Capítulo 79

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**Matthew**

— Emma, você e eu vamos dar uma voltinha antes de embarcar — Matthew diz, com um olhar que não deixa espaço para perguntas.

Vivian lança um olhar para ele, e algo em sua expressão me incomoda. Não sei exatamente o que ela está planejando, mas a tensão no ar é inegável. Matthew deixa algum dinheiro com Micael antes de me guiar para fora do aeroporto.

— Aonde vamos? — pergunto, sentindo uma onda de animação.

— Naquela pracinha ali — ele aponta com a cabeça.

— Mas ainda faltam algumas horas para o check-in — observo, tentando entender a urgência.

— Vai vir ou não? — ele responde, já entrando numa trilha que leva à pracinha.

Sem hesitar, concordo e sigo atrás dele. A luz do dia começava a enfraquecer, e o sol estava prestes a se esconder no horizonte.

A pracinha estava deserta, com os brinquedos e bancos vazios. Toda a aglomeração parecia ter se concentrado na parte interna do aeroporto. Matthew tira uma carteira de cigarros do bolso e, com habilidade, puxa um, colocando-o na boca. Torço os lábios em uma tentativa de desaprovação, mas no fundo, eu adorava o aroma de menta que ele deixava no ar.

Matthew se senta no chão, sem se preocupar com a sujeira que poderia manchar seu jeans. O cheiro dele, misturado ao frescor da noite, parecia envolver tudo ao nosso redor. Sorri discretamente, apertando os lábios. Eu amava isso.

— O que foi? — ele pergunta, com um riso leve.

— Faz tempo que não te vejo assim... — suspiro. — Leve.

— Gosto de estar contigo — ele diz, sorrindo.

— Eu só espero que toda essa droga acabe logo. Sinceramente, quero poder acordar sem peso na cabeça — confesso, sentindo o cansaço das últimas semanas.

Matthew me puxa para sentar em seu colo, no banco onde ele estava acomodado. Suas mãos começam a acariciar levemente meus braços, e eu me derreto. Adorava quando ele ficava assim, carinhoso, meigo e verdadeiro. Mas não posso negar que, quando ele é ríspido e impetuoso, algo dentro de mim também se acende. Seus lábios encontram meu pescoço, e sua respiração, acelerada e gelada, faz minha pele se arrepiar.

— Eu te amo, pequena — ele sussurra antes de morder minha orelha. Gemo levemente em resposta à dor.

— Já disse que não curto sado — brinco, arrancando uma risada dele.

— Estar comigo já é ser um pouco sadomasoquista — ele dá de ombros e volta a beijar meu pescoço.

— Isso explica muita coisa — concordo, sorrindo.

***

**Matthew — horas depois**

Estar novamente perto daquele velho me enchia de raiva. Ele era, sem dúvida, o homem mais vingativo e encrenqueiro que já conheci. Se eu soubesse que me envolver com Sofhia traria tudo isso à tona, teria mandado ela se ferrar logo no começo. Emmanuela estava se acomodando no quarto que reservei só para nós dois, mas eu sabia que não passaríamos muito tempo juntos. Eu precisava resolver algumas coisas, e o tempo era curto.

Meu plano era simples: resgatar Karen sem entregar Vivian e sua mãe. Eu tinha dado minha palavra de que tudo estava sob controle e que, no final, todos sairíamos livres dessa enrascada.

Ultimamente, algo dentro de mim estava mudando. Eu só conseguia pensar em viver uma vida tranquila com Emma e Savannah. A pequena Savannah, com seu jeito falante e doce, conquistou um espaço especial no meu coração. Isso me fazia sorrir, porque, antes, eu jamais me consideraria ligado a crianças.

Meus pais sempre foram bons comigo, e talvez estivesse na hora de retribuir. Durante a adolescência, eu era o típico encrenqueiro, fumando e bancando o bad boy no colégio. Parte de mim ainda não se livrou completamente desse lado, mas Emma... Ela me faz querer ser alguém melhor, para mim, para minha família.

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora