Capitulo 77

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**Matthew**

Estar novamente em solo holandês era algo que eu não imaginava fazer tão cedo. Respirei fundo enquanto observava o homem à minha frente descer as escadas com calma. O clima estava nublado, e uma garoa fina cobria a cidade. Admirava como tudo neste país parecia funcionar perfeitamente, mesmo sob um céu cinzento.

Emma já me aguardava ao lado de Micael no portão de desembarque. A ordem dos assentos fez com que eu fosse um dos últimos a sair do avião. Enquanto caminhava, uma mulher com uma roupa um tanto decotada se aproximou.

— Boa tarde, senhor — disse ela, com um sorriso insinuante. — Você é americano?

Notei o brilho em seus olhos, uma clara tentativa de flerte. Não pude deixar de sorrir levemente com a situação.

— Sou inglês — corrigi, mantendo o tom neutro.

Nasci na Inglaterra, mas passei parte da infância em Ibiza antes de me mudar para Londres. A mudança para a capital foi, sem dúvida, o melhor investimento da minha vida, embora tenha rendido algumas noites desregradas e momentos que prefiro esquecer.

— Ah, britânico... — O sorriso da mulher diminuiu. Ao olhar para frente, avistei Emma com as mãos na cintura, lançando um olhar mortal na direção da galega ao meu lado.

Continuei andando, mastigando meu chiclete de menta. A vontade de acender um cigarro era intensa, mas o ambiente não permitia. Nem lembro direito se comecei a fumar aos treze ou catorze anos, só sei que foi numa festa com Bernardo, onde todos estavam fumando e eu decidi experimentar.

— Amor — Emma sorriu glamorosamente, ainda com ciúmes evidente em seu tom. — Achei que tinha ficado preso no avião.

— Quase — arqueei a sobrancelha enquanto a mulher se movia para a minha frente.

— Vou deixar meu cartão com você — disse a mulher, entregando-me um pedaço de papel lilás com seu nome e número.

— Se precisarmos de um burro de carga, avisamos — Emmanuela respondeu rispidamente, fazendo a mulher torcer os lábios antes de sair batendo os saltos contra o piso.

— Nossa, que ciumenta — puxei Emma pela cintura, sentindo seus olhos estreitarem.

Colei meus lábios nos dela, percebendo o arrepio em sua pele. Emma suspirou, seus dedos se enroscando no meu cabelo. Mas, como sempre, fomos interrompidos por um pigarro. Micael.

— Cara, vocês poderiam deixar isso para depois, sabia? — ele disse, balançando os ombros.

— Deixa de ser invejoso — repliquei, puxando Emma enquanto caminhávamos em direção ao compartimento de bagagens.

***

**Emmanuela Tunner**

Matthew estava nervoso. Era engraçado ver um cara tão grande como ele andando de um lado para o outro, trocando xingamentos com Micael enquanto esperávamos o táxi. Ambos estavam tentando pensar em como convencer Vivian e sua mãe a nos ajudar a resgatar Karen.

— E se simplesmente pedíssemos? — Micael sugeriu, com um tom que beirava o desesperado.

— Elas não vão querer voltar, não mesmo. Temos que forçá-las — Matthew respondeu, com firmeza.

— Podemos sequestrá-las — Matt disse, quase como se fosse uma boa ideia. Mas sequestrar alguém? Isso era crime. Eu queria intervir na conversa deles, mas sabia que não deveria.

O táxi chegou, e os dois colocaram as bolsas no porta-malas. Micael segurava um pedaço de papel com o endereço, entregando-o ao motorista. O homem disse algo, mas eu estava longe demais para ouvir.

— Vai ser uma longa viagem — Matthew resmungou, encostando a cabeça no meu ombro.

— Quer carinho? — perguntei, fazendo beicinho. Ele sorriu, e comecei a rir com o comentário metido de Micael.

Karen estava fazendo falta nesse grupo. A dinâmica era diferente sem ela.

— Será que Savannah ficará bem? — perguntei, a preocupação evidente em minha voz.

— Pedi para Tomaz ficar de olho nela — respondeu Matt, tentando me tranquilizar.

— Mas... e se Josefh fizer algo com ela? — insisti, com uma pontada de medo. Matt fez uma careta.

— Acho que não tem como — ele disse, embora não parecesse tão seguro. Não demorou muito para que ele adormecesse no meu ombro, exausto da tensão que carregava.

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora