Querida Babá

Capítulo 34

— HUNTER! HUNTER! HUUUNTER. GREEG, TOMÁS! — A voz familiar de Bob fez com que nossa concentração se perdesse.

Matt saiu rapidamente, sem camisa e usando apenas a calça moletom. Eu estava ofegante enquanto ele descia as escadas desesperadamente.

— VENHAM, VAMOS PARA O SÓTÃO! — Brianna apareceu do nada, como se tivesse visto um homem morto à sua frente.

— O que está acontecendo? — perguntei, confusa, enquanto ela abria uma porta quase invisível no teto. Ao abrir, caiu uma escada de corda com pedaços de madeira.

— Sobe logo! — Ela me puxou para subir. Segui-a, ouvindo um barulho de tiro.

Eu estava tensa. Tiro? Foi um tiro? O que estava acontecendo? Por que estariam atirando dentro do pátio? Matthew não havia me dito absolutamente nada sobre o que fariam em relação ao homem que assassinou seu amigo. Não que eu achasse que eles iriam matá-lo; pensei que iriam denunciá-lo. Brianna estava agachada, olhando pelo buraco no chão do sótão. Verifiquei se a portinha estava bem fechada e trancada. Brianna levou a mão à boca, sinalizando para que eu ficasse quieta. Concordei.

Acabei me agachando na frente dela e espiando pela fresta que dava visão para o meio da sala. Bob estava ao lado da porta, enquanto Matt e Greg estavam atrás do balcão da imensa cozinha. Havia batidas frenéticas na porta, até que um tiro ecoou por todo o cômodo.

A porta foi arrancada, e um sujeito com cara de malandro entrou com uma pistola. Minha respiração acelerou. O que ele queria? Bob atirou na cabeça do homem, que caiu no chão.

— SEUS FILHOS DA MÃE! VENHAM AQUI FORA BRIGAR COMO HOMENS, SE NÃO IREI EXPLODIR A CASA INTEIRA — Uma voz alta o suficiente para causar medo fez Brianna estremecer. Dois homens entraram na casa e começaram a brigar com os braços. Eles queriam os outros vivos, por sorte. Bob estava aguentando, mas um terceiro indivíduo entrou. Matthew pulou o balcão e começou a socar o cara, que revidava.

— Seu filho da puta, não acredito que você ainda está vivo — O homem dizia enquanto batia em Matt com total força. Matt não parecia sentir dor e continuava a contra-atacar. Greg estava com uma arma na mão, suponho que esperando o momento certo.

— Você é um vagabundo — Matt gritou, após levar uma joelhada na costela. Ele derrubou o cara, que parecia desmaiado, e então deu uma cotovelada em um dos homens que estava atacando Bob. Enquanto isso, um senhor entrou, e todos ficaram atônitos.

— Meus caros amigos — ele debochou. — Pensaram que eu não iria achar vocês?

— Fique onde está! — Greg gritou, apoiando sua Magnum em cima do balcão e segurando uma granada com a outra mão. Eu fiquei pasmada. O que ele queria? Como sabia nosso paradeiro?

— Meu tempo é dinheiro, quero que vocês venham comigo agora — o velho disse, conferindo o relógio. Matt começou a rir, mas Greg estava mais atento do que nunca.

— Você acha que é quem? Estamos com seu querido sócio e mais cinco caras em um esconderijo. Você acha que vamos nos entregar assim tão fácil? — Matt limpou a garganta. Vi que Bob estava, vagarosamente, se afastando um pouco.

— Você já se entregou quando minha filha o enganou — o velho caminhou em direção a Matt, que estava confuso. — Rommy era uma garota genial, com seus dons de persuasão e charme. Você caiu fácil, fácil. Na verdade, todos caíram.

— Eu não acredito em você — Matt disse, enquanto eu ficava atenta. — Mesmo que tenha errado, Rommy não era assim.

— Rommy conseguiu todas as informações que eu queria. Todas — ele parecia orgulhoso. — Micael Donovan, filho de um policial, mora em Ibiza, não trabalha e apenas gasta o dinheiro do pai. — Ele riu. — Gabriel dos Santos, filho de faxineiros e com uma pequena bebê, que por coincidência amanhã é aniversário dela. — Bob olhou para ele com raiva. Então Bob se chamava Gabriel!?

— Matthew McVay Forbes, filho de Macollin Revigori e Katherine Forbes, dois ícones da moda. Pensava que estava noivo de minha filha até meu anjo morrer por sua CULPA! — Ele se alterou e deu um tapa na cara de Matt, que estava atônito e com lágrimas nos olhos. — Você acha que eu não descobriria? Onde está sua namorada... Emmanuela... Eu vou te pegar... — Ele cantou a última parte, enquanto olhava para Brianna, que segurava minha mão com força.

— Você não se atreveria! — Matt disse, enquanto uns dez homens fortemente armados entravam na casa. O que eu vi a seguir foi chocante. Três homens começaram a espancar Matt, que estava completamente machucado. Eles levaram Bob e pediram para trocar por um tal de Alfred.

— Matthew, espero que você se recupere, pois eu voltarei, e você será a prioridade — ele debochou e saiu desfilando, enquanto seus homens recuavam para protegê-lo. Dois homens pegaram os que estavam desmaiados e desapareceram.

— Meu nome é Karen — Brianna disse, enquanto eu chorava em seus braços. Eu queria descer, mas os homens ainda não tinham partido. Matt estava caído no canto da escada, enquanto Greg — ou Micael — havia corrido para o porão.

Foi então que percebi que o amava. Eu amava Matt e estava disposta a tudo para protegê-lo.

Abri a porta antes que Brianna pudesse me impedir, corri escada abaixo e tentei levantar Matt. Ele era o dobro do meu tamanho, e nada parecia resolver.

— Matt, por favor, aguente. Vou chamar uma ambulância — disse, beijando sua testa, que estava respingada de sangue.

— Me desculpe — ele tentou falar, mas ficou mais tonto.

— Por favor, não me deixe, por favor — ouvi ele soluçar devagar enquanto sua respiração começava a normalizar.

— Obrigado por estar aqui — ele falou.

— Eu te amo, Matt — não consegui controlar as lágrimas. Eu não podia perdê-lo, não podia e nem queria. Ele me deixava louca na maior parte do tempo, mas era especial para mim.

— Eu sou o cara mais sortudo do mundo... — ele riu. — Eu te amo desde quando você optou por ficar ao meu lado. — Seu olhar era de esperança. Ele não teve sorte no seu antigo romance; talvez fosse destino.

Mas aqui e agora, eu estava amando cada aspecto dele, cada gesto, sua mentalidade infantil e adulta. Eu o amava e tinha, indubitavelmente e inconsequentemente, certeza disso.