Capítulo 21

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A porta estava encostada, tornando mais fácil escutar a conversa. Eu não sabia exatamente com quem minha mãe estava falando, mas suas palavras eram curtas e grossas.

— Sabia que é feio escutar conversas? — Matt sorri de um jeito diabólico que me dá calafrios.

— Ah... Eu... não fiz isso, não foi intencional.

Caminho até a cozinha e volto a despejar água quente para preparar o café. Matthew abre o armário para pegar as xícaras, mas, por azar, nenhuma era par. Era xícara de um tipo e pratinho de outro.

— Isso é muito hospitaleiro.

— Ah, fala sério, não é legal rir dos outros — afirmo enquanto pego a garrafa.

— Sério, minha mãe ficava louca quando não tinha suas combinações exatas. Isso me irritava, pois quando minha irmã quebrava alguma lavando, eu era obrigado a ir comprar o par.

— Não vejo nada de hospitaleiro nisso.

— Você não entende!

— Nem quero — resmungo.

— Pode ajeitar para mim? — Savannah pede, enquanto estica o braço para mostrar a touca de tricô que minha avó havia feito para mim antes de vender a casa do lago.

Fecho a garrafa depois de despejar o café, pego a touca e coloco na cabeça brilhante de Savannah.

— Eu já disse que te acho linda? — pergunto, enquanto ela sorri timidamente.

A tarde passa normalmente. Todos os momentos Matt está perto de mim, enquanto Savannah fica brincando de boneca. Mamãe está fazendo faxina fora de casa para ganhar uns trocados. Percebo o quanto Matt fica apreensivo quando está sozinho, como se estivesse com receio de algo. Até Savannah é mais corajosa que ele. Não entendo o que aconteceu ao certo, mas tudo está tão confuso.

À noite, quando mamãe chega, eu e Matt decidimos ir a uma boate. Frida concordou, já que estávamos há alguns dias trancados em casa.

— Forever Young — ele diz o nome, enquanto estacionamos o carro em um lugar lotado.

— Eu já vim aqui com Michele — digo, enquanto Matt fecha a porta.

— Eu sempre vinha aqui quando era solteiro — ele ri.

— Por que não é mais? — pergunto, esperançosa, querendo saber algo que talvez poderia ser verdade e...

— Antes da Rommy — ele diz, mas seu sorriso não alcança os lábios.

Ah, Rommy ... Eu sabia que era ela...

A música alta ecoava por fora do estabelecimento. Já estava me sentindo descontraída, percebi que estava até dançando ao andar. Eu me embalava conforme a música, e vi Matt dando um sorriso de leve.

O segurança nem pediu identidades, simplesmente abriu passagem para entrarmos. Havia tanta gente bonita que eu parecia uma mendiga quando vê esmola, toda boba.

— Gostaria de beber algo? — Matt estende a mão para que eu possa sentar em um banquinho, mas eu nego.

— Gostaria de uma Margarita — falo para o garçom, que imediatamente já está me trazendo.

— Boa noite, senhor McVay. Gostaria de beber algo?

— Martelinho, por favor.

Eu viro o copo, bebendo todo o líquido enquanto vejo uma mulher se aproximar de Matthew.

— Matthew, quanto tempo — sua voz é tão fina que chega a irritar.

— Megan, o que está fazendo aqui? — ele sorri, enquanto ela se ajeita ao seu lado.

— O mesmo que você, me divertindo.

— Hmm... — ele parece não querer conversar. Tento não ser intrometida, então apenas fico na minha.

— ...se bem que para você aqui não é um lugar tão bom. Não vejo nenhuma mulher ao seu nível.

Isso me corrói por dentro; uma raiva tão grande enche meu peito. Como essas mulheres conseguem me rebaixar em tão poucas palavras?

— Eu vim com minha namorada — um sorriso inesperado surge nos meus lábios enquanto vejo Matt me abraçar pela cintura.

— Megan, essa é minha namorada Emmanuela Tunner — sua voz sai em uma perfeita sintonia.

— Olá, senhorita Tunner. Meu nome é Megan Fisher — ela estende a mão e eu apenas sorrio.

Pela primeira vez, me sinto tão bem em ignorar alguém, como se estivesse no topo da cadeia alimentar.

— Vamos dançar, amor? — pergunto para Matt, que já está andando em direção ao DJ.

— Eu adoro essa música! — Matt grita, mas mal consigo ouvi-lo de tão alto que está.

Começo a dançar, deixando a música fluir em meus pensamentos. Esqueço de todos os meus problemas por algum tempo. Matt dança de um jeito tão atraente, move seus quadris com um molejo, como se tivesse feito aula de dança. Ele me olha toda hora enquanto passa a mão na testa, que está quase suada. Várias outras mulheres estão ao nosso redor, só esperando o momento certo para atacar Matthew. Mas, dessa vez, ele era meu. Eu tinha certeza disso.

Me aproximo mais dele enquanto o vejo morder os lábios. Meu vestido bege com listras marrons vai até acima do joelho; tenho que cuidar para não subir demais. Estamos dançando grudados um no outro. Seus movimentos são extremamente sexy. Viro de costas e começo a dançar encostada em seu corpo, com suas mãos na minha cintura. Começo a perder o ar. Ele está me controlando na dança, como se estivesse me guiando.

Ele faz eu rebolar encostada em seu quadril, sinto seu volume na calça, mas não vou protestar. Suas mãos estão grudadas na minha cintura. Vejo que meu vestido está subindo, tento abaixá-lo, mas ele não deixa...

Sinto sua respiração agitada em meu pescoço, seus lábios beijando o lóbulo da minha orelha, me levando à loucura. Era uma sensação maravilhosa. Queria que o tempo parasse. Ele me vira bruscamente e agarra minha bunda. Ninguém parece perceber o que está acontecendo. Ele inclina o rosto e me beija com vontade. Ele era tão fodidamente perfeito que eu o queria só para mim. Será que isso seria pedir demais?

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora