A dinâmica entre Matt e eu parecia estar em constante oscilação entre momentos de proximidade e repulsão, e dessa vez não foi diferente. Enquanto ele estava na cozinha, brincando com minhas emoções, eu tentava manter a calma, mas suas palavras sarcásticas tinham o poder de me desestabilizar.
Quando ele fez aquela piada de mau gosto sobre estar apaixonado por si mesmo, um misto de raiva e decepção me tomou. Eu queria acreditar que havia algo mais entre nós, mas ele sempre dava um jeito de destruir qualquer esperança com seu comportamento arrogante. A gota d'água foi quando ele mencionou que eu era "paga para isso," como se meu único valor estivesse em servi-lo de alguma forma. Aquilo me enfureceu.
— Vou pegar suas coisas e você vai dormir na sala! — gritei, determinada a não deixar que ele me tratasse como um objeto descartável. Eu sabia que ele provavelmente acharia essa atitude infantil, mas não me importava. Precisava estabelecer algum limite, mostrar que não podia ser pisoteada sem reação.
Mas então, algo inesperado aconteceu. Seus olhos, que geralmente carregavam um ar de superioridade, ficaram subitamente marejados. Ele parecia vulnerável, como se a armadura de arrogância que usava estivesse prestes a rachar. A mudança em seu tom de voz me pegou desprevenida.
— Eu não gosto de dormir sozinho — ele disse, e pela primeira vez, a brincadeira deu lugar a um sincero pedido de ajuda. — Você não tem noção do que acontece quando estou sozinho.
A raiva que sentia começou a se dissipar, substituída por uma preocupação inesperada. Algo no jeito como ele falou me fez perceber que havia mais por trás de sua fachada. Matt estava, de alguma forma, lutando contra algo que eu não entendia completamente. Era fácil vê-lo como o homem confiante e arrogante que sempre tinha tudo ao seu alcance, mas nesse momento ele parecia mais humano, mais real.
— Matt... — comecei, mas não sabia ao certo o que dizer. Eu não estava acostumada a vê-lo assim, tão desprotegido.
Ele desviou o olhar, tentando esconder sua vulnerabilidade, mas já era tarde demais. Eu já havia visto o medo por trás da máscara. Aproximando-me com cuidado, toquei seu braço.
— Tudo bem, você não precisa dormir sozinho — disse suavemente, ainda com o coração acelerado, mas com um tom mais calmo. — Só... não me trate assim, ok? Eu também tenho meus limites.
Ele assentiu, ainda evitando me encarar, mas pude perceber que minhas palavras tinham atingido algo dentro dele. O clima na cozinha mudou, e pela primeira vez em muito tempo, havia um silêncio confortável entre nós.
Eu não sabia exatamente o que se passava na cabeça de Matt, mas naquele momento decidi que, apesar de tudo, queria tentar entender. Algo nele estava quebrado, e talvez, só talvez, eu pudesse ajudá-lo a encontrar um caminho de volta. Mesmo que isso significasse baixar minhas próprias barreiras um pouco mais.
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Querida Babá
RomanceEmma enfrenta um turbilhão de emoções quando a vida que construiu com Matthew começa a desmoronar. Após uma série de eventos que põem à prova seu relacionamento e sua confiança, Emma descobre que Matthew não é o homem que ela acreditava conhecer. Co...