Capítulo 12

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Quando chegamos em casa, encontrei a chave onde sempre estava, embaixo da tampa do vaso de flores. A casa estava silenciosa, e não havia sinal de Savannah. Deixei as malas no meu quarto e fui até o quarto dela para procurar seus aparelhos.

— Cadê seus aparelhos? Onde ela está? — perguntei, confusa.

— Emma? — a voz de Matt me chamou, e eu o vi carregando a última mala.

— Pode deixar ali — disse, apontando para meu quarto. Olhei para a panela sobre o fogão, que tinha um pouco de carne moída. Levei-a até a geladeira e passei um pano na mesa, enquanto Matt saía para fumar do lado de fora.

— Você sabe que quando ela estiver por perto, não poderá fumar, né? — perguntei, retoricamente, enquanto me aproximava dele.

— Você sabe que já está enchendo o saco, né? — ele imitou minha voz, provocativo.

— Emma? — ouvi Liam chamando do outro lado da rua.

— Liam! Quanto tempo! Como está Sebastian? — perguntei, enquanto ele se aproximava.

— Está bem. Semana passada ele ganhou uma medalha de prata em uma competição de futebol. Estava todo bobo — respondeu Liam, falando sobre seu irmão mais novo.

— Esse é o seu namorado? Sua mãe não parava de falar dele para a minha... — Liam começou a perguntar, mas foi interrompido.

— Sim, sou. Agora, pode nos dar licença? — Matt disse, com um tom nada amigável, esticando o cigarro para Liam.

— Pode jogar fora para mim? Tenho algo melhor para fazer — Liam respondeu, pegando o cigarro com uma cara nada boa. Matt me olhou, sorriu e entrou em casa, provavelmente para dormir.

— Desculpe por isso — disse, jogando o cigarro no lixo da rua.

— Tudo bem, Emma. Eu já vou indo, tenho que limpar a garagem — Liam sorriu e se afastou.

O ônibus diminuía a velocidade, e vi mamãe e Savannah descendo. Savannah correu até mim.

— Savannah, não corra — avisei, mas ela me abraçou e começou a agradecer, dizendo "Obrigada, obrigada, eu te amo, obrigada" repetidamente. Minha mãe a acompanhou, dizendo:

— Você é uma bênção, minha filha. Você conseguiu.

— Não estou entendendo — respondi, confusa.

— Há dois dias, eles começaram o tratamento de Savannah e ela já está melhor — mamãe começou a chorar. Mas eu não paguei nada, nem fiz nada, não entendi.

— Aonde está o Matthew? — Savannah perguntou, e eu apontei para a casa. Ela correu para dentro.

— Você é um anjo, minha filha — mamãe disse, me abraçando. — Não consigo acreditar que você pagou o tratamento inteiro.

— Mas mãe, eu não paguei — disse, me afastando.

— Como não? Você marcou seu nome — ela sorriu, como se eu estivesse tentando enganá-la. — Agora vamos entrar.

Mamãe me puxou para dentro de casa. Matt já estava na cozinha com Savannah. Eles estavam sentados no chão, conversando sobre o filme da Barbie. Isso mesmo, da Barbie.

— Matthew — minha mãe estendeu a mão para cumprimentá-lo, mas ele levantou e a abraçou. — Obrigada pelo estoque de brinquedos para Savannah. Fico feliz pelo seu carinho — minha mãe disse, afastando-se.

— Isso não é nada. Pode confiar em mim. Então, já começou o tratamento, pequena? — Matt perguntou a Savannah, e eu não tinha mais dúvidas. Ele havia pago pelo tratamento e me registrado.

— Sim, eles me dão uma injeção enorme, dolorida — Savannah reclamou.

— Mas é melhor ficar sem o respiratório? — minha mãe perguntou, enquanto Savannah mostrava com as mãos o tamanho da agulha.

— Muito melhor, obrigada, mana — Savannah disse, olhando para mim. De relance, percebi que Matt me observava.

Eu não conseguia acreditar que ele fez isso. Estava tão feliz que parecia que ia explodir. Ele havia feito isso por mim, e era o gesto mais lindo que alguém poderia fazer. Queria abraçá-lo, agradecer e dizer o quanto isso significava para mim. Mas ele simplesmente fez isso por mim, e foi incrível.

— Então, quem quer ir ao cinema? — Matt perguntou, e minha mãe e Savannah responderam com um animado "Eu!".

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora