Capítulo 4

37.9K 2.6K 249
                                    

Nos aproximamos de uma garota baixinha, e me lembro de Elizabeth. Ela sorri ao me ver. Matthew solta meu braço, sorri disfarçadamente e se inclina em minha direção, vagarosamente.

— Estou de olho em você — ele sussurra no meu ouvido e caminha em direção a alguns caras no jardim. Fico quieta no meu canto enquanto as pessoas passam com bebidas e cigarros, a luzes piscando e mudando de cor a cada instante. Decido caminhar até Matthew e me sentar ao seu lado, mas seus amigos me olham com desaprovação.

— O que está fazendo aqui? — Matthew pergunta, e eu penso rapidamente em alguma desculpa.

— Estou com frio... — minto, surpresa quando ele tira sua jaqueta e a coloca sobre meus ombros.

— Melhor? — ele pergunta, enquanto os caras continuam me encarando.

— Muito melhor, obrigada.

— Quer um cigarro? — pergunta, tirando uma caixinha do bolso.

— Eu não fumo — um sorriso falso aparece em seus lábios.

— Então, cara, continua falando — o moreno pede a Matthew.

— Então, eles decidiram vender a empresa — ele parecia triste, ou talvez eu estivesse interpretando errado. Por que ele estaria triste? Eles não falaram mais sobre o assunto, pois um rapaz chegou e disse que estavam vindo cinco garotas para a festa. Já entendi que eles iam se divertir com elas. Quando tentei me levantar para sair, Matt segurou meu braço.

— Aonde você vai?

— Não vou ficar segurando vela, mas também não vou devolver sua jaqueta — tento ser simpática. Um vento frio passa pelas minhas pernas e meus pelos se arrepiam.

— Você pode ficar aqui. Sabe... nós só vamos jogar — ele me garante, então resolvo sentar novamente.

— Que tipo de jogo?

— Apenas um jogo — seu sorriso é tão maléfico que me faz querer sair dali correndo.

Quando as garotas chegaram, uma delas me olhou de cara feia. Como sempre, havia uma que não se dava bem com todo mundo. Uma garota pediu o meu lugar, mas Matt agarrou minha mão, impedindo-me de sair. Ela tinha um cabelo tão vermelho que parecia recém-pintado.

— Amabile — ele sussurra no meu ouvido, e em segundos Matthew se transforma em um cara animado, alegre e bobo.

A garota não parava de olhar para ele, o que me deixou desconfortável, especialmente porque ele nem parecia notar. Será que eles tinham algo? Senti uma leve pontada de ciúme. Não, não era ciúme. Não podia ser.

— Então, quem gira a garrafa? — Matthew pergunta, olhando para todos.

— Deixa comigo, dessa vez vou ter sorte — o rapaz loiro e alto sorri enquanto gira a garrafa, que para em uma garota ruiva.

— Verdade ou desafio? — ele pergunta de um jeito que me dá calafrios.

— Verdade.

— É verdade que você já transou com sua prima Clóe? — ela fica sem graça, olha para uma garota que deduzo ser a tal Clóe.

— Verdade — ela confessa e gira a garrafa, que agora para em Amabile. Percebo que Matthew fica um pouco tenso enquanto dá uma tragada no cigarro.

— Verdade.

— Você já ficou com o Matt? — ela foi pega de surpresa, na verdade todos fomos. Olhamos para o Matt, que não demonstrou nenhuma reação.

— Sim — Amabile responde, sem se atrever a olhá-lo. Matt não demonstra nenhum sentimento pelo que ela disse.

Amabile gira a garrafa novamente, e ela para na garota que havia feito a pergunta para ela.

— Verdade ou desafio? — Amabile sorri de um jeito enigmático.

— Verdade.

— Hmmm... é verdade que você rouba dinheiro da sua própria mãe? — um estava entregando o outro, e eu estava chocada com o jeito que eles se atacavam.

— Verdade.

Ela gira a garrafa novamente.

— Matt, Matt, Matt, verdade ou desafio?

— Desafio — fico atenta.

— Desafio você a beijar qualquer garota.

Eu não queria ver isso, não estava no clima de segurar vela, e eu devia estar em casa, não aqui. E vê-lo beijar alguém seria chato, pois eu estava começando a achar ele atraente.

Mas meu pensamento foi interrompido por um beijo inesperado.

Sua boca estava na minha antes que eu pudesse dizer 'não'. Ele me beijou com força e intensidade, e eu correspondi completamente. Suas mãos envolveram meus ombros, enquanto a minha deslizou para seu cabelo. Meu corpo sentiu sensações que não pude explicar, como se fogo corresse pelas minhas veias. O suave gosto de menta tornou o beijo ainda mais convidativo. Mas, quando eu estava começando a gostar, ele se afastou para tomar fôlego.

***

Quando a garrafa parou em mim, um cara perguntou se eu era virgem. Respondi tranquilamente que não, já que tinha namorado antes, mesmo que ele não valesse nada. Por sorte, consegui sobreviver até o final do jogo.

Na hora de irmos embora, eu não olhei para ele, estava envergonhada. Tudo aconteceu tão rápido que eu nem consegui processar direito.

Minhas lembranças voltaram ao beijo, e por instinto levei minha mão até a boca, percebendo que ele estava me olhando. Tentei disfarçar com uma tosse, mas não adiantou muito.

— Não precisa ficar assim, foi só um beijo — suas palavras me atingiram como punhais.

— Eu tenho namorado, não era para você ter feito isso — menti, já que ele tinha me magoado.

— Você tem o quê? — ele freou o carro bruscamente, fazendo com que eu batesse a cabeça no painel.

Mais um roxo para a coleção na minha testa.

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora