Capítulo 41

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*Ouçam a música, não vão se arrepender*

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Eu não sabia se estava chorando ou gritando. Talvez eu estivesse fazendo as duas coisas ao mesmo tempo mesmo sem ter consciência disso. Meu cérebro simplesmente não processava as informações que eu havia acabado de receber, era um modo de eu mesma me enganar para que eu me sentisse melhor, mas não estava dando certo.

Todas as informações rodavam na minha cabeça interminavelmente, rodando e rodando, e eu tentando colocar um sentido nelas, para que parecessem menos cruéis, menos surreais. Mas não dava.

Eu não queria tentar me levantar do chão. Tinha medo de cair, já que não enxergava nada por causa das lágrimas que corriam para fora dos meus olhos e caíam no piso com uma velocidade incrível.

Não era possível que Gabriel tivesse feito aquilo. Justo ele, que cuidou de mim quando aquilo havia acontecido a mim. Justo ele, que escreveu vários poemas, várias músicas, pensando em mim. Que havia me desenhado e ocupado tempo o suficiente reparando em mim para perceber todas as mudanças em meu rosto. O mesmo Gabriel que desafiava professores, faltava às aulas à tarde, mas tirava notas boas, gostava de Avatar e havia estado do meu lado quando eu não tinha mais ninguém para contar.

Mas nesse momento, aquela garota que sofreu nas mãos dele pode estar andando pelas ruas, ou trancada em sua casa, com medo de que tudo possa acontecer de novo, como eu estava. Talvez ela não tivesse ninguém ao lado dela para desabafar, mas eu tinha. E esse alguém era justamente a pessoa de quem ela provavelmente mais tinha medo.

"Quase matou ela aos tapas" não, eu me recusava a acreditar nisso. Não era possível. Ele me defendeu... ele bateu no cara que me violentou. Gabriel quase...

O matou aos socos.

Um arrepio me percorreu toda a espinha. Todo esse tempo, eu estava perto de um... cara que já bateu e abusou de uma mulher, que se cortava, que bebia, que usava drogas, que não tinha controle de suas emoções,  que era instável...

Mas... também era alguém que havia me abraçado, me beijado, sido carinhoso comigo, que me ouviu, que me acolheu, que cuidou de mim...

"Você é parte do meu mundo agora" ele havia dito. Ele disse que gostava de mim, que pensava em mim... Ele não era uma má pessoa...

Sim, era.

Ou, pelo menos já foi. Só alguém sem sentimentos consegue fazer o que ele fez. Gabriel já havia sido puro sangue frio um dia. Ele já havia sido o cara que não se importa com ninguém, nem com as consequências. Ele já havia sido o cara cujo nome apavorava uma garota só de pensar nele.

Ou será que ainda era?

E eu estava gostando desse cara. Eu estava gostando do cara dono de uma das características que me fazia sentir nojo, repulsa.

Eu estava amando esse cara.

Puxei minha mão para trás e a lancei para baixo, dando um belo murro no piso, que abriu um pequeno corte nas minhas juntas, mas eu não sentia nada. Eu estava anestesiada de qualquer dor externa, afinal, todas as dores juntas não davam a metade do que eu estava sentindo por dentro. Não significavam nada perto do rebuliço que estava crescendo e me incinerando por dentro. E eu não fazia ideia do que iria fazer agora.

Em meio a tantas incertezas e instabilidades, eu só tinha certeza de uma coisa. Entre todos os sentimentos que tinham me invadido, apenas um se sobressaía: eu estava incompleta.

"I pray for this heart to be unbroken, But without you, all I'm going to be is incomplete"

Os Opostos se Atraem? - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora