Capítulo 25

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— Sou a irmã gêmea de Matt, a única — diz Gabe, sua voz em perfeita sintonia com sua aparência impecável.

— Eu sou Emmanuela — digo, estendendo a mão, mas ela me puxa e me dá um abraço confortável.

— Espero que meu irmão esteja cuidando de você. Se não, vou ter que conversar com ele — se afasta enquanto fala sem parar.

— Está sim — confirmo.

— Bem, acho que você não quer ficar aqui muito tempo, não é? O que acha de darmos uma volta por aqui? Tem umas lojas incríveis de sex shop... e...

— Não, nós não... — fico vermelha, pior que um tomate. Ela pensou que já estávamos transando? Que tipo de doida é essa? Acabo rindo depois de deixá-la sem graça.

— Oh! Me desculpe, eu não sabia... — ela fica corada.

— Ah, mas uma hora ou outra vocês vão transar — Dona Katherine fala, num tom super calmo. Mas quem não estava calma aqui era eu. Que conversa é essa?

— Então vamos ou não? — Gabe pergunta com um sorriso, ajeita sua bolsa e agarra meu braço antes mesmo de eu responder. O que Matthew pensaria disso?

— Aonde vamos? — Katherine pergunta, mas Gabe fecha a cara.

— Mamãe, só vamos eu e a Emmanuela! — Gabe diz olhando para Katherine, que está com um chupão no pescoço. O quê? Um chupão no pescoço? Minha sogra? Se é que eu já posso chamá-la assim. Que família doida é essa?

— Volte em uma hora — responde Dona Katherine, dando meia volta e saindo em direção ao elevador.

— Não liga para a minha mãe, ela é um pouco intrometida. Mas eu não gosto disso, não muito — enquanto ela falava, eu apenas concordava.

— Uma vez, quando eu namorava, levei o garoto para nossa casa. Minha mãe ficava perguntando sobre a vida dele, se ele tinha cachorro ou gato, se gostava de ir à aula... Essas coisas desinteressantes que nossos pais parecem adorar — viramos a esquina e entramos em uma lanchonete chique.

— Quando papai vai às agências, mamãe vai atrás, como um carrapato. Ela é tão preocupada com ele que a segue a cada passo. Já nós colocamos um basta nisso. É chato, eu sei, mas se não tivéssemos brigado com ela, estaríamos um desastre — ela balança a cabeça como se estivesse estressada.

— Bom, eu nunca levei um cara para dentro de casa. Isso é novo para mim e para minha família. Minha irmã caçula tem câncer, e isso me faz ser um pouco cautelosa com quem quero por perto. Meu pai se separou da minha mãe quando descobriu que Savannah, minha irmã, estava doente.

— Sua irmã está bem? — ela pergunta, assustada.

— Está sim, graças ao Matt, ela pode fazer o tratamento... e ele é atencioso demais com ela — digo enquanto nos sentamos em uma mesa de madeira rústica. O ambiente era antigo, mas muito agradável, e de certa forma, me senti confortável.

— Aquele bobo sempre foi assim. Ele é muito apegado a crianças. Agora que você é namorada dele, vai ter que se acostumar — ela ri. — Quando éramos crianças, papai ensinou Matt a cuidar de mim. Acho que é por isso que ele é tão protetor...

— Boa tarde, senhoritas. O que gostariam de pedir? — um jovem albino e loiro pergunta, segurando um caderninho e uma caneta Bic.

— Duas taças de milkshake de morango com baunilha — Gabe fala e logo o despede.

— Espero que Matt esteja melhor de suas crises... — sua voz falha ao tocar no assunto.

— Ele está melhor. Sempre fico com ele para não deixá-lo sozinho...

— Ele está tomando os remédios? — ela pergunta, séria.

— Está, e eu nem preciso forçá-lo. Ele toma sozinho — digo orgulhosa, como se estivesse progredindo.

— Matthew é uma pessoa boa. Temos que ter paciência até tudo voltar ao normal.

Depois de tomarmos a bebida, voltamos para o hotel e fiquei aliviada ao ver Matt. Gabe me contou muitas coisas interessantes sobre ela enquanto íamos para o aeroporto. Ela era um pouco péssima em piadas, mas era engraçada...

***

— Você está bem? — Matt pergunta, preocupado, enquanto fico tonta antes de entrar no avião.

— Se quiser, tenho alguns remédios aqui... — ouço Gabriela dizer.

— Está tudo bem — minto. Me despeço mais uma vez de Dona Katherine e Gabriela e logo embarcamos para voltar.

— Não ligue para a Gabe, ela fala demais — ele diz rindo de sua irmã. Sinceramente, os dois tinham alguma rixa?

— Gostei dela, na verdade gostei até demais — tento ser simpática. Matt se joga na poltrona, enquanto eu ajusto o cinto.

— Não vai virar lésbica, né?

— O quê? Não... Matthew!! — jogo uma almofada que estava ao lado em cima dele. Logo depois, ele a coloca embaixo da cabeça.

— Sei... — seu olhar malicioso estava me irritando.

— Dá para parar?! — digo, irritada.

— Com o quê? — ele levanta uma sobrancelha.

— Com isso aí — eu estendo a mão e aponto para seu rosto. Ele começa a rir e faz caretas.

— Eu gostei tanto de ficar na sua casa, com a sua... família — ele me surpreende, e acabo sorrindo de felicidade.

— Elas também gostaram de você!

— Se você quiser... bem... nós poderíamos levar elas para ficar uns dias lá em casa...

— Matt, isso seria perfeito! — talvez eu tenha surtado... — Elas nunca ficaram em um lugar tão chique! Tem noção de quanto Savannah vai gostar da piscina, dos quartos e daquele quintal gigante?

— Será? — ele pergunta com um olhar inocente.

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora