rosnado.

 — Não está claro? Estou me divertindo. Junte-se a nós.

O cara, Souza, entrou mais fundo com os dedos em mim, me arrancando um grito arranhado da garganta.

— Eu vou te mandar direto para o inferno, seu desgraçado. 

No segundo seguinte, Souza foi arrancado de perto de mim com violência, indo parar no chão com toda a força e Gabriel estava em cima dele, acertando o seu rosto em todos os ângulos possíveis.

Me desencostei da parede e arrumei as minhas roupas com urgência, ainda soluçando enquanto chorava. Minhas pernas perderam o equilíbrio e eu me sentei ali, abraçando o meu próprio corpo enquanto olhava com atenção Gabriel acabar com o cara.

Eu queria isso, e queria mais. Eu queria que ele morresse

Minha cabeça começou a doer mais e eu cobri o rosto com as mãos e deixei que as lágrimas saíssem. Não vi o restante da briga, não vi nada, não ouvi nada. Só escutava o som do meu choro de agonia, desespero e dor.

Eu simplesmente não acreditava no que tinha acabado de acontecer.

Ouvi passos se aproximando e alguém tocou o meu braço. Me encolhi rapidamente, desviando do toque, e a pessoa se agachou na minha frente, tirando o meu cabelo do rosto.

A voz que ouvi foi um sussurro suave.

 — Sou eu.

Senti uma onda tão grande de alívio, que todo o meu corpo amoleceu, como se um peso de toneladas tivesse sido tirado das minhas costas.

Eu não queria falar, eu não queria explicar. Eu não queria responder e nem ouvir nada, eu só queria ficar ali, imóvel, esperando esse sentimento horrível ir embora. 

— Você consegue andar? — ele perguntou baixo.

Eu hesitei. Não sabia o que responder.

 Mas não precisei. Ele colocou um braço nas minhas costas e, com o outro embaixo dos meus joelhos, me ergueu.

Franzi a testa e travei os dentes, segurando em seu pescoço com força.

— Está doendo? Onde?

— Tudo — minha voz quase não saiu, mas eu sabia que ele tinha escutado.

Ele me levou para fora, e antes de sair, pude notar um volume caído na grama onde ele estivera minutos antes. Eu torcia com todas as forças para que aquele filho da puta tivesse ficado com as piores sequelas que um ser humano possa ter. Não quero saber o que acontecerá com ele, se ficará vivo ou morto, apesar de preferi-lo morto.

Os Opostos se Atraem? - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora