No outro dia...A ansiedade estava me deixando paranóica. Ao entardecer, Matthew recebeu uma ligação estranha de um cara, e eu conseguia ouvir outras vozes. Ele ficou impaciente, como se precisasse fazer algo urgente.
— Emma, precisamos conversar... — ele disse enquanto eu fingia que estava recém-acordada. — Aconteceu uma coisa e preciso partir.
— O quê? — perguntei em um salto, ficando um pouco impaciente. — Tomou seus remédios ontem à noite?
— Que se dane os remédios. Preciso que vocês fiquem aqui em casa. Talvez eu volte em uma semana ou algo assim.
— Você está louco? Não pode me deixar por uma semana. Eu... — estava desesperada, mas não podia fazer nada que o impedisse. — Me leva com você!
Talvez minha fala precipitada tenha soado um pouco irritada, mas eu não queria ficar sem ele, não agora que me acostumara a ter sua presença por perto.
— Você pode se machucar... Eu posso me machucar. Acho que você não iria querer isso — ele esfrega as mãos no cabelo, como se tentasse parar alguma dor. Sua testa enrugada mostrava sua preocupação, e fui cautelosa em pensar antes de responder.
— Você precisa de mim. Você sabe disso — respondi com calma. Sua reação foi se jogar no sofá em frente à enorme cama.
— Então iremos partir agora mesmo.
— Mas tão depressa assim? — minha voz saiu mais alta do que o esperado. Andei até ele e fiquei em pé à sua frente. Logo escutei alguns palavrões saindo de sua boca.
— O que devo levar de roupa?
— Leve o mínimo de roupa possível — fiz uma mala pequena enquanto ele preparava o carro. Fiquei aliviada ao ver minhas meninas dormindo. Pedi para que Judith inventasse uma história convincente para elas. Ela prometeu tomar conta e fazer seus melhores bolos.
Fomos para o carro, mas ele estava falando ao celular, então não o interrompi enquanto dirigia. Ele estava com um semblante preocupado, e suas emoções mudavam momentaneamente.
— Na rota 13, vou pegar outro carro, talvez um na Costa Leste. Isso, me esperem na Divisa de Portugal. Estou a caminho.
Costa Leste? O quê? Ele estava despistando alguém? Eu estava totalmente confusa, era uma montanha-russa de informações ruins. Quando Matt largou o telefone no porta-luvas, suas emoções não haviam mudado, e eu me perguntava o que estava acontecendo.
— Assassinaram Kai. Esses filhos da mãe mataram meu amigo — ele fala entre dentes, com uma raiva atônita.
— Sinto muito. O que vamos fazer em Portugal? Iremos para o velório? — tentei ser a mais delicada possível, embora não tivesse muito talento para isso.
— Esquartejaram e depois queimaram ele. Inspira fundo. Nós iremos fazer o mesmo com o filho da puta do Bjorn — mais informação do que eu podia lidar.
— O quê? Você está louco! Não deve se meter com isso — gritei, mas ele não parecia tocado.
— Eu tentei ficar longe disso, mas sinceramente não consigo. Se você quer ficar por perto, tem que ficar calada, para seu próprio bem.
— Agora estou sendo ameaçada pelo próprio namorado? — disse, me sentindo amedrontada. Pensei em algumas coisas, como abrir a porta do carro e me jogar enquanto ele dirigia, buzinar desesperadamente até que alguém ajudasse, ou ligar o pisca-alerta... Ok, talvez a última não fosse lá uma grande ideia, mas eu estava pasma.
— Não é por mim, mas os caras que você vai conhecer não são as melhores pessoas do mundo. Então, não tente criar confusão com seu politicamente correto — me senti um pouco mais confortável. Naquele momento, queria poder entrar em sua mente. Tentei fazer algum tipo de esforço para ver se eu tinha algum superpoder, mas me decepcionei.
— Por que está me olhando com esses olhos semi-cerrados? — ele começa a rir, de um jeito grosseiro.
— Nada — disfarço.
Quando estávamos na avenida, quase chegando na rota 13, Matt recebeu outra ligação, só que de uma mulher, parecia alguma amiga. Fiquei atenta, mas não consegui ouvir a voz dela, enquanto ele apenas respondia 'aham, tá bom, ok...'
— Vamos mudar de carro, agora — ele fala enquanto estacionamos.
Ele saiu do carro depressa. Fiquei um pouco atrapalhada em abrir a porta, peguei minha mini-mala e andei até o outro carro. Era um Mercedes. Uma linda mulher morena saiu do carro e entregou as chaves.
— Hunter, tenha cuidado — quem ela era para estar preocupada? Quem era Hunter? Ele apenas acenou e abriu a porta do carro para mim, pelo menos isso. Já começava a amanhecer quando chegamos na divisa de Portugal.
— Cuidado com o que fala. Iremos pegar carona com o Greg. Ninguém sabe a identidade real de ninguém. Temos apelidos. Tenho pessoas íntimas que sabem, mas não são todos confiáveis. Me chamam de Hunter aqui. Não diga meu nome em hipótese alguma. Ninguém desse lugar me conhece de verdade — ele dizia enquanto eu apenas confirmava balançando a cabeça. — Vou te chamar de... gostaria de qual nome?
— Sempre gostei de Hayle — começo a rir com a situação, mas ele estava sério, então devia ser algo muito alarmante.
— Então está bem, Hayle. Você ficará ao meu lado sempre naquela casa. Entendeu? Quando eu não estiver, você ficará trancada no quarto.
— Matthew, eu não estou entendendo... — começo a soluçar, sentindo lágrimas escorrerem. Parecia que algo ruim iria acontecer.
— Você disse que confiava em mim, então prove. E não se esqueça: sou Hunter agora — ele sorri e pisca para mim. Eu não conseguia suportar sua troca de humor. Será que isso tinha a ver com seus remédios?
Entramos em um carro que parecia caríssimo. Eu me sentei no banco de trás, enquanto Matt se sentava ao lado do motorista.
O homem que se identificava como Greg, loiro de olhos verdes, estava com uma touca vermelha de uma marca que eu não reconhecia. Eles falavam sobre seus passados, enquanto Matt me vigiava a todo momento. Acabei adormecendo enquanto tentava ao máximo ficar acordada e obter o máximo de informação possível.
Acordei em um quarto que parecia um hotel barato, daqueles de filme que têm apenas uma cama e um bidê. Minha pequena mala estava no chão, junto com uma mochila que presumi ser de Matthew. Será que eu já estava na casa? Fiquei com vontade de abrir a janela e olhar do lado de fora, mas Matt havia me avisado para não me precipitar.
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Querida Babá
RomansEmma enfrenta um turbilhão de emoções quando a vida que construiu com Matthew começa a desmoronar. Após uma série de eventos que põem à prova seu relacionamento e sua confiança, Emma descobre que Matthew não é o homem que ela acreditava conhecer. Co...