Capítulo 7

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— Não estou falando por mal, mas... dá para colocar uma calça pelo menos?!

— Para de encher o saco, vai dormir, garota — a voz dele me enfureceu. Atirei um travesseiro nele, e ele se desviou com facilidade.

— Você é mais criança que sua irmã!

— Pelo menos minha irmã não saiu de casa por causa de mim — deixei escapar, mas logo tapei a boca com as mãos.

— Não fale do Gabe, nunca mais — o tom de voz de Matt me assustou. Tenho certeza de que minha mãe ouviu lá do quarto.

— Fala mais baixo, por favor — pedi sem graça.

— Quantos anos tem sua irmã? — ele perguntou, deitando-se na cama depois de apagar a luz.

— Ela tem seis anos.

Eu não gostava de pensar muito na minha irmã. Eu a amava profundamente, mas lembrar da doença dela me fazia sentir um peso enorme no coração.

— Ela é uma garotinha incrível — me surpreendi com as palavras de Matt. Algumas lágrimas começaram a cair, e eu sabia que precisava ajudar minha família. Eu prometi que faria o possível, abandonei os estudos e meu antigo trabalho para arcar com o tratamento do câncer dela.

— Ela gostou de você — comecei a soluçar. — Eu queria que ela estivesse melhor para você ver como ela é hiperativa.

— O que aconteceu com seu pai? — A pergunta inesperada fez minhas lágrimas fluírem ainda mais. Quando pensei que não conseguiria suportar, senti Matt se aproximar e se ajoelhar ao lado da minha cama, ficando com o rosto perto do meu.

— Meu pai nos abandonou quando soube da doença de Savannah. Ele disse que não ia gastar dinheiro com ela... foi embora sem deixar nada, tivemos que recomeçar. Às vezes eu minto que meu pai morreu, só para não lembrar o quanto eu o odeio por não ter tido coragem de ficar. Estamos juntando o máximo de dinheiro possível para o tratamento dela, mas não é barato. Ele nem sequer ligou para perguntar se ela ainda estava viva... — estava prestes a terminar quando a mão de Matt foi até minha bochecha para limpar as lágrimas.

— Minha irmã se foi porque eu estava maluco. Eu sei que às vezes ainda não sou cem por cento, mas fico triste por ela ter se mudado. Minha mãe ficou aborrecida com ela, mas meu pai deixou ela ir. Elizabeth, a filha do meu padrinho, sempre esteve comigo nos momentos mais difíceis da minha vida... Quando eu namorava Sofhia, estava planejando noivar com ela. Ela era tudo para mim... mas um dia recebi um telefonema dizendo para ir ao parque da reserva. Eu fui no horário em que me disseram e encontrei Sofhia com outro cara. Ela estava me usando por causa do meu dinheiro. Eu tinha uma empresa que fundei com a ajuda do meu pai. Tudo estava indo tão bem, mas vê-la se esfregando com outro cara me fez perder a cabeça. Briguei com os dois e fui para um bar beber. Acabei arranjando confusão e fui expulso. No caminho de volta para casa, decidi jogar meu carro de uma ponte. Eu achava que poderia acabar com o meu sofrimento, mas foi aí que tudo começou — ele confessou.

Nós éramos duas pessoas complicadas, isso já estava claro. O silêncio reinou por alguns minutos, e eu senti a respiração pesada de Matt no meu ombro. Será que ele ia fazer o que eu estava pensando?

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora