Capítulo 12

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Saímos daquele corredor porque logo o sinal iria bater e todos passariam por ali. Então, ele me levou para um lugar perto de uma outra biblioteca que tinha no prédio, que eu nem sabia que existia até aquele momento.

Ele me explicou que quase ninguém ia até ali, por ser muito distante, já que ficava quase do outro da escola, então os alunos costumavam usar a biblioteca que ficava mais próxima de todos, ou seja, onde estávamos antes.

Afinal, quem se "esconderia" perto de local extremamente longe e cheio de livros?

Nós.

Ele escolheu um canto do corredor e, antes de se sentar, me olhou de cima a baixo.

— O quê?

— Qual foi a do moletom largo?

Meus tênis brancos foram substituídos por meu all star velho e puído, assim como as minhas calças jeans justas foram deixadas de lado, tendo a legging preta ocupando o seu lugar. A blusa de uniforme justa estava coberta por um moletom largo cinza escuro.

Esse tipo de roupa nunca foi exatamente o meu estilo, mas era praticamente só o que eu usava nessas últimas semanas. Quanto menos o meu corpo chamasse a atenção, melhor.

— Só quis começar a usar isso. Algum problema?

Ele deu de ombros, se sentando, e eu me sentei ao seu lado. O olhei quando ele me entregou um dos fones e vi que ele segurava um caderno de capa preta no colo, com alguns desenhos indefinidos feitos de corretivo na capa.

Eu tinha certeza de que já havia visto aquele caderno em algum lugar, mas não lembrava onde.

— O que é isso?

— Um caderno

— Eu sei, idiota. Mas não é de nenhuma matéria. Do que é?

Ele me olhou, curioso.

— Como sabe que não é de nenhuma matéria?

— Não estramos na sala, então você está com ele desde a hora do intervalo.  E você não traria um caderno de matérias para o intervalo. Nunca fez isso.

— Acertou, não é de matérias.

— É de quê?

Ele deu um sorrisinho.

— Isso você vai saber depois.

Eu odiava ficar sem saber das coisas.

Coloquei o fone no ouvido e, enquanto Pearl Jam tocava em volume alto, o olhei atentamente. Ele escrevia coisas no caderno e sempre  tapava com a mão quando eu esticava o pescoço para conseguir ver o que era.

 — Chato.

Virei o rosto para o outro lado, puxei as mangas do moletom, cobrindo as mãos e encolhi as pernas, escondendo o rosto nos joelhos

Depois de uns 10 minutos, ele me cutucou. Levantei o rosto e vi que ele sorria. Em suas mãos, o caderno estava aberto em uma página em branco, aliás, que estava em branco. Agora, tinha um desenho nela e era esse desenho que ele estava me mostrando. O desenho era uma garota encostada na parede, as pernas encolhidas e o rosto escondido nos joelhos.

O desenho era eu.

E estava perfeito.

Peguei o caderno de suas mãos para poder olhar a arte mais de perto. Era apenas um esboço, com vários traços rebeldes saindo pelas laterais, mas ele havia colocado cada detalhe ali. Todos os da minha roupa, até algumas manchas do meu tênis. Completamente simétrico... quase com vida.

Os Opostos se Atraem? - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora