Capítulo 67

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**Matt**

Enxuguei as lágrimas de Frida; ela estava pronta para mais um exame de liberação. Não é nada fácil para uma mulher de cinquenta e poucos anos. Segurei a mão dela enquanto injetavam mais contraste em seu corpo. Eles precisavam ter total certeza de que ela estava com a saúde em excelente estado para o procedimento dar certo. Seu aspecto físico mostrava o quanto ela estava sentindo dor, mas ela sabia que, no final, tudo ocorreria como ela queria. Então, ela tinha consciência de que suas dores eram por uma boa causa.

- Só mais um pouquinho... - o doutor fala, terminando com a seringa.

- É por uma boa causa - lembro-a.

Algumas horas depois, fomos buscar Emma. Ela demorou alguns minutos para aparecer, desajeitada com sua pilha de livros.

- Nossa, que surpresa, mamãe - ela fala ao entrar no carro.

- Estou aproveitando a carona para ir ao mercado - Frida soa tranquilamente.

- Não se preocupe com Savannah, que está na casa da dona Ana - explico. Ela sorri. Volto a dirigir enquanto Emma ajeita seu cinto de segurança.

[...]

Savannah estava sorridente com seu cãozinho na mão. Ela queria ficar acordada até tarde, mas todos queriam dormir. Para uma menina de sete anos, ela é muito esperta.

- Mas mãe... - ela batia o pé no chão, enquanto o cachorrinho ficava cada vez mais assustado.

- Savannah, obedeça à mãe! - Frida aumenta o tom de voz.

- Eu já sou adolescente, devia dormir tarde - ela berra, largando o cachorro no chão.

- Savannah, respeite os mais velhos - Emma se mete na conversa.

- O que acha de assistirmos a um filme? - pergunto a ela, enquanto Frida e Sasha vão dormir.

- Tudo bem, mas não vou dormir muito tarde - ela choraminga.

Emma ajeita seu cabelo, prende-o num coque que a deixa mais delicada. A abraço, contendo-me para não contar tudo que estava acontecendo. Ela iria me odiar por não ter compartilhado com ela. Mas era assim que dona Frida queria. Somente eu, Frida e Josefh sabíamos dessa tragédia que aconteceu. Emmanuela terá que ser forte o bastante para continuar trilhando seus caminhos.

- Deita a cabeça no meu colo - Emma fala, sorrindo. Eu obedeço.

Ela coloca um canal que está passando "Sr. e Sra. Smith"; ela realmente é fascinada por esse filme. Ela afaga meu cabelo enquanto encosto minha bochecha em seu quadril. Ela se dedica a todo momento por sua família; ela iria se sentir tão culpada, mas se ela me perdoasse, talvez nós encontraríamos uma solução. Conseguiríamos controlar a situação.

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**Frida**

Há muito tempo eu não sabia o que era se sentir culpada.

Sempre me esforcei pelas minhas meninas, que sempre me deram orgulho. Minha decisão foi tomada precipitadamente. Era óbvio que essa seria minha decisão, mas saber que Emma teria que ser forte no momento em que tudo viesse à tona...

- Menino Jesus, que vem para mim, faça de mim uma boa criança. Meu coração é pequenino, cabe somente Jesus menino para sempre. Amém - Savannah rezou antes de fechar seus olhos.

...

- Mas doutor, eu não estou entendendo.

- Savannah precisa de um transplante de pulmão - ele fala devagar. - O tumor dela se instalou no pulmão, e Savannah não irá conseguir lidar com isso.

- Algum tratamento que possa fazer? - Matthew pergunta, então vem a notícia que devastou meu coração.

- Se McVay, não existe nenhum tratamento para esse caso. Não há nada na Medicina que irá servir, a não ser um transplante de alguém da família.

- Mas se fizermos o transplante, como saberemos que dará certo? - indago. Meus olhos já estavam lacrimejando.

- Lamento, mas o doador terá que doar sua vida - ele baixa a cabeça, evitando nosso olhar.

Foi aí que caiu a ficha.

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**Matt**

Em dois dias, tudo estava quase pronto. Tínhamos duas semanas até a cirurgia. Frida optou por não contar a Emmanuela, senão ela surtaria. Emma estava tão atarefada com a faculdade que nem notava quanto sua mãe estava saindo tanto.

Nesses dois dias, Frida estava ficando cada vez mais com a mente aberta sobre tudo.

Minha mãe estava de volta em casa, com Macollin. O cara que dizem ser meu "pai". Esclareci algumas coisas para eles, como eu estar morando com Emma. Minhas roupas estavam em malas, ao lado do guarda-roupa dela.

Não me preocupei com o fato de estarem no chão, até porque, depois de algumas semanas, elas iriam ter que morar comigo.

Tudo iria se resolver; se desse certo, Savannah iria melhorar. Ela teria uma vida longa e feliz.

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora