Capítulo 51

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- Luke - tento pegar meu celular, mas ele continua xingando Matt.

- Você é um filho da puta, sem vergonha, como pode ter coragem? - ele grita, sem paciência.

- Luke...

- Então, Mateus, se você for atrás dela... - ele bufa. - Dane-se como é seu nome.

Sinceramente, eu estava até gostando que Luke falasse essas coisas para Matthew; assim, eu não precisava falar.

- Não, você não vai vir na casa dela - ele desliga o celular, jogando-o na minha mão.

- Esse cara não vai mais te comprar - continua falando.

- Você não conhece Matthew.

- Ele não vai se atrever... Aliás, você devia seguir em frente.

- Ah, claro - digo, secando as lágrimas.

Meia hora depois, eu estava ainda desesperada, tomando café na Starbucks. Luke fez algumas ligações enquanto eu tentava ao máximo não pensar em Matt.

O sentido de viver nesses últimos dias foi substituído por uma raiva estupenda. Como eu iria explicar isso para as pessoas que eu amava? Como eu mesma entenderia? Não queria ver ele, não perto de mim.

- Ana - ele me olha, sorrindo enquanto fala ao telefone. Eu lembrava de Ana, minha antiga sogra, que sempre foi querida comigo. - Obrigada, dona Ana... Tá, mãe!

- Você vai dormir lá em casa - ele diz.

- O quê? Eu não vou dormir na sua casa, não mesmo - reviro os olhos, inchados e vermelhos.

- Olha, eu não vou estar lá. Vou para a casa de Natalie. Minha namorada.

Ele fala seco. Fico pensativa enquanto imagino alguma desculpa, mas sinceramente, Matt iria aparecer na casa da minha mãe. Tentaria me procurar. Não era isso que eu queria.

- Tudo bem - balanço os ombros. Eu estava tão exausta que poderia hibernar.

- Então é melhor irmos, pois está escuro - ele diz, levantando-se.

Caminhamos até a casa de Luke, e ele me deixa na frente do quintal. Sua mãe abre a porta e vem me receber. Nem me despeço de Luke ao vê-lo entrando no carro.

- Emma, você está péssima.

- Sim, dona Ana - respondo. Era verdade; não sabia até quando iria ficar assim. O problema chamado "amor" havia me dilacerado.

- Por favor, Ana, Ana - ela sorri, levando-me para dentro. - Nada mudou para mim. Você ainda é parte da família. Pelo menos para mim.

- Ana, tudo bem. Eu não quero incomodar. Então se...

- Capaz que você incomoda, Emma.

Seu cabelo estava em uma trança, que ia até a cintura. Ana era uma senhora muito carismática, uma ótima amiga. Ela era uma das únicas que frequentavam minha casa. Mamãe e ela sempre foram unidas. Isso acabou nos tornando uma família.

- Então, querida, o que houve? - estávamos sentadas no sofá, enquanto meu celular vibrava na bolsa.

- Meu namorado, ex... bem, não sei - começo a chorar. - Ele me traiu, simplesmente me enganou desde o começo.

Ela afaga meu cabelo, como sempre fazia, encosta sua cabeça no meu ombro.

- Sabe, Emma, às vezes, na vida, coisas ruins acontecem para dar lugar a melhores - ela diz, ainda afagando meu cabelo. - Você já falou com ele?

- Não, nem quero.

- Então... Como as coisas ficarão?

- Eu não sei. Não quero ir embora hoje, sinceramente. Ele vai lá em casa, e com certeza minha mãe fará um discurso.

Penso em como minha mãe deve ter ficado magoada com ele. Ela nunca desejou o mal para mim; ela nunca aceitaria algo ruim. Ele merecia ouvir o que minha mãe tinha a dizer, merecia ver o quanto eu era importante... Pelo menos para alguém.

- Vou fazer um chá de camomila para você se acalmar - ela se afasta. - Se quiser tomar banho, você sabe onde estão as roupas do Luke.

- Obrigada, Ana.

A casa deles me lembrava da minha, pequena e aconchegante. Meu celular estava tocando; eu queria atender, mas também queria jogá-lo contra a parede.

Tirei a bateria e joguei em cima da cama de Luke. Fui ao seu guarda-roupa e peguei um pijama; Luke não se importaria. Eu conheço ele, ele nem sentiria falta.

Depois de tomar um banho e vestir um pijama azul marinho, enorme, Ana me chamou na cozinha.

- Olha, querida, tome esse chazinho para poder dormir bem.

Foi uma noite longa, mas dormi muito bem. Eu estava na cama com Ana, já que a cama de casal cabia nós duas e sobrava espaço.

Por alguns instantes, esqueci todos os meus problemas. Eu iria fazer algo na minha vida, iria batalhar por minhas escolhas e sonhos.

Ele havia me traído; eu devia seguir em frente. A dor no peito estava ali, latejando, lembrando-me do acontecido, do inesperado.

Será que Gabriella já sabia? Será que era por isso que eles estavam tentando me manter tão ocupada ultimamente?! Gabe era uma mulher incrível; não acreditava muito nessa ideia.

- Ele foi na sua casa - Luke estava parado, com o corpo encostado no marco da porta.

- Bom dia para você também - suspiro.

- Ele está lá te esperando. Sua mãe ligou - ele boceja.

- O que ela disse? - fico curiosa, sentando na cama. Minha aparência deve estar horrível... mas dane-se.

- Bem, ela disse que expulsou ele de lá de dentro, mas não deixou ele dormir na rua. Só que ele está dentro do carro, que está estacionado na frente.

Idiota.

- Você devia confrontá-lo.

- Luke, eu não estou pronta para isso - digo, dando de ombros.

- Ei, Emma, você não merece passar por isso. Eu sei que não fui um bom namorado, mas sempre fui seu amigo. Sempre fomos ligados, de certa forma, você gostando ou não. Então ou vai você, ou vou eu!

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora