Capítulo 35

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Não podia afirmar para onde estávamos indo, mas eu sabia o quanto estávamos encrencados. Matthew parecia não se importar, como sempre, como se soubesse exatamente o que fazer. Então, me deixei levar por ele, enquanto dirigíamos em uma BMW, com Micael, Karen e eu. Eles disseram que iriam atrás de nós, então resolvemos nos separar em três grupos. Pegamos nossos pertences e decidimos ir para a Inglaterra, o país vizinho conhecido mundialmente por sua luxúria e glamour. Eu afagava a cabeça de Karen enquanto ela dormia em meu colo. Por mais que seu caráter fosse um pouco constrangedor, ela era uma excelente pessoa.

— Não vou usar meu cartão de crédito — Matt disse. — Eles podem me rastrear.

— Tudo bem — Micael balançou a cabeça afirmativamente. Nós éramos foragidos de uma máfia. Isso nunca esteve nos meus planos para o futuro; irônico, não? Sempre fui tão certinha que seria impossível alguém acreditar se eu contasse.

— Por que não avisamos à polícia? — perguntei preguiçosa. Talvez essa pudesse ser a solução.

— Emma, não é tão simples assim — meu namorado respondeu. Naquele momento, olhei para o espelho retrovisor, que refletia perfeitamente seus traços. Seu rosto ainda estava um pouco inchado do dia anterior. Fiz o que pude para ajudar. — Vamos dizer que nós não éramos boas pessoas...

Isso eu já imaginava, considerando a cicatriz enorme no rosto de um deles e o jeito como andava, como um lutador de MMA. Karen se mexeu no banco.

— Vocês podiam ter me dito que eram namorados — disse Micael. Matthew riu. — Eu achei mesmo que ela era lésbica.

Eu não estava com vontade de rir; sinceramente, só queria voltar para casa e ficar perto de Savannah e Frida. Um pensamento atormentou meu coração e minhas estruturas, e eu já estava chorando.

— Emma, vai ficar tudo bem — Micael disse enquanto Matt me olhava.

— Estou preocupada com Savannah. Se algo acontecer, eu nunca vou me perdoar — falei seriamente. Após soluços e lágrimas caindo, Karen acordou, me consolou, e logo depois eu adormeci em seu colo.

Quando chegamos a um hostel simples, o mais longe possível de qualquer suspeita, fomos para um quarto.

— Regra número um: não saímos desse quarto — Micael disse. Ele estava certo. Se saíssemos, algum capanga poderia nos ver, ou talvez estivéssemos caminhando para uma armadilha.

Eu só queria voltar para casa...

— Nós contrabandeávamos armas de vários níveis, por um valor muito alto — Matt explicou. — Conhecemos um cliente em uma boate de strippers, e logo depois formamos um grupo de contrabando, mantendo nossas identidades em segredo para que ninguém nos dedurasse.

— Vocês o quê? — Eu estava chocada. Realmente, não esperava por isso. — Sério, a polícia nunca pegou vocês?

— Quando se faz o serviço bem feito, nunca descobrem — Micael disse, orgulhoso. Eu retirei meus calçados e me sentei em uma das camas do quarto. Havia duas camas de solteiro nos cantos da parede, separadas por um armário e um telefone. Um ventilador no teto refrescava o clima de verão. Inglaterra, quem diria que eu a conheceria.

O dia foi um tédio. Não fazíamos nada. Sinceramente, eu estava quase no limite; minha vontade era passear, curtir os momentos desse relacionamento turbulento, beijar e transar. Parecia que aventura, ação e um pouco de drama se encaixavam melhor na minha vida.

— Estou feliz por você estar aqui. Comigo — as palavras de Matt me tiraram de um leve sono.

— Sempre vou estar ao seu lado — garanti a ele.

— Promete? — ele perguntou, me abraçando mais forte enquanto estávamos deitados na cama pequena. Seu toque aquecia minha pele, mas nada se comparava aos seus beijos, que preenchiam qualquer coração, algo que eu não tinha há um tempo.

— Prometo.

— Espero que seja verdade. Não quero me decepcionar novamente — ele disse.

Era triste vê-lo deprimido, algo muito evidente no momento. Eu estava completamente apaixonada por ele, não apenas por seus talentos sensuais, mas pelo afeto e carinho, incluindo suas bipolaridades.

— Eu te amo — disse, respirando em seu pescoço, enquanto seu cheiro de brisa do mar enchia meus pulmões.

— O que você disse? Não ouvi direito.

Cheguei o mais perto possível de sua orelha e ouvi-o sorrir. — Eu te amo.

— Eu te amo muito, minha bela garota.

— Minha bela agora? — perguntei sorrindo.

— Você é tudo para mim — seus lábios transmitiam palavras que eu precisava ouvir e assim acabei adormecendo.

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora