Acordei no domingo de manhã um pouco melhor do que estava quando havia ido dormir. Gabriel não estava mais do meu lado e eu não me lembrava muito bem do que havia acontecido ontem. Eu estava na casa de Carol e bebi, mas não lembro o motivo; só que Renato estava lá.
Me levantei, percebendo que estava com as mesmas roupas de ontem; minha bolsa estava na cadeira da escrivaninha, no quarto de Mirella. A abri e troquei de roupa logo após tomar banho. Desci para a cozinha, a mesa estava cheia de variedades, e Gabriel estava de costas para a porta, perto da pia. Só de jeans e descalço.
- Hey - falei e ele se virou
- Hey, Mel... Está tudo bem? - ele veio ate mim e me abraçou.
- Sim. Estou melhor do que ontem, mas o que aconteceu? Eu nunca bebi daquele jeito...
- Não se lembra?
- Não...
- Carol me mandou uma mensagem para me fazer entender tudo, já que cheguei lá depois. Estavam você, Ju, Laura, Renato, Pedro, Luiz e Marcelo. Brincaram de verdade ou desafio, você pediu desafio e mandaram você beijar Renato. - algo raivoso passou por seus olhos - você não quis fazer isso, então teve que optar em beber ou pagar calcinha.
Claro que eu iria beber.
- Quando cheguei lá, você já estava passando mal, então te trouxe para cá.
Vários flashes invadiram minha cabeça, como se eu fosse me lembrando das coisas devagar. Eu havia mandado mensagem para Gabriel, que perguntou se Renato estava lá e acabamos a conversa com ele dizendo: Em meia hora estou ai".
Agora fazia sentido.
- Você não... - comecei e o encarei.
- Se bati nele? Bem que eu queria, seria uma diversão. Mas, não. Não fiz isso. E por que se importa?
- Porque ontem ele não teve culpa. Pedro deu o desafio. Renato não fez nada, não tem motivos para bater nele.
- Tudo bem, relaxa. Não aconteceu nada. Já falei.
- Tudo bem...
Depois de lembrar de tudo, eu estava bem mais aliviada e tranquila por Gabriel não ter ficado nervoso com os meninos. O olhei, feliz por estar tudo bem e por estar ali.
Quase não consegui desviar os olhos quando vi que a luz que vinha da janela atrás dele o fazia parecer um anjo. Um anjo caído do céu com lampejos reluzentes por todo o corpo, exaltando tua beleza e seus traços... que vista linda.
Gabriel me tirou dos meu devaneios ao dizer:
- Mel, preciso te contar uma coisa. Eu vou passar uma semana com a minha mãe, ok? - ele falou de repente.
- O-o que?
Gabriel nunca falava da mãe, nunca mencionava a sua existência, e muito menos falava sobre ir passar um tempo com ela.
- Faz 3 meses que não a vejo. Ela mora numa cidade a duas horas daqui. Com minha tia. Vou visitá-la. Provar que está tudo bem. Ela me ligou a semana toda.
- Uau, três meses... tudo bem, vai sim, ela vai gostar de ver você... uma semana?
- Sim... uma semana - ele pegou minhas mãos- Vou amanhã e volto domingo que vem. De manhã estou aqui.
- Então não vai na escola... - falei baixo.
Eu não queria demonstrar o quão chateada estava. Uma semana inteira longe dele?
- Não, não vou. Me empresta os cadernos depois?
- Claro. E... mande um beijo para sua mãe por mim. - sorri fraco.
- Tudo bem.
Tomamos café conversando sobre ontem e sobre coisas da vida, principalmente música, que era o nosso assunto favorito.
Arrumamos a cozinha e ele me pediu ajuda para arrumar a sua mala, então, nós fomos para o quarto dele. Gabriel abriu uma das gavetas da cômoda e tirou de lá bermudas e camisetas de cores variadas, alegres. Coisas que adolescentes usavam. Nenhuma roupa preta, gótica ou algo do tipo.
- Qual é a dessas roupas? - perguntei.
- Minha mãe nunca gostou que eu usasse só preto, dizia que atraía coisas ruins. Não posso visitá -la usando roupas pretas, coturnos ou algo do tipo. - ele respondeu.
- Isso é... legal. Fazer o que a mãe gosta.
- Pelo menos uma vez... sim... - ele disse. - Sabe - suspirou - eu poderia ter sido um filho melhor. Principalmente depois que Mirella se foi.
- Você era praticamente uma criança, Gabriel. Não se culpe, por favor - falei e comecei a arrumar as coisas dentro da mala.
Sete bermudas, sete camisetas, chinelos, tênis, cuecas e casacos. Três jeans. Era o que estava em sua mala uma hora depois, quando acabamos de arrumá-la.
- Obrigado, Melissa. - ele disse.
- De nada. - falei e ele me olhou sorrindo.
Fechou o zíper da mala rapidamente e veio até mim devagar, sempre com o sorriso no rosto.
- O que foi? - perguntei.
- Nada... - ele falou baixo e colocou a mão em minha nuca, chegando perigosamente perto.
Dei alguns passos para trás e me encostei na parede atrás de mim.
- Eu só... quero te beijar. Muito. Muito mesmo.
Eu sorri. Ele nunca disse isso. Não desse jeito, explícito assim.
- Então me beija.
Nem um segundo se passou e seus lábios se colaram aos meus e sua língua brincava com minha numa agilidade incrível. Nem me lembro quando foi a última vez que nos beijamos, só sabia que eu queria muito aquilo, que eu amava aquilo e se pudesse, não pararia nunca mais.
Suas mãos desceram para minha cintura e se firmaram ali. Ele intensificou o beijo e colou nossos corpos, depois desceu uma das mãos para minha bunda e apertou. Eu ri, ele apertou mais forte. Voltou as duas mãos para minha cintura e foi me puxando para a cama devagar.
Gabriel deitou por cima de mim, entre minhas pernas, sem parar de me beijar por um só segundo. Uma parte de mim estava amando, mas a outra entrou em pânico só de pensar o que poderia acontecer a partir dali.
Eu claramente ainda não estava preparada para aquilo. Não ainda.
- Gabriel... - falei ainda de olhos fechados.
Ele parou de me beijar e me olhou, entendendo.
Desviei os olhos, culpada, e ele me fez olhar para ele de novo, de forma delicada.
- Não vou te forçar a nada, Mel. Vamos no seu tempo. Se ainda sentir que não está preparada, está tudo bem. Eu espero o tempo que precisar. Mas só quero que tenha a certeza de que, quando estiver pronta, vai ser muito especial tanto para mim quanto para você. E eu farei questão de fazer você sentir como se fosse a sua primeira vez.
Concordei, sorrindo e pensando que estava sonhando. Como poderia alguém ser como ele?
Gabriel me deu um beijo na testa e me abraçou. Ficamos deitados na cama até o fim do dia como uma forma de despedida. Eu sabia que era só uma semana, mas sentiria saudades mesmo assim.
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Os Opostos se Atraem? - Livro 1
Teen FictionO que faria se você conhecesse um garoto de aparência estonteante, discreto, que se refugia na música, porém, que é completamente o seu oposto, meio mal educado, egoísta e só se importa consigo mesmo? O que faria se você se aproximasse demais desse...