Capítulo 53

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Acordo com uma ressaca terrível de vinho. Faço o possível para não acordar minha mãe, enquanto checo meu e-mail. Como a internet não é das melhores, faço uma xícara de café enquanto carrega. Prendo meu cabelo em um coque e dou alguns goles no café quente.

Caminho para meu quarto, sento perto do computador e olho para a tela, deixando o café escorregar para fora da boca.

"Prezada Emmanuela Tunner, você foi aceita na Universidade do Extremo Sul."

Um sorriso enorme surge em meus lábios e é a felicidade mais extraordinária que já tive.

- MÃE, EU FUI ACEITA!! - grito, esquecendo que ela estava dormindo.

Menos de um minuto depois, minha mãe está no meu quarto, com o cabelo todo desarrumado. Ela sorri para mim.

- Mãe, eu não tô acreditando.

Ela me abraça, e fico ainda mais feliz ao vê-la olhar para a tela do computador, estreitando os olhos por causa do brilho.

- Minha filha, estou tão orgulhosa de você.

- Vou para lá ainda esta manhã! - digo, indo até meu roupeiro.

- A Ana virá aqui para nós irmos fazer o rancho - ela diz, saindo pelo corredor. Escuto alguns barulhos e lembro que deixei a máquina de café ligada. Eu estava tão eufórica; seria um novo destino para minha vida.

No caminho de ônibus para a universidade, fico pensando em como teria sido se eu tivesse entrado antes. Mas se não fosse por Matthew ter pago o tratamento de Savannah, não estaria aqui.

Savannah iria sentir falta dele.

Quando desço do ônibus, sigo em direção à universidade. A construção enorme me lembra o tempo medieval, com seus prédios de pedra.

- Olá, sou Emmanuela, mandei meu histórico no programa de ingresso por mérito escolar.

- Ah, sim, Emmanuela Tunner? - concordo. Ela começa a digitar freneticamente no teclado enquanto eu observo o ambiente, decorado com quadros, medalhas e troféus típicos de uma universidade.

- Você passou para Literatura Inglesa, certo? - ela pergunta, sorrindo.

- Isso.

- Bem, você precisa assinar estes contratos - ela fala enquanto assina. - As aulas começam na semana que vem. As salas serão informadas no site da instituição...

Meia hora depois, eu estava indo embora com os papéis necessários. Será um curso integral, e eu não terei muito tempo para mim mesma. Na verdade, o tempo que eu tenho agora vou dedicar à minha família.

Entro em casa e vejo minha mãe, Ana e Luke sentados à mesa.

- Bom dia - digo para eles.

- Bom dia, querida - Ana me cumprimenta enquanto mamãe e Luke me observam.

- As aulas começam na semana que vem.

Eu estava orgulhosa de mim mesma; era algo tão satisfatório que ninguém conseguiria me deixar mal.

- Filha... - Frida fala, sorrindo sem jeito. - Tem uma amiga sua querendo falar com você no seu quarto.

Amiga? Minha cara de espanto denuncia isso, e Luke ri. Ele sabe que eu não tenho muitos amigos.

Gabriella estava dentro do quarto, sentada ao pé da minha cama. Ao me ver, ela dá um sorriso tímido e corre para me abraçar.

- Emma, me desculpa por ele.

Então tudo iria começar novamente, mas não do mesmo jeito.

- Está tudo bem, Gabe.

- Não, Emma, eu sei que você tem um gênio forte, mas meu irmão merecia que você o escutasse...

- Gabe, por favor, não fale mais de Matt. Estou me esforçando para não sofrer; sinceramente, estou melhor que antes.

Balanço os ombros enquanto ajeitamos na cama. Ela se senta virada para mim, com as mãos no colo.

- Como você está?

- Destruída por dentro, mas forte por fora.

- Judith mandou lembranças... Como estão as coisas com você?

- Entrei para a universidade, acredita? - começo a rir. - Estou tão feliz que ignoro completamente qualquer tristeza momentânea.

- E o que vai fazer?

- Literatura Inglesa.

- Nossa... - ela fica impressionada, ou decepcionada.

- E seu casamento? - ela sorri, ficando vermelha.

- Está tudo nos conformes. Iremos nos casar no final do ano. Estamos vendo uma casa para nós, e ele até comentou que queria ter filhos.

Meu rosto denuncia uma certa tristeza. Esse era um ponto em que eu nunca poderia chegar.

- Emma, está tudo bem? - ela pergunta, insistente. Balanço a cabeça em sinal de que sim, mas ela insiste. - Você quer ter filhos?

- Quero... - meus olhos ardem e começo a chorar.

- Emma... você pode ter filhos, né?

Então eu me lembro de um sonho impossível, que eu fazia de tudo para esquecer. Um exame aos dezessete anos fez eu acabar com um sonho que a maioria das mulheres tem.

- Não, Gabe. Eu não posso ter filhos.

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora