Capítulo 28

25.8K 1.8K 60
                                    


O travesseiro estava com um cheiro forte de amaciante de roupa; aposto que havia alguma mulher naquela casa. O lençol era branco, enquanto a coberta marrom, típica de um hotel barato, estava me esquentando muito bem. Ouvia alguns barulhos vindo de fora do quarto e queria encostar minha cabeça na porta para ouvir melhor, mas certamente Matthew chegaria e começaria a achar que eu estava sendo curiosa. Pensei em como minha mãe reagiria ao fato de eu sair sem me despedir; mas era necessário. Ela encheria de perguntas, e se Dona Katherine descobrisse, ficaria louca comigo e me demitiria. Apesar de eu estar namorando seu filho, um marmanjo inconsequente.

Alguns passos se aproximaram da porta, seguido do barulho de uma chave na maçaneta. Ele havia me trancado? Quanta confiança ele tinha em mim?

— Espero que esteja com fome — ele apareceu com uma bandeja de madeira com alguns biscoitos e um copo de suco. Havia mudado de roupa; um perfume avassalador tomava o ambiente. Sua regata branca mostrava seus músculos emoldurados por tatuagens. Incrivelmente sexy. Usava uma calça jeans que não disfarçava nada na braguilha.

— Vai querer? — ele perguntou para mim, enquanto eu me encostava na cabeceira da cama. Matt colocou a bandeja em minhas pernas e se encostou ao meu lado.

— Aonde estamos? — perguntei olhando para a janela fechada e começando a mordiscar a comida.

— Estamos em um lugar seguro, numa casa com oito homens e uma mulher — sorriu e me deu um beijo no rosto. — Não se preocupe, você é mais linda que ela!

— Sério, Matt? Estou zangada com você e me vem com uma dessas? — revirei os olhos enquanto dava um gole no suco maravilhoso.

— Apenas achei que merecia saber, já que logo você vai conhecê-la.

Terminei de comer e me deitei novamente. Ele ficou ao meu lado, me olhando com um sorriso bobo.

— Por que está feliz? — ele mudou para sério, mas não conseguiu se segurar e sorriu novamente. Como ele ficava lindo com aquela barba.

— Eles são meus amigos, apesar das regras. Me sinto bem aqui — ele foi sincero e se aproximou mais de mim.

Seus lábios encostaram nos meus. Suspirando, me entreguei ao beijo, que além de selvagem, foi demorado. Quando acabamos, eu estava por cima dele.

— Me desculpe, eu não tinha a intenção de... — franzi a testa.

— Subir em cima de mim? — arqueou uma sobrancelha e sorriu novamente. Quando descemos para a sala, havia um sofá gigantesco bordo, uma televisão de aproximadamente 42 polegadas e três homens sentados assistindo a um canal de luta. Reconheci Greg com sua toca vermelha e um cigarro na boca.

— Gente, essa é minha prima Hayle — Prima? O quê? Os três se viraram. Dei um passo para trás ao ver um moreno com uma cicatriz enorme no rosto. Me deu calafrios, e senti a mão de Matt pressionando minhas costas. Ele havia avisado que ninguém deveria ter informações verdadeiras.

— Olá, pessoal — sorri de uma maneira tão falsa que o loirinho dos olhos verdes piscou para mim.

— Sua prima é... gata — o homem que estava segurando uma lata de cerveja falou. Matt riu.

— Ela não é para o bico de vocês. Já estou avisando — ele ameaçou. Eles ficaram sérios, mas Greg ainda continuava a me olhar.

— Jurava que era sua namorada, menos mal — Greg falou. Matt sorriu. Como ele não estava com ciúmes? Espero que a mulher não seja uma...

— Hunter. Que saudade — uma mulher alta, com cabelos loiros e olhos castanhos, uma pele de bebê e um sorriso mais branco que propaganda de creme dental, entrou. Estava vestindo um shorts curto e uma jaqueta vermelha. Ela pulou em seus braços e o abraçou.

— Brianna, espero que esteja melhor do que da última vez que nos vimos — ela saiu de seu colo enquanto eu pigarreava.

— Quem é essa? — seu sorriso foi mais falso que o meu. Controlei-me para não socar seu lindo rosto de mármore.

— Essa é minha prima Hayle — ela me abraçou desprevenida, e vi o loirinho revirar os olhos.

— Seja bem-vinda à minha casa. Com certeza seu primo já falou de mim para você, então quero conhecê-la também — que vadia, não, ele não me falou nada de você. Mas com certeza vai falar muito quando eu começar o questionário. Fiz que sim com a cabeça e sorri. Senti que Matt estava desconfortável.

— Venha, vou te mostrar o banheiro para tomar uma ducha — Matt sorriu e me puxou pela mão.

— Se quiser, eu mesma posso mostrar — um dos caras falou, mas não vi quem.

— Que porra aconteceu agora? — fiquei chocada por Matt não ter me antecipado nada do que poderia acontecer.

— Olha, Brianna, ela é legal, então tenha calma. Só que às vezes ela exagera.

— Por que raios ninguém pode saber que eu sou sua namorada? — interrompi.

— Se alguém souber, pode cair em bocas erradas e, se quiserem me chantagear... sabem de você.

— Eu não acredito que vou ter que aguentar uma mulher dando em cima de você — disse rígida, enquanto ele andava de um lado para o outro no banheiro.

— Desculpe, mas eu tive que vir e isso terá consequências — ele parecia um pouco impaciente. — Se quiser, pode ir embora... — sua afeição ficou triste.

— Estou com você, Matt — entrego, então, aos dias mais descartáveis da minha vida.

— Se alguém der em cima de você, vê se não seja tão malvada ou louca. Eles não são muito confiáveis, mas são legais — eu não estava entendendo porcaria nenhuma, então, o que mais poderia dar errado?

— Mais alguma coisa? — perguntei, esperando que estivesse ao fim.

Ele negou.

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora