— Ele?
— Sim, por quê?
— Ele só... — Carol hesitou — não é de ajudar muito as pessoas — Mas depois te falo mais sobre ele. Vamos, as meninas estão logo ali.
Chegamos até a cantina, onde Carol avistou uma mesa com mais duas garotas, se dirigindo até lá, me encorajando a segui-la.
— Gente, essa é a Melissa. Aluna nova da minha sala. Mel, posso te chamar assim né? Essas são Júlia e a Laura — Carol apontou, respectivamente, para a garota loira de olhos verdes e para a de cabelos pretos e olhos castanhos.
— Olá.
— Está gostando daqui? — perguntou Laura.
— Só fiquei por duas horas, ainda não dá para dizer, mas gostei de vocês.
— Você é simpática — disse Júlia — Estamos precisando de garotas assim. A maioria daqui é sem educação.
— Infelizmente, é verdade. A maioria das garotas daqui são rudes e chatas — completou Carol — Mas são bonitas. Elas só não têm conteúdo. E o pior é que nessa idade os meninos só procuram meninas com corpo e rostinho bonito. Qualquer uma serve, mesmo que não tenham tanta massa encefálica.
Laura concordou.
— Os meninos aqui também tem uns neurônios a menos, mas não tem como não fazer amizade com eles.
— Ah, tem sim — Júlia se prontificou — Odeio todos.
Carol riu.
— Todos menos o Luiz Fernando.
— Aquele loiro azedo? Nunca! Ele é ridículo.
— Vocês vão acabar juntos.
Júlia rolou os olhos e corou, tentando disfarçar o sorrisinho que brotou em seu rosto.
— Não, não vamos. Ele nem liga para mim.
— Ela diz isso, mas ele rasteja aos pés dela — Carol sussurrou para mim.
— Ei! Dá para ouvir, ok? — disse Júlia.
O sinal bateu e nós tivemos que voltar para a sala, mas antes de entrarmos, deu para ver que uma briga estava rolando na porta lateral da cantina. Havia uma roda de pessoas espiando e mais algumas se juntando para poder ver o que estava acontecendo.
— Quem está lá? — perguntou Laura — Carol, você é alta, olha aí!
— É o Renato e... calma, não consigo ver. Ah, o Gabriel. Droga, logo no primeiro dia? Eles podiam, pelo menos, esperar passar a primeira semana!
— O Gabriel não toma jeito, vai pegar detenção de novo — observou Júlia.
Eu, que não tinha nem 1.60m, não conseguia enxergar nada no meio daquele mar de pessoas que estavam se juntando.
— Renato está levando uma surra — disse Carol, abismada — Gabriel sabe bater. Ele vai deixar o cara com tantos hematomas, que já estou até com dó.
Eu não sabia quem era Renato, muito menos Gabriel, mas já vi que tinha que ficar longe desses dois, que, pelo visto, só arrumavam briga.
Só que eu era muito curiosa. Não é por maldade, era só que ficar longe de coisas que despertavam meu interesse era um pouco... digamos... complicado. Por que eles estavam brigando, afinal? E por que ninguém estava indo lá apartar essa briga?
Estiquei o pescoço e fiquei na ponta dos pés para que eu pudesse ver melhor O garoto que estava em cima ia acabar com o que estava por baixo. Não dava para ver nada, já que eu havia esquecido o óculos na sala. Só sabia que o de cima ganharia, sem dúvida.
Espera... Aquela jaqueta...
— Vamos, Mel — Carol chamou — A professora não vai querer nos deixar entrar se demorarmos. Ninguém aqui gosta muito de atrasos.
— Eu percebi.
Continuamos nosso caminho e entramos na sala, afinal, eu não queria mais uma palestra sobre atrasos. De certa forma, foi um alívio porque eu odiava ficar sem os meus óculos. A sensação de não enxergar era horrível, então a primeira coisa que fiz foi colocá-los quando cheguei ao meu lugar.
A aula seria de biologia, depois história e por fim, inglês. Então eu estaria livre e voltaria para casa.
Olhei por cima dos ombros e notei um lugar vazio na sala. Era do garoto-rock. Por algum motivo, ele não havia entrado e só foi aparecer na aula de história, recebendo um olhar mortífero do professor por ter entrado fora do horário.
Eu não entendia, já era a segunda aula que ele perdia no dia. Se continuasse assim, em uma semana ele facilmente ultrapassaria o limite de faltas do ano todo.
— Onde estava?
O professor perguntou, mas o garoto não respondeu. Apenas se sentou em sua cadeira.
— Estou falando com você. Onde estava?
— Por que quer saber? — o garoto o encarou.
— Porque você está atrasado.
— Não. Você quer saber porque sabe que a culpa vai em você se algum aluno estiver fora da sala no seu horário de aula. Você não quer saber onde eu realmente estava, só quer arrumar uma desculpa para quando alguém te perguntar o motivo de eu estar lá fora e você não ser o culpado por isso.
Todos na sala estavam boquiabertos, mas não mais do que eu. Um pequeno sorriso surgiu em meu rosto e apesar do choque, eu percebi que havia gostado desse garoto.
Não me levem a mal, ele era bem sem educação e isso me irritava um pouco, claro, mas eu gostava das pessoas com voz, que falavam o que ninguém queria ouvir, mesmo sendo a verdade. E esse garoto é uma dessas pessoas, sem dúvida.
— Escute, garoto, a sua emancipação não significa que pode falar com as pessoas da forma como bem entender. Isso vai constar no seu relatório de hone e espero que tire notas altíssimas em todas as matérias até o fim do ano porque basta um deslize seu para você não se formar.
O garoto não respondeu. Apenas continuou a encarar o professor.
Pronto. Bastou aquilo para que a minha curiosidade começasse a pinicar por todo o meu corpo.
Aquele garoto era emancipado? Por quê?
Meus neurônios decidiram começar a trabalhar enquanto a aula se seguia. Fiquei todos os 50 minutos dela listando motivos que encontrei que explicassem o motivo do garoto ser emancipado.
1) talvez ele apenas quisesse isso e obteve o consentimento dos pais, simples;
2) talvez ele não se dava bem com a família;
3) talvez ele não suporte alguém que mande nele.
Convenhamos, o terceiro motivo me parecia o mais provável. Estava na cara que ele não suportava seguir regras e ser cobrado de algo.
Pensando melhor... Eu também odiava isso, assim como todos os adolescentes, mas não acho que seja um motivo suficiente para pedir a emancipação. Ele tem o quê? 16, 17 anos? Por que quer tanta responsabilidade assim?
Observei a lista. Apenas 3 itens constavam nela. O professor ainda falava sem parar sobre alguma coisa que eu não fazia ideia do que era.
Dei uma leve espiada para trás e meu coração errou uma batida quando vi duas íris azuis escuras olhando diretamente para mim.
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mais um cap. amores!!!
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Os Opostos se Atraem? - Livro 1
Teen FictionO que faria se você conhecesse um garoto de aparência estonteante, discreto, que se refugia na música, porém, que é completamente o seu oposto, meio mal educado, egoísta e só se importa consigo mesmo? O que faria se você se aproximasse demais desse...