Eu estava tensa pelo que havia acontecido; ele não podia deixar que Jasmim fosse embora.— Você não pode deixá-la ir — pedi, quase implorando.
— Não me importo, ela já deveria ter ido há tempos! — sua voz estava cheia de ódio. Ele começou a subir as escadas, e eu o segui, insistindo.
— Ela faz a comida, deveria ficar... Eu não fui contratada para cozinhar — argumentei, mas ele não deu o braço a torcer e continuou subindo.
— Você que sabe, mas vai ter que cozinhar para mim a partir de agora — ele deu uma risada sinistra, virou-se em minha direção e me olhou de um jeito grosseiro.
— Você está sendo paga, então faça o seu serviço — Matthew praticamente cuspiu no chão. — Sujei ali, agora vá limpar — ele apontou para o cuspe no chão e saiu do meu campo de visão rindo.
Como eu já o odiava!
Depois de limpar o que aquele porco havia feito, desci as escadas e vi Jasmim com uma bolsa na mão.
— Você vai mesmo? — perguntei, sem querer saber a verdadeira resposta.
— Não posso mais conviver com isso — ela disse com um olhar triste. Por impulso, dei um abraço apertado nela. Eu sinceramente não gostava de ver ninguém triste, talvez por experiência própria.
— Boa sorte, você vai precisar — ela disse ao sair.
Fiquei triste e, ao mesmo tempo, desesperada. Olhei para o relógio e vi que faltava pouco para o meio-dia. Fui para a cozinha e procurei algo para preparar. Por sorte, eu sabia fazer macarronada. Lavei bem as mãos e fiz um coque no cabelo para começar a cozinhar.
— Parece que vai ter que ganhar um aumento — uma voz masculina ecoou pela cozinha.
— Olá... — disse, sem saber o nome daquele homem que parecia ser da família.
— Sou Charlie, e essa é Elizabeth — ele disse quando uma garota muito bonita entrou na cozinha.
— Nossa, o cheiro está uma delícia — Elizabeth comentou. Dei um sorriso de agradecimento. Com certeza, os dois eram pai e filha, pois ela tinha os mesmos olhos que ele.
— O Matt está? — Charlie perguntou, mas não precisei responder, pois ele apareceu ali.
— Padrinho — Matt disse, estendendo os braços para cumprimentá-lo. — Liz — ele beijou a garota na testa.
— Cadê Jasmim? — Matthew perguntou, fingindo não saber de nada.
— Ela foi embora por problemas pessoais — menti. Fiquei com vontade de revirar os olhos, mas, por respeito, não o fiz.
— Bem, como você já sabe, hoje é meu aniversário — a garota baixinha disse. — Estou convidando você para a minha festa.
Fiquei aliviada por eles não terem vindo almoçar, pois eu não havia feito comida suficiente.
***
Eu não conseguia entender o que ele estava falando, mas havia uma gritaria enorme dentro do quarto. Não consegui me conter e encostei a cabeça na parede. Meu quarto era ao lado do dele, então talvez eu conseguisse ouvir.
"PORRA! EU JÁ DISSE QUE QUERO IR SOZINHO."
"VOCÊS NÃO TÊM DIREITO DE MANDAR EM MIM."
"DESCULPA, MAS MÃE, EU NÃO QUERO LEVAR ELA."
"TÁ BOM, TAMBÉM TE AMO. TCHAU."
Levar quem? Para onde? Minha curiosidade estava me matando. Tomei uma ducha e coloquei o pijama; eu não iria sair do meu quarto, então resolvi ficar mais à vontade. Liguei a TV que havia na parede, mas só pegava canais locais. Resolvi me enrolar na coberta e descer para a sala. Estava friozinho, então fechei as janelas e me deitei no sofá maior. Quando eu estava quase dormindo por causa do filme, alguém jogou uma almofada na minha cara.
— Acorda, garota, temos uma festa para ir. — Vi Matthew em pé, vestindo uma roupa muito estilosa.
— O quê? — sussurrei, fechando os olhos novamente. Naquele momento, eu queria ser normal e não ter babado, mas estava toda babada.
— Se você não estiver pronta em vinte minutos, está demitida — bastou essa frase para que eu corresse para meu quarto. Não podia perder 60 mil dólares. De jeito nenhum.
Um vestido preto curto e um salto vermelho acabaram me fazendo parecer muito bonita. Fiz uma maquiagem discreta, sem chamar muita atenção. Soltei os cabelos, que ficaram ondulados por causa do coque, me olhei no espelho e agradeci mentalmente por ser morena.
Quando desci as escadas, o idiota estava me esperando no sofá.
— Estou pronta.
— Nossa, você está... — Ele mordeu os lábios, me deixando constrangida. — "Bonitinha."
Bonitinha? Bonitinha? Eu não tinha dúvidas de que estava linda. Mas o idiota fingiu não dar a mínima.
Juro que o vi me olhar de canto umas três vezes. Eu não sabia para onde estávamos indo, mas ele dirigia como se soubesse.
— Tente aproveitar a festa, mas não grude em mim — seu tom de voz era grosseiro. Fiz que sim com a cabeça, tentando não olhar mais para ele... como se fosse possível.
Quando chegamos, ele estacionou o carro, não abriu a porta para mim e nem me esperou sair. Eu mal havia saído do carro e já tinha perdido ele de vista. Caminhei desajeitadamente até o hall de entrada da casa; já estava de noite e eu precisava prestar atenção onde pisava com o salto. Mas, como sempre, eu era desajeitada e acabei caindo no chão.
— Vai estragar o vestido, sua burra — murmurei para mim mesma, enquanto alguém me ajudava a ficar de pé.
— Isso acontece — um cara loiro de olhos azuis disse, tentando me consolar.
— Na verdade, já estou acostumada. Sou muito desajeitada — ele gargalhou do que eu disse enquanto me ajudava a andar.
— Qual é o seu nome? — perguntou quando paramos já dentro da casa.
— Emmanuela — respondi. — E o seu?
— Bernardo — um sorriso conquistador surgiu em seus lábios.
— E aí, Bernardo, já conheceu a Emma? — Matthew, como sempre, apareceu do nada, me deixando desconfortável.
— Claro — ele sorriu e piscou para mim, mas vi que Matthew não gostou do gesto.
— Então, você já sabe que ela não é para o seu bico — Matthew agarrou meu braço e me afastou de Bernardo.

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Querida Babá
RomantizmEmmanuela enfrenta um turbilhão de emoções quando a vida que construiu com Matthew começa a desmoronar. Após uma série de eventos que põem à prova seu relacionamento e sua confiança, Emma descobre que Matthew não é o homem que ela acreditava conhece...