Seus olhos se arregalaram enquanto eu me afastava do momento estranho.— Você... é... lésbica? — Sua pergunta me fez rir. A cara de decepção dele era contagiosa.
— Ah, já faz muito tempo — menti.
— Não acredito nisso. Bem, você fez a escolha certa — ele disse, ajeitando-se na poltrona vermelha.
Depois de alguns minutos de silêncio constrangedor, Brianna decidiu não levar nada. As atendentes fizeram cara feia quando ela saiu da loja reclamando do atendimento.
— Espero que essa loja seja melhor... — ela falou ao entrar em outra loja. Parecia muito refinada, era de luxo. Brianna tirou um cartão platinado da sua bolsa jeans. Greg — ou Micael, como eu descobri que ele se chamava — ficou me olhando, talvez não tenha se convencido de que eu era realmente lésbica.
— Venha comigo, vamos tomar um café — Greg me puxou, deixando Brianna sozinha. Ela nem percebeu que havíamos a deixado falando sozinha.
— Quero te dar umas dicas de como pegar mulher — ele começou, e eu não merecia isso.
— Ah, acho que não preciso. Me garanto — respondi, olhando para ele, que não tirava os olhos de uma mulher à nossa frente.
— Me escuta, Julie. Só vou te dar alguns conselhos — ele parecia simpático, pediu dois cappuccinos com espuma e logo sentamos em uma mesa de madeira para duas pessoas. Apoiei os cotovelos na mesa e a palma da mão na bochecha.
— Sabe, você pode tirar proveito da sua beleza — ele começou a falar, enquanto eu fingia prestar atenção. — Mulheres gostam de homens rebeldes, então mulheres rebeldes também devem gostar.
— Isso não é verdade — comentei, embora na verdade fosse.
— Mulheres se apaixonam por perigo, gostam de se sentir ameaçadas, o que as faz persistirem em nós. Se fôssemos bonzinhos, passaríamos despercebidos — eu iria protestar, mas era muito óbvio. Apenas concordei com a cabeça enquanto ele sorria.
— Não que eu esteja curiosa, mas você pega muitas mulheres?
— Várias — ele respondeu.
— Tem alguma listinha?
— Para que listinha? — perguntei, confusa.
— Eu tenho uma listinha de quem eu pego — ele revelou, e eu revirei os olhos. Algumas informações são desnecessárias. Ele parecia tão convencido, achando-se o último homem do mundo. Listinha? Até adolescentes não fazem mais isso, quem dirá adultos.
Depois de algumas horas aturando uma conversa inútil, voltamos para casa. Tudo que eu queria era ver Matt; meu coração disparava só de pensar em vê-lo. Desci do carro e corri em direção às escadas, literalmente.
A porta estava encostada e eu olhei para dentro. Matt estava segurando um porta-retrato na mão. Fiquei curiosa, mas, antes de eu o perceber, ele o guardou atrás do bidê. Por que alguém guardaria algo atrás do bidê?
— Cheguei — disse, sorridente. Ele me olhou surpreso e sorriu.
Tranquei a porta atrás de mim enquanto ele se aproximava. Senti seu cheiro novamente, que exalava sexo. Meu corpo respondeu rapidamente, me deixando excitada. Senti como se meu sangue fervesse nas veias. Talvez fosse a reação de estar apaixonada. A calça moletom cinza dele, que deixava parte da virilha aparecendo, era muito sedutora, principalmente por ele estar sem camisa. Suas mãos encostaram em meus braços, causando uma tormenta, e seu hálito de menta me deixou dopada. Seus olhos estavam fixos nos meus, e senti minhas bochechas corarem. Seus lábios tocaram minhas maçãs do rosto e, suavemente, ele foi depositando beijos até chegar na minha boca. O beijo era profundo e feroz, perfeitamente adequado para essa conexão. Cada vez mais eu ansiava por ele, independente de estarmos zangados ou não.
Uma mão prendeu meus dois braços acima da cabeça, enquanto a outra alisava meu pescoço em um vai-e-vem. Eu mordi meus lábios enquanto ele sugava o lóbulo da minha orelha, me deixando mais fraca.
— Eu precisava tanto do seu beijo — ele disse, e mais uma vez se entregou a um beijo completo. Era avassalador o modo como beijava, sem dúvidas viciante.
— Então, pediremos pizza? — perguntei, sorridente, lembrando de ontem. Ele levantou a mão em rendição, enquanto fazia uma cara de assanhado.
— Nós dois só pensamos em comer — respondeu ele.
Matt estava mais solto comigo. Não conseguia ver se o rabugento ainda estava ali, mas a maneira como ele interagia recentemente comigo mudou, para melhor. Isso me deixava com uma pulga atrás da orelha; algo grave poderia estar acontecendo enquanto ele tentava me esconder. Mas, como eu tenho boa fé, acredito que ele realmente deve ter mudado.
Não era como se houvesse mentiras nesse amor.
**Narradora**
Nesses dois últimos dias que sua filha ficou fora, Frida optou por curtir sua estadia na casa de Matthew. Savannah nunca havia sentido tanta felicidade, como se estivesse vivendo outra vida. A pequenina não largava seu novo mascote, que sempre tentava fugir dela. Já a fiel governanta Judith preparava os melhores pratos, com sua sabedoria de chef master, deixando as duas de água na boca. Estava tudo indo bem, pelo menos para as três... Enquanto isso, Matt estava confuso e perdido. Uma notícia inesperada acelerou seu coração e o que ele havia descoberto...
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Querida Babá
RomanceEmma enfrenta um turbilhão de emoções quando a vida que construiu com Matthew começa a desmoronar. Após uma série de eventos que põem à prova seu relacionamento e sua confiança, Emma descobre que Matthew não é o homem que ela acreditava conhecer. Co...