Então era agora que eu iria aprender.
Abri o portão eletrônico, que graças a Deus não fazia muito barulho, e entrei no carro. O básico eu sabia fazer. Liguei o carro, embreagem, primeira marcha e soltei o pé da embreagem devagar enquanto acelerava, rezando para não perder o controle do volante enquanto eu o apertava.
O carro saiu devagar da garagem e eu apertei o botão do controle, fazendo o portão se fechar. Até aqui tudo bem.
Primeira etapa concluída. Respirei fundo e acelerei novamente, girando a direção para tomar o sentido da rua.
Ah, meu Deus, tomara que eu não morra.
Da minha casa até a casa de Gabriel era um trajeto que poderia ser feito em cinco minutos, dez no máximo. Mas eu demorei o dobro disso.
Os próximos 20 minutos foram apenas: freio, acelerador, embreagem, marcha, semáforo, torcer para nenhum carro brotar do chão e bater em mim, freio, embreagem, marcha, acelerador. Ao reconhecer as ruas que ficam perto da casa de Gabriel, minhas mãos começaram a tremer. Estacionei o carro completamente torto em frente à sua casa e saltei dele quase antes mesmo de puxar o freio de mão.
Havia apenae uma luz acesa, a de seu quarto. E tudo estava em silêncio.
Algo que pareceu alguma coisa se quebrando seguido de um estrondo na parede me correr até a campainha. Antes de tocá-la, parei. Ele estava furioso, nunca abriria o portão para mim, não por vontade própria, ao menos.
Como no portão havia detalhes que poderiam ser usados como suporte, comecei a escalar, rezando para todos os santos para que ninguém me visse fazendo isso. Eu poderia ir presa.
Como eu já previa, minha falta de coordenação me fez cair assim que cheguei no topo. E para ajudar, caí em cima do meu braço, de forma que uma dor alicinante me atingisse. Que ótimo.
Não estava quebrado, eu sabia porque conseguia mexê-lo, mas a dor era horrível, eu com certeza vou ter que ver isso depois.
Me levantei com o maldito braço doendo e tirei o cabelo do rosto. Percebi que por pura sorte a porta estava aberta. Digo sorte porque não teria o que fazer caso ela estivesse trancada. Eu nunca conseguiria arrombar. Era como se todo o universo gritasse: entre!
Entrei correndo e subi as escadas de dpis em dois indo até o quarto dele, mas parei quando vi algo passar zunindo pelo meu rosto e se estilhaçar na parede atrás de mim, bem ao lado da minha cabeça.
Gabriel, que estava só de jeans e camiseta dentro de seu quarto, se virou e parou de costas para mim. Ele não tinha me visto ainda. Na cama e no chão haviam garrafas de bebida vazias. E a escrivaninha estava cheia de pó branco espalhado.
Porra, Gabriel.
— Gabriel?
Ele demorou para se virar, provavelmente pensando se a minha voz ali quase 01h da manhã era real.
Ele se virou para mim e me olhou com raiva, mas ao mesmo tempo, surpreso.
— O que faz aqui? — ele rosnou — Aquele filho da puta te jogou fora e você veio correr atrás de mim?
Gabriel arrancou um quadro da parede e o lançou ao chão, me fazendo pular de susto.
— Se assustou, é? Está com medo, Melissa? — ele veio chegando mais perto e eu dei um passo para trás, pisando nos cacos de vidro do objeto que quase acertou a minha cabeça momentos atrás — Por quê? Não foi curiosa o suficiente e corajosa para vir até aqui?
Gabriel se aproximou ainda mais, me fazendo encostar na parede atrás de mim.
— Então, se acontecer alguma coisa com você, a culpa será sua, certo? Já que foi você que procurou encrenca — seu tom de voz era sério.
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Os Opostos se Atraem? - Livro 1
Teen FictionO que faria se você conhecesse um garoto de aparência estonteante, discreto, que se refugia na música, porém, que é completamente o seu oposto, meio mal educado, egoísta e só se importa consigo mesmo? O que faria se você se aproximasse demais desse...