Capítulo 11

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— Isso é chocante — digo, tentando parecer mais calma, mas meus pensamentos estão a mil.

— Será que ele ainda a ama? — pergunto. Bernardo ri e olha para o casal ao nosso lado. Eu também acabo olhando.

— Quando alguém ama e realmente quer ter um futuro com alguém, geralmente se casam. Isso acontece quando encontramos nossa alma gêmea — ele me olha enquanto afasta o potinho vazio de sorvete. — Matt perdeu tudo isso antes mesmo de perder, viu que o amor é cego — ele diz, e seu telefone começa a tocar.

— Alô, oi Gabe, sim, estou a caminho... Não, não acabei não indo. Até porque encontrei a Emma, a mulher que está cuidando dele... Tá bom, não vou demorar, beijos.

Quando estou voltando, vejo Matt na porta de entrada, com um celular na mão. Não vou falar com ele. Ignora. Ignora. Ignora. Merda!

— Aonde você estava? — seu tom é de preocupação.

— Fui me acalmar! — digo, sorrindo. Paciência, Emma.

— Se acalmar? Quem tem que se acalmar sou eu! — ele pega minha mão e me puxa para dentro da casa. — Tive que arrombar sua porta porque achei que tinha se matado.

— Por que eu me mataria? — pergunto, franzindo a testa. Vejo Judith espiando pela divisória da cozinha.

— Por causa de mim. Não quero perder mais ninguém! — isso é verdade? Ele estava mentindo? Não acredito em mais nada.

— Não acredito mais em você. Não tem bondade no seu caráter. Você é frio e sarcástico. Humilha as pessoas, como se você tivesse o rei na barriga — digo, gesticulando com a mão. Ele cruza os braços e me olha sério.

— Talvez eu não tenha o rei na barriga, mas sou o rei desta casa — ele diz, rindo de mim.

— Você sabe o quanto isso é ridículo? — pergunto, encarando Judith, que acaba de derrubar um prato.

— Deixe de ser bisbilhoteira e vá fazer seu serviço — ele grita com Judith, mas eu não me contento. Minha mão sobe sem eu controlar e estala em seu rosto. Parecendo cena de filme, ele fecha os olhos e passa a mão no lugar que eu havia batido.

— Você está DEMITIDA! — fico pasma e congelo. Não posso perder esse emprego. Não quero.

— Desculpe, Matt, eu preciso tanto de você quanto você precisa de mim — escapam essas últimas palavras.

— O que você disse? — ele pergunta com um sorriso de canto.

— Preciso desse emprego — engulo em seco. Isso é tão desgastante. Ele é problemático, um idiota.

Alguns dias depois...

O telefone começa a tocar. Matt revira os olhos e vai em passos largos até o telefone mais próximo.

— Alô? Mãe? Sim, está tudo sob controle... Não, mãe, eu não matei ninguém... Qual é, mãe? Deixa de ser chata, dona Forbes... Tudo bem. Sim, ela está aqui. Vou passar para ela.

Ele me entrega o telefone e fica me fuzilando. Dona Katherine ligou em um momento certo.

— Dona Katherine?

~Olá, querida. Como estão as coisas?

— Estão tudo bem, dona Katherine.

~Tem certeza?

— Bem, na verdade, eu queria lhe pedir algo...

~Pode falar, querida...

— Eu gostaria de pedir se posso levar o Matt para passar uns dias lá em casa?

— O que? Eu não quero isso! — ele resmunga e tenta pegar o telefone.

~Pode sim, Emmanuela.

Logo, ele pega o telefone e desaparece da minha frente. Eu queria estar com Savannah. Tê-la por perto me deixava calma.

— Parabéns! Você ganhou. Infelizmente, tenho que ir à sua casa — ele diz, colocando o telefone no lugar.

— É sério isso? — pergunto, contente.

— Sim, mas a gente foi para lá uns dias atrás. Você tem certeza? — ele pergunta, sem expressão. Judith estava limpando a sala e nos observando.

— Dona Judith, depois que limpar a casa, você pode ficar uns dias em casa? — Matt diz, e me surpreende.

— Sério mesmo, senhor McVay? — pergunta ela, com um sorriso sincero.

— Sim, mas dez dias — ele diz, e começa a subir as escadas.

— Obrigada, Matt — grito e vou ajudar Dona Judith.

Depois de mais alguns minutos, ela está partindo com sua roupa de trabalho, toda feliz. Me despeço dela e vejo Matt com suas malas, colocando-as em seu Audi A4. Tenho que agradecê-la por isso. Ele sabe que eu quero muito ficar com Savannah. Sigo em sua direção. Ele fecha a porta do porta-malas, e, enquanto pego-o desprevenido, abraço-o.

— Eu sei que isso é um sacrifício para você, mas enquanto eu puder, queria ficar perto dela — digo, ainda o abraçando.

— Nós vamos, mas você vai ter que me escutar quando eu falar as coisas.

Concordo enquanto o largo, mas ele me surpreende dando um beijo roubado.

— A partir de hoje, se eu quiser te beijar eu posso. Quando eu quiser te tocar, eu posso... Não tente dizer que não, pois eu preciso disso — ele diz, mas eu não entendo. Desta vez, ele não ri, nem debocha. Ele está falando sério. Dá para perceber. — Você está pronta para ir?

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora