Meus pés não me favoreciam; eu caminhava vagarosamente contra o desejo de fugir. Barriers internas tentavam a todo custo me fazer dar meia-volta. A manhã nublada deixava o clima ainda mais tenso e a névoa não ajudava. Pensei em todos os momentos que pareciam mágicos, pelo menos para mim.
- Droga - xingo baixinho ao ver o Audi parado bem em frente à minha casa.
Tentando ser forte, não chorar, a porta do carro se abre. Tento não parecer devastada.
- Emma... - por que quando meu nome é pronunciado por ele, parece tão perfeito? Seus lábios ficam tão bem dizendo meu nome.
- Emma, não é o que você está pensando... - ele vem para perto de mim. Analiso sua aparência: uma calça preta, uma camisa branca e uma jaqueta de couro.
- O que você está fazendo na minha casa? - pergunto irritada.
- Emma, por favor, não torne as coisas mais difíceis.
Seus olhos começam a lacrimejar, deixando-me triste.
- Matthew, você me destruiu, enganou, mentiu e manipulou. Encheu-me de expectativa em algo que nunca existiria. Sempre me tratou da melhor e da pior forma, sempre. Não tinha espaço para outra pessoa no meu coração, pensava o mesmo sobre o seu. Mas, pelo contrário... - eu apontava o dedo em sua direção, enquanto quase gritava de raiva. - Você pode inventar mil desculpas, mas sabe muito bem o que é ter um coração partido.
- Emma, não é assim... - ele tenta. - Nós nem mesmo nos beijamos, era coisa do Sr. Williams... E dependendo de...
- Até quando você vai ser o cachorrinho desse cara?
- O que? - ele me olha sem entender.
- Você me prometeu que voltaria, mas acabou me traindo - começo a chorar, querendo apenas que tudo acabasse logo. Vejo Liam, o vizinho, olhando pela janela com seu irmão Sebastian.
- Emma, tudo foi um erro. Você não entendeu. Não aconteceu nada, nada. O que eu sinto por você é... você é perfeita para mim.
Um suspiro longo sai de sua boca, deixando-me mal. Se fosse verdade, aqueles flashes não teriam registrado o momento.
- Olha, Emma, se eu não gostasse de você, não teria motivo para estar aqui, tentando proteger você. - ele cerra as mãos em punho. - Droga, estou fazendo tudo que posso para acabar com essa porcaria logo. Eu não aguento mais ficar longe de você. Se eu não te quisesse, não teria te pedido para ir à minha casa...
Ele chega mais perto, mas eu recuo.
- Emma, você não pode simplesmente acreditar na mídia. Eles falam o que querem.
- Não é tão simples para mim quanto para você. Você estava longe, não ligava, apenas mandava mensagens. Nem se preocupou em vir me ver mais vezes. Agora tinha tempo para levar outras para restaurantes, fingir uma vida normal. Eu te amo, você dizia que me amava, mas não parece verdade. Quando comparo o agora com o passado, talvez você não me amou. Apenas uma paixonite temporária, da qual você se vê com pena de terminar. Para que mentir quando se tem tudo que se quer, Matthew? Você é um homem poderoso, mulheres caem aos seus pés, não só por causa do dinheiro, mas pela sua aparência. Então, não perca seu tempo comigo.
- Emmanuela, dá para parar com isso? Não seja teimosa.
- Adeus, Matt - começo a caminhar em direção à porta de casa.
Os passos acelerados não ajudam quando sinto suas mãos em meu braço.
- Emma, deixe-me explicar.
- ME SOLTA, SOME DA MINHA VIDA! - grito, enquanto retiro meu braço.
Seus olhos ficam vermelhos. Novamente sinto uma dor tremenda por não poder consolá-lo, por não ter alguém para isso. Ele era tudo que eu tinha, pelo menos era o que eu pensava. Eu não iria deixar isso acontecer, não mesmo.
Sem olhar para trás, sem dizer uma palavra, entro em casa e desabo. Olho pela janela enquanto vejo, pela última vez, seu carro partir.
Savannah segura minha mão com seus olhos arregalados. Minha pequena. Ela me olha sorrindo e fala:
- Eu nunca vou te abandonar.
Se ela soubesse como é amar, nunca amaria. Sempre ouvimos quando crianças que devemos aproveitar ao máximo a infância. Isso é a mais pura verdade, sem preocupações e compromissos.
Nem minha mãe e meu pai, que eu achava ter uma linda história de amor, continuaram juntos. O amor te faz cego.
***
- Filha, você tem certeza que quer isso? - minha mãe pergunta enquanto eu faço uma carta para entrar na universidade.
- Não vou mais perder meu tempo, não mais - digo balançando os ombros.
Uma semana havia se passado desde que ele partiu e eu já estava aceitando melhor. Aceitando o fato de que ficar sozinha seria melhor para mim.
- Filha, você tem que viver sua vida, não pode ficar presa a nós. Mas... só tome cuidado.
- Mãe, eu nem sei se vou conseguir. Eu só quero viver um pouco. - suspiro.
- Eu te amo, filha.
- Eu também te amo, mãe!
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Querida Babá
RomansaEmma enfrenta um turbilhão de emoções quando a vida que construiu com Matthew começa a desmoronar. Após uma série de eventos que põem à prova seu relacionamento e sua confiança, Emma descobre que Matthew não é o homem que ela acreditava conhecer. Co...