**Sr. Williams**— Posso mandar os carros? — perguntei, impaciente.
— Você não prestou atenção no que eu falei? — Dei um tapa em sua cara, odiava quando não me ouviam.
— Sim, mas senhor... eles foram encontrados. Não acha melhor irmos atrás deles primeiro? — Ele me olhou, tentando evitar o meu olhar fulminante. Como podia contratar homens que não sabiam cumprir ordens?
— Eu já disse que vamos esperar. Temos uma isca; vamos usá-la para tornar as coisas mais interessantes!
— E o que fazemos com a velha?
— Deixem-na na caixa de aço.
**Emma**
A vista pela janela mostrava uma tarde nublada e chuvosa. Encostada no sofá, observava as árvores paradas enquanto o barulho vindo da cozinha era de reclamação. Haviam encontrado um baralho perdido na gaveta e não paravam de jogar canastra. Apertei o edredom que cobria meu corpo com mais força. Estava tão relaxante que tive breves sonecas.
Eu queria muito começar a faculdade. Já que Matt havia pago o tratamento para Savannah, pensei que havia uma grande chance de meu sonho se tornar realidade. Era satisfatório apenas imaginar receber o diploma, mas nem sequer tinha começado os estudos.
— Emma, vem jogar com a gente — Karen me chamou novamente, e eu sorri e acenei que não.
— Aquela é uma árvore de laranja? — Perguntei, olhando pela janela.
— Árvore de laranja? — Micael repetiu, enquanto todos começaram a rir.
— Laranjeira? — Matt perguntou, sorrindo pacificamente. Anuí. — Quer que eu vá colher uma para você?
— Você faria? — Perguntei, animada. Ele apenas me entregou as cartas e saiu da cabana para colher uma laranja na chuva. Acabei rindo da cena: ele pisou em uma lama e derrapou, caindo de bunda no chão. Todos gargalhamos, e Matt voltou com uma laranja e o traseiro sujo de lama.
— Vocês são tão hospitaleiros que chegam a ser sutis — ele reclamou.
Enquanto ele trocava de roupa, resolvi preparar um cachorro-quente. Karen estava disposta a comer, e Micael estava ansioso para ajudar. Expliquei tudo o que ele devia fazer, com os temperos. Ele prestou atenção ao máximo, picou a salsinha e preparou o molho.
— Que cheiro delicioso! — Matt voltou e se juntou a Karen para esperar.
— Mica, você está tão lindo nesse fogão. Está pronto para casar? — Karen riu. Senti uma indireta entre eles, mas permaneci em silêncio. — Emma também está pronta para casar.
Cortei meu dedo enquanto lavava a faca. Que droga. Casar? Eu? Não! Fiquei incomodada, mas ignorei o fato de que isso poderia passar por suas cabeças.
— Estamos bem assim — Matt falou discretamente, provavelmente percebendo como eu reagi. Depois de fazer um curativo, ele caminhou até o fogão e aumentou as chamas enquanto eu comia minha laranja.
— Savannah adora cachorro-quente — disse, sorrindo.
— Quem é Savannah? — Micael perguntou, confuso.
— Minha... —
— Minha cunhadinha — completou Matthew.
— Hmmm.
— Foi o melhor cachorro-quente que eu já fiz na minha vida — disse Micael.
— Esse é o primeiro — falei. Karen fez uma careta e acabamos rindo.
No dia seguinte, fomos a um lago que estava hiper mega gelado. Hesitei em me jogar como eles haviam feito, mas acabei sendo agarrada por Micael e empurrada por Matt.
— Isso é incrível, eu adoro água — Karen parecia uma criança de tão empolgada. — Pena que não trouxemos bóia.
— Ainda bem que o clima cooperou hoje. Duvidei que o sol apareceria — Matt comentou.
Tentei nadar desajeitadamente até Matt, que veio na minha direção. Sua habilidade na água era extrema; como ele era tão bom em tudo?
— Quando voltarmos, vou te ensinar a surfar.
— Verdade? — Perguntei, atônita.
— Óbvio que sim.
Ele me abraçou e fez bolhinhas, e eu o olhei desconfiada antes de começar a rir.
— Matthew, seu peidão! — Tentei nadar para longe, mas suas mãos me puxaram de volta.
— Quando tudo isso acabar, pretendo morar em Miami — Karen puxou conversa enquanto flutuava na água.
— Miami? Não tem outro lugar?
— Quero ser atriz — ela suspirou. — Tem uma escola de teatro renomada em Miami.
— Vou fazer faculdade de Literatura.
Ao dizer isso, logo me arrependi. Será que Matt iria gostar da ideia ou reclamar por eu não estar ao seu lado? Seu olhar era de orgulho, sem sinal de desapontamento.
— Quero voltar para a minha própria casa — ele disse.
— Eu vou tirar um cochilo — Micael sempre tinha uma linha de pensamento desastrosa.
**Sr. Williams**
Os carros estavam estacionados ao lado do armazém, prontos. Os homens cujos nomes eu não lembrava iriam, sem saber, se voltariam. A devoção que tinham por mim me dava poder sobre eles.
— Tragam-me os nove! — Ordenei.
Não iria me arrepender. Eu queria confrontá-los e mostrar quem era o manda-chuva. Minha pequena Rommy não conseguiu terminar sua jornada por causa desses idiotas. Seria um fracasso total se eu não tivesse minha segunda opção, Viviam. Gêmea de Rommy, morava com a mãe por segurança, um segredo de família. Agora ela iria me ajudar a fazer os últimos dias de Matthew os mais dolorosos possíveis.
— Estou pronta, papai — a voz suave de Viviam trouxe angústia ao meu coração. Por que Rommy?
— Entre logo no carro — ordenei ríspido.
— Por favor, papai, eu preciso de atenção — ela clamou, mas então dei um tapa forte em seu rosto. Suas mãos foram até sua bochecha, parecendo surpresa. Seus olhos lacrimejaram enquanto meu coração se apertava por Rommy.
— Eu mandei ir para o carro!
Era como se fosse minha pequena pérola. Seus cabelos, sua pele, o tom dos olhos, eram idênticos. Mantê-la escondida nunca foi difícil para mim, embora sua mãe sempre contrariasse minhas ordens. Não tive dificuldade em prendê-la e mentir para Viviam que ela havia permitido. Tudo estava como planejado, enquanto eu caminhava em direção à minha doce vingança.
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Querida Babá
RomanceEmma enfrenta um turbilhão de emoções quando a vida que construiu com Matthew começa a desmoronar. Após uma série de eventos que põem à prova seu relacionamento e sua confiança, Emma descobre que Matthew não é o homem que ela acreditava conhecer. Co...